Alguns itens como parabenos, corantes e fragrâncias podem acionar gatilhos e desencadear uma reação local indesejada e agravar os sintomas já existentes -  (crédito: Freepik)

Alguns itens como parabenos, corantes e fragrâncias podem acionar gatilhos e desencadear uma reação local indesejada e agravar os sintomas já existentes

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Quem nunca viajou para descansar a mente e corpo e parece que voltou mais estressado, pois sua pele esquece da parte do “relaxar”? Pessoas com pele sensível muitas vezes ficam mais estressadas só de pensar em sair da rotina, entrar em contato com mar, piscina, sol… ficar de roupas de banho, então? Nem pensar! E se o destino for montanhas, serra, frio, tomar um vinho em altas altitudes? Só de imaginar o contato com ar rarefeito, baixa umidade, roupas de lã com cheiro de guardadas e consumo de álcool, a urticária já ataca!


Não tem para onde correr. Para portadores de peles sensíveis, tudo que envolve uma viagem pode ser um fator para desencadear uma nova crise, vermelhidão ou descamação, incluindo a ansiedade de pensar em tudo que pode acontecer durante a viagem, ou no possível julgamento de outras pessoas com o aspecto que sua pele já está ou pode ficar durante a viagem com amigos e família. 


Já bem definida pela Sociedade Portuguesa de Dermatologia: “A pele é um órgão essencial para a sobrevivência humana, já que atua como barreira protetora contra agentes do meio ambiente”. Seja qual novo ambiente você estiver, a pele estará sofrendo os impactos da mudança de ambiente e tentando se adaptar às novas condições para nos proteger. Impactos esses que são mais intensos em portadores de peles sensíveis que, mesmo com todos os cuidados, têm maior propensão em sentir na pele as alterações da mudança de ambiente em uma viagem.

 

 

A exposição a diferentes condições climáticas, que podem variar de temperaturas extremas a altos níveis de umidade ou ar seco, desencadeiam reações, como o ressecamento e vermelhidão. Além disso, a mudança de ambiente e a exposição à poluição atmosférica também pode agravar alguns sintomas ao introduzir partículas finas e poluentes químicos na pele, desencadeando o estresse oxidativo, característico de uma pele inflamada. Adicionalmente, vale destacar o ambiente hoteleiro com os seus produtos de cuidados para a pele como sabonetes. Muitas vezes, estes se encontram sem as informações necessárias de composição, representando um sério risco para pessoas com a pele sensível.

 

Alguns itens como parabenos, corantes e fragrâncias podem acionar gatilhos e desencadear uma reação local indesejada e agravar os sintomas já existentes. Por isso, é muito importante manter os produtos pessoais adequados para a pele, sempre ao lado, em quantidades suficientes para o período da viagem e adequadas para ajudar a pele a manter o equilíbrio de acordo com as características da região que irá visitar.


Um exemplo disso, é a relação da nossa pele com um belo dia de praia. Ao ir se refrescar no mar, o contato com a água salgada pode desencadear um desequilíbrio osmótico na pele, fazendo com que haja maior saída de moléculas de água presente na sua pele e resultando em ressecamento e uma sensação de desconforto. Além disso, o sal presente na água do mar, em conjunto com a luz do sol, pode desencadear reações alérgicas e irritações na pele, representando sérios gatilhos para pessoas com dermatites. Além disso, a exposição excessiva ao sol sem a devida proteção pode causar queimaduras solares, inflamação e ativação exacerbada das células que produzem melanina - os melanócitos - resultando em manchas escuras na pele, conhecidas como melasma ou hipercromias. 


A condição contrária das manchas escuras são as hipocromias, ou seja, regiões na pele de cores mais claras que o tom normal do fototipo do indivíduo. Portadores de doenças de pele caracterizada por hipocromias, como ocorre com pacientes com vitiligo e albinismo, também devem redobrar o cuidado quando tiverem que se expor ao sol. A melanina é uma proteína escura imprescindível para a proteção do material genético que se concentra dentro do núcleo das nossas células. Sem a produção adequada dessa proteção, o DNA dos portadores de vitiligo e albinismo ficam mais vulneráveis às ações deletérias dos raios UV's provenientes da luz solar. Danos no material genético podem desencadear sérios problemas, desde acometimentos agudos, como queimadura solar, até acometimentos crônicos, como o câncer de pele.


Sejam agudos ou crônicos, os agravos nas diferentes condições de peles sensíveis podem ser diagnosticados, mensurados e tratados. Entretanto, os aspectos que fogem da esfera física e comprometem os pacientes na forma emocional, são aqueles de mais difícil diagnóstico e de maior capacidade de prejuízo na condição de pele que é psicossomática. Os relacionamentos sociais tão fortalecidos durante uma viagem podem se tornar um verdadeiro pesadelo para pacientes com lesões de pele. A sensação de vergonha e medo da discriminação são emoções constantemente experimentadas por essas pessoas.

 

A falta de informação sobre a não transmissibilidade da maioria das doenças de pele agrava esse aspecto negativo das relações sociais que são pautadas pela ignorância daquele que discrimina. Seja qual for a causa, sofrer discriminação é passar por uma situação de estresse psicológico com consequente liberação do hormônio do estresse: o cortisol. Na pele, a ação do cortisol tem efeito direto sobre o sistema imunológico e sobre os processos inflamatórios, agravando os casos de desequilíbrio da fisiologia normal e função barreira da pele.

Portanto, ao pararmos para nos debruçar e refletir sobre momentos de viagens dos portadores de pele sensível ficam três principais ações que devemos disseminar:

1. Cuidado diário com a pele durante a viagem, sem esquecer do uso de protetor solar, hidratantes de efeito anti-inflamatório e sabonetes hipoalergênicos

2. Levar conhecimento para as pessoas sobre as condições de pele que não são transmissíveis ao contato

3. Curtir muito e não deixar o estresse pegar carona nessa bagagem! Boa viagem!