Agora mudou tudo. O botafoguense taciturno e macambúzio rasgou a fantasia e anda por Buenos Aires como uma libélula, saindo das bocas de lobo, brotando do asfalto, emergindo de prostíbulos e gafieiras. Deixou a intelectualidade de lado, abandonou os museus e livrarias, e agora se imiscui entre a atleticanada louca.
A atleticanada, por sua vez, estava toda no Malba, o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na quarta à tarde. Depois de conseguir perder para o Juventude e de ver o Botafogo atropelar o Palmeiras, o pessoal foi apreciar o Tunga, a Frida Kahlo e o Abaporu, todo mundo introspectivo e mudo, a analisar os movimentos artísticos. Tudo culpa dos Amigos do Rubens.
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Na noite anterior, nos reunimos todos na Parrilla de Jesus, em Abasto, onde morava Carlos Gardel. Nessa parrilla abrasileirada, com o piso de Copacabana e tudo, funciona o Consulado do Galo em Buenos Aires, não muito distante da ArgenFogo, onde os inimigos se reúnem. Foi tamanha a balbúrdia, que os argentinos residentes na rua passaram a atirar baldes de água das janelas.
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Com os dizeres de sua enorme faixa, o pessoal da Galosofia tentava explicar aos portenhos o que se passava lá embaixo: “GALO, LOGO EXISTO”. Então começaram os jogos e, aí sim, o balde de água fria. Amigos do Rubens naquela sofrência, aquele arranca-toco danado, pobre do Milito. Aí mudava o canal e tava lá o inimigo no baile. O jeito foi garrar na bebedeira: GOLO, LOGO EXISTO. Comprar Brahma e pagar Moet Chandon, meu Deus, o combo do Big Mac custa R$ 80. Puerra, Milei!
Dia seguinte, pois, todo mundo escondido no museu. Mas isso foi só pela manhã, até curar a ressaca. Fim de tarde já tava nóis reunido de novo numa certa Casa da Massa, traçando novas estratégias, adaptando a realidade à nossa condição de atleticanos patológicos.
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Em suma, mais ou menos o seguinte: foi melhor o Botafogo ganhar, porque assim vão entrar relaxados no sábado. Foi melhor a gente perder, porque agora não há clima pra jogar de peito aberto. O negócio é armar o ferrolho e ganhar a parada numa casquinhada de bola do Deyverson, uma falta do Hulk, umazinha que vai sobrar pro Paulinho, a cabeçada do Bataglia contra o São Paulo, o Rubens de bicicleta.
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Vamos ganhar só um jogo no resto do ano! 13 jogos e uma vitória. 13 é Galo! Hasta la victoria siempre! E então celebraremos no Obelisco, aquele Pirulito da Praça Sete melhorado. Gaaaaaalooo!!!