Para a estudante, Nikolas nunca usa influência em prol da população, apenas de seus próprios interesses, de seu partido e de seus apoiadores -  (crédito: ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS)

O nome de Nikolas Ferreira chama atenção dentre os deputados que são a favor da escala 6x1

crédito: ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

Todo mundo que acompanha a política nacional sabe que Nikolas Ferreira foi o deputado federal mais bem votado nas últimas eleições. O que muita gente, provavelmente, desconhece é que o jovem deputado foi criado e residiu durante a maior parte da sua vida em uma das maiores ocupações populares da capital mineira. Isso mesmo, Nikolas Ferreiras é favelado, portanto cria da Cabana do Pai Tomás.


A Cabana do Pai Tomás se destaca por ser uma das favelas mais populosas do município de Belo Horizonte. Com aproximadamente 14.704 moradores, é uma das maiores e mais conhecidas. Essa favela localizada na regional oeste da capital mineira não só é uma das mais densamente povoada, mas também desempenha um papel importante na vida social e econômica, abrigando muitos trabalhadores essenciais para o funcionamento da cidade. O Censo Demográfico 2022, divulgado em 8 de novembro de 2024, trouxe informações detalhadas sobre as favelas de Belo Horizonte. Curiosamente, o levantamento mostrou que 78,11% dos moradores das favelas em BH se autodeclaram negros, revelando a importância de políticas públicas que promovam a inclusão social e reduzam as inúmeras desigualdades. 


 

Morando e congregando lá durante muitos anos, Nikolas Ferreira conhece a favela por dentro e portanto a entende perfeitamente. Sabe que a maioria das pessoas que residem lá são honestas e trabalhadoras. E que o índice de criminalidade presente no território é muito menor que o índice de pobreza e vulnerabilidade social. Ele cresceu vendo trabalhadores saindo da favela antes do sol nascer para trabalhar e voltando em ônibus superlotados tarde da noite. Ele sabe que não é por falta de esforço e dedicação ao trabalho que grande parte dos favelados e faveladas não "chegam lá" e sim por falta de oportunidades e políticas públicas eficientes.


O nome de Nikolas Ferreira chama atenção dentre os deputados que são a favor da escala 6x1. Isso porque ele tem uma trajetória de vida e vivência que o faz ter conhecimento do quanto é desumano, insalubre e cruel tal situação de trabalho. Ele sabe o esforço que as irmãs e irmãos da igreja que ele congregava no Cabana tinham que fazer para se desdobrarem trabalhando em tal escala. Escala essa que não é exceção na favela e sim uma regra. 


Eu pergunto a vocês leitores: cadê a empatia com os ex-vizinhos, ex-irmãos e ex-irmãs da mesma congregação do passado? Cadê a empatia com os eleitores pobres já que o mesmo foi muito bem votado pelos moradores do Cabana em ambas eleições que foi candidato. Pois é, a empatia não existiu porque na hora de se posicionar ele esqueceu que era favelado e ficou contra a melhoria profissional que beneficia pobres e favelados. 


 

Eu uma colunista de diversidade estou fazendo esse texto porque passei toda minha infância e adolescência correndo e brincando pelos becos e vielas da Cabana do Pai Tomás, favela em que minha mãe nasceu, foi criada e saiu de lá para casar. Território que a minha família materna ainda reside. Escrevo esse texto porque a pobreza tem cor, a base da pirâmide salarial também, e é em sua maioria negra, assim como a maior parte dos favelados de BH como citei anteriormente.  E a política também tem cor e gênero e se parece muito com o perfil do Nikolas Ferreiras, homem e branco. Que na primeira oportunidade que tem, prefere se posicionar contra os trabalhadores. A não assinatura do Nikolas não é por preconceito, falta de conhecimento ou elitismo, é perversidade mesmo. 


Ele se diz preocupado com o desemprego, com a geração de custo para as empresas e nas suas redes sociais chamou a proposta de populista. Uma proposta que propõem que os trabalhadores possam descansar mais de um dia por semana para ele é populista. Justo ele que viu inúmeras mães saindo para trabalhar todos os dias e tendo um único dia para lavar roupas, faxinar a casa, levar os filhos ao médico, acompanhar a trajetória escolar, descansar, ir ao culto e muitas vezes até estudar para se capacitar para um emprego melhor.


A  Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir a duração da jornada de trabalho, precisava de 171 assinaturas de deputados federais para tramitar e conquistou o aval de 194, portanto ultrapassou a quantidade de votos necessários para tramitar na Câmara. A conquista dos direitos trabalhistas nunca foi fácil tendo em vista a última bem popular que foi a PEC das domésticas em 2016. 


 

Pensa bem gente, até 2016 as empregadas domésticas não tinham seus direitos trabalhistas regulamentados por lei com as demais categorias. E muitos deputados que se posicionaram contra tinham o mesmo papinho do Nikolas que estavam preocupados que se a classe de empregadas domésticas conquistassem direitos iriam ficar desempregadas. Antes que eu me esqueça a autora da PEC pelo fim da escala 6x1 é uma mulher preta, transexual que foi eleita democraticamente  a  deputada federal pelo estado de São Paulo chamada Erika Hilton. 



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Além de Nikolas Ferreira anota aí os nomes dos políticos de Minas Gerais  que têm o benefício de trabalhar quatro dias da semana e folgar três e não assinou pela melhoria de condições de trabalho para aqueles que se vêem obrigados a trabalhar para sobreviver seis dias da semana e folgar apenas um. Aproveita e pergunta para eles quais são as propostas de melhorias que eles estão se dedicando para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros.


  • Aécio Neves (PSDB-MG)
  • Ana Paula Leão (PP-MG)
  • Delegada Ione Barbosa (Avante-MG)
  • Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG)
  • Diego Andrade (PSD-MG)
  • Dimas Fabiano (PP-MG)
  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Dr. Frederico (Patriota -MG)
  • Dr. Mário Heringer (PDT)
  • Emidinho Madeira (PL-MG)
  • Eros Biondini (PL-MG)
  • Fred Costa (Patriota- MG)
  • Gilberto Abramo (Republicanos-MG)
  • Greyce Elias (Avante-MG)
  • Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG)
  • Igor Timo (PSD-MG)
  • Junio Amaral (PL-MG)
  • Lafayette Andrada (Republicanos MG)
  • Lincoln Portela (PL-MG)
  • Luis Tibé (Avante-MG)
  • Luiz Fernando (PSD-MG)
  • Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG)
  • Mauricio do Vôlei (PL-MG)
  • Misael Varella (PSD-MG)
  • Nely Aquino (Podemos-MG)
  • Newton Cardoso Jr. (MDB-MG)
  • Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
  • Pinheirinho (PP-MG)
  • Rafael Simões (União Brasil-MG)
  • Rodrigo de Castro (União Brasil - MG)
  • Rosangela Reis (PL-MG)
  • Samuel Viana (PL-MG)
  • Subtenente Gonzaga (PSD-MG)
  • Tiago Mitraud (Novo-MG)
  • Zé Silva (Solidariedade- MG)
  • Zé Vitor (PL-MG)