Paulo Galvão
Paulo Galvão
Jornalista formado pela PUC Minas
DOIS TOQUES

Todo tipo de racismo deve ser combatido

Não podemos suportar o comportamento de torcedores imitando macaco a cada vez que um time brasileiro disputa uma partida de competição continental fora do país

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Comportamento abominável, infelizmente o racismo se faz presente no futebol, assim como no restante da sociedade. Mas causa revolta quando ele parte de quem deveria combatê-lo, caso do presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, segundo o qual a Copa Libertadores sem os clubes brasileiros seria como “Tarzan sem a Chita”.

A analogia inicialmente me soou apenas infeliz, ainda mais por ter sido dada em resposta a questionamento de um repórter durante o que pareceu ser uma descontraída conversa. Também levei em conta o fato de o próprio dirigente ter condenado a discriminação racial durante seu discurso na cerimônia que sorteou grupos das copas Libertadores e Sul-Americana, na noite da última segunda-feira, em Luque, no Paraguai.

Porém, um companheiro de trabalho há mais de duas décadas me fez mudar de ideia. Cheguei a contra-argumentar, mas ele foi enfático e abriu meus olhos: “Foi um ato falho, basta reparar no sorriso cínico que ele dá após a resposta”.

O experiente profissional tem toda razão. Desde então, ouvi e li muito a respeito do assunto e realmente não dá para deixar de reprovar as palavras do cartola paraguaio, que se mostra bem-educado na hora de fazer discurso, mas que talvez tenha sido traído pelas próprias convicções.

Felizmente, os clubes brasileiros também entenderam como equivocada a postura de Domínguez e de alguns dirigentes e jogadores dos nossos vizinhos sul-americanos, que minimizam atos racistas. Não podemos suportar o comportamento de torcedores imitando macaco a cada vez que um time brasileiro disputa uma partida de competição continental fora do país. Nem que a Conmebol seja tão frouxa nas punições e, pior, ainda fique com o dinheiro proveniente das multas que ela mesmo aplica e que não mudam em nada o triste panorama.

Que o mandachuva do futebol sul-americano mude o comportamento e passe do protocolar pedido de desculpas para ações concretas contra o racismo. Ou vamos continuar permitindo que alguns se comportem como selvagens?

Comece tirando pontos dos clubes cujos torcedores tenham comportamento inadequado. Tenho certeza que será mais eficiente que a punição monetária.


SELEÇÃO

O Brasil volta a campo esta noite para enfrentar a Colômbia, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, pela 13ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. Na próxima terça-feira, o adversário será a Argentina, que lidera a disputa com sete pontos de vantagem, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.

São duas pedreiras que podem aliviar a barra do técnico Dorival Júnior e de seus comandados. Mas que também podem mandá-los de vez para o purgatório.

Gosto muito do trabalho do Dorival, que acompanhei de perto durante sua passagem pelo Atlético, entre 2010 e 2011. Ele entende bem a cabeça dos jogadores e conhece de futebol, tanto que em seu currículo constam títulos importantes, como o bi da Copa do Brasil em 2022 (Flamengo) e 2023 (São Paulo), além da Libertadores de 2022, pelo rubro-negro carioca.

Só espero que tenha entendido que na Seleção não há aquele contato diário com os jogadores, como acontece nos clubes, não dá tempo de treiná-los para exercer funções que não estão acostumados. O melhor é procurar escalar cada um para executar as mesmas funções que eles estão desempenhando com destaque em seus clubes.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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