Bastante criticados, os campeonatos estaduais seguem no calendário do futebol brasileiro. Ainda que sem o prestígio de outros tempos, não tenho escutado dirigentes de clubes ou SAFs falando em acabar com eles. Ao menos não como anos atrás.
Alguns usam essas competições para preparar equipes e fazer testes, outros para tentar ganhar ritmo de jogo e/ou entrosamento rápido. Há ainda os que jogam para valer em busca daquela que pode ser a única possibilidade de título da temporada.
Independentemente da motivação, todos são afetados pelos resultados. Os que se dão bem logo de cara costumam sair na frente dos concorrentes, desde que não se deixem enganar pelo baixo nível técnico da maioria dos adversários.
Já quem enfrenta dificuldades começa a ser cobrado antes da hora. Mas devem se preocupar mais em entender o que está acontecendo do que com as críticas por não obterem os resultados esperados.
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Como costuma dizer o ótimo comentarista Edu Panzi, com quem já tive o prazer de trabalhar, os estaduais “dão sinais”. Se seu sistema defensivo sofre gols em quase todos os jogos, mesmo contra aquele time de pior ataque do campeonato, há de se repensar as peças e até o sistema como um todo. Já se o ataque não é capaz de dar muito trabalho ao goleiro e aos defensores adversários, também há problemas.
Por outro lado, sofrer poucos gols e ir às redes várias vezes, ganhando quase todas as partidas, não significa que está tudo ok com o time do coração. Há muitos fatores mais importantes a serem avaliados nestes dois primeiros meses da temporada.
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O difícil é o dirigente, seja ele de associação ou de sociedade anônima, ter esta consciência. Muitos não suportam a pressão dos torcedores, trocam treinador, negociam ou dispensam jogadores, vão ao mercado em busca de reforços. Outros se iludem com os resultados, muitas vezes obtidos sobre adversários muito ruins ou contando com boa dose de sorte, e não cobram evolução.
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Bem utilizados, os estaduais podem servir como a pré-temporada perfeita, pois a equipe pode se preparar já ganhando ritmo de jogo e competitividade. Além disso, significam um valor razoável entrando nos cofres, incluindo direitos de transmissão e bilheterias nos clássicos e nos jogos decisivos.
Caça às bruxas
Um exemplo de como o estadual pode atrapalhar um planejamento é o Cruzeiro. Além de a diretoria cometer muitos erros desde o fim do ano passado, a torcida começa a procurar culpados após a eliminação para o América nas semifinais do Campeonato Mineiro.
Os laterais William e Marlon, que não converteram suas cobranças na disputa de pênaltis contra o Coelho, estão entre os mais criticados. Logo eles, que foram contratados na gestão passada da SAF, que ajudaram a reerguer o clube, que ganham menos que alguns dos que chegaram agora à Toca da Raposa II.
Felizmente, para os cruzeirenses, a informação que chega é que o técnico Leonardo Jardim não quer a saída dos dois. Resta saber se os dirigentes vão atendê-lo.