Vândalos travestidos de torcedores jogaram bombas no gramado e uma delas atingiu o fotógrafo de campo Nuremberg José Maria, de 67 anos. O explosivo destruiu seu sapato, quebrou três dedos de seu pé direito e rompeu um tendão. Melhor fez o homem-bomba na Praça dos Três Poderes, que explodiu a si próprio.
Vândalos travestidos de dirigentes de futebol, CEOs e investidores de SAFs usaram o sistema de som da arena pra tocar o hino do Galo no último volume, de modo a atrapalhar a justa comemoração do adversário, que só não aplicou a mais vexaminosa das goleadas porque Éverson é hoje, disparado, o melhor goleiro brasileiro em atividade. Nunca o hino do clube foi usado de forma tão vil.
No setor Norte, um grupo de torcedores de verdade tentou puxar o hino ao final do jogo. Sonharam com o incrível recebimento transformado agora num encerramento monumental e histórico, com todas as 40 mil bandeiras a lembrar que estamos numa final de Libertadores – e, sobretudo, lembrar quem somos: a torcida que cantou o hino quando o time caiu, numa das cenas mais emocionantes da história do futebol. Foi ali, no canto de 60 mil pessoas, que a gente começou a subir.
Mas... Vândalos travestidos de dirigentes, CEOs e investidores de SAFs acharam por bem aumentar ao máximo o volume das caixas de som, e acabaram por abafar aqueles verdadeiros torcedores. Inacreditável que essa atitude dos vândalos tenha se dado depois que a confusão já havia se iniciado, aos 37 minutos do segundo tempo, de modo a jogar ainda mais gasolina no incêndio.
Os vândalos travestidos de dirigentes, CEOs e investidores de SAFs não sabem perder, a ponto de colocar famílias, mulheres e crianças em risco real de serem vítimas de uma tragédia. O Criolo é que tem razão: “Meninos mimados não podem reger a nação”.
Foram os mesmos vândalos que retiraram as portas dos banheiros femininos em um clássico contra o Cruzeiro. E a água do setor visitante no jogo de domingo. O homem-bomba de Brasília não é um “lobo solitário” – passou anos sendo conduzido ao extremismo e incitado ao ódio. Aqueles que praticaram a tentativa de homicídio contra Nuremberg José Maria também foram incitados à violência. E puderam entrar tranquilamente na arena com as armas do crime. Onde estavam os “700 seguranças privados” e as “350 câmeras de segurança” noticiados pela CNN? Pelo visto, só o Mossad na causa.
Consumidores travestidos de torcedores são sempre vândalos em potencial. Afinal pagaram caro para ver o espetáculo (mais de 10 milhões de renda!), e se sentiram lesados pelo placar adverso, ou seja, compraram gato por lebre, o produto estava avariado. Não havendo um SAC nem um Procon, um desses consumidores travestidos de torcedores deixou registrada sua insatisfação mostrando a cor de sua pele. Seria melhor alvo das bombas do que Nuremberg – aliás, um negro que trabalhava enquanto o branco era racista.
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Vândalos travestidos de policiais militares não incomodaram nenhum racista. Mas, a propósito de atacar os vândalos travestidos de torcedores, atiraram gás e balas de borracha indiscriminadamente nos vândalos e nos torcedores de verdade, potencializando o pânico e botando todos pra correr. Inclusive os que aproveitaram pra fugir quando poderiam simplesmente ter sido presos em flagrante. Meu filho de 16 anos foi quem acudiu e retirou da arquibancada uma senhora de idade que não conseguia respirar.
Enquanto tentávamos escapar de ambos os vândalos, um ladrão travestido de vândalo levou meu celular. O ingresso para a final da Libertadores estava no aplicativo da Conmebol, no telefone. Comprei outro aparelho mas é impossível fazer login no app.
Os vândalos travestidos de Conmebol exigem que o login seja feito “no aparelho anterior”. Atenção: se você vai à final, saiba que está andando com um tíquete de papel no bolso até o dia 30. Se puder, guarde o celular num cofre! E não se espante se ouvir a notícia: “Vândalo travestido de colunista do Galo faz visita à sede da Conmebol”.
Foi um dia pra esquecer, mas é melhor não. Melhor lembrar e ter consciência do que estão a nos tornar. Vândalos travestidos de dirigentes, CEOs e investidores de SAFs anunciaram o custeio da cirurgia de Nuremberg José Maria. Antes, porém, ele teve de promover uma rifa (uma rifa!) pra pagar a conta do hospital. Foi só depois do sucesso da rifa que os vândalos se lembraram dele. Nuremberg, acredite: nós não somos isso aí. Em nome do verdadeiro torcedor, pedimos as mais sinceras desculpas.