Representar a literatura brasileira no exterior é um desafio que exige dedicação, autenticidade e estratégia. Durante sua participação no VI Encontro Mundial de Literatura Brasileira, realizado em Nova York, o escritor J. D. Netto compartilhou sua experiência como um autor que escreve em inglês, mas mantém um forte vínculo com suas raízes no Brasil.

Em entrevista exclusiva, Netto destacou a importância de valorizar as próprias raízes culturais e de construir narrativas autênticas. “Eu cresci aqui [nos Estados Unidos], mas o pezinho é lá no Goiás”, comentou ele, que nasceu em Firminópolis, no interior do estado. “Quando voltei ao Brasil pela primeira vez em 24 anos, ficou claro para mim que precisamos valorizar muito as nossas vozes e o nosso potencial. A nossa mensagem tem que se manter autêntica, mesmo quando buscamos o mercado internacional.”

Para Netto, eventos literários internacionais são plataformas fundamentais para ampliar a visibilidade dos autores brasileiros e fortalecer a literatura nacional. “É uma maneira de levantar a bandeira da importância das nossas histórias. Lá fora, as pessoas gostam do que é diferente. Se fosse igual, não chamaria tanta atenção.”

Em um mercado global que está cada vez mais interessado em histórias com identidades marcantes, Netto enxerga uma oportunidade valiosa para a literatura brasileira. “Já escutei que a indústria está procurando histórias brasileiras. Existem histórias hispânicas, histórias europeias, mas cadê as brasileiras aqui?” Ele reforça que, embora o mercado exija estratégias comerciais, o diferencial está na autenticidade. “No final das contas, é um produto, mas ele precisa estar na prateleira sem perder a essência.”

Netto, que aborda temas como imigração, identidade e diversidade em seus projetos, acredita que a literatura é uma ponte poderosa entre culturas. Sua trajetória exemplifica como é possível transcender fronteiras e, ao mesmo tempo, honrar as origens. “O que temos em nós é muito bom. Não podemos ter medo de colocar a boca no trombone e contar nossas histórias”, concluiu o autor.

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