Fred Melo Paiva
Fred Melo Paiva
DA ARQUIBANCADA

Leila Pereira, o Tarzan sem Chita e o Galo campeão

Registre-se que, depois de duas semanas sem Galo, e nem férias são, a crise de abstinência torna-se potencialmente perigosa

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Um amigo diz que sou espécie de bardo atleticano, um registrador da história que, em tempos idos, era poeta e declamador. De bardo só reconheço o Chatotorix, da aldeia gaulesa de Asterix e Obelix. À exceção dos bolsominions, espero não chatear ninguém.

 

 

Registre-se, pois, que fomos campeões. Hexacampeões! Registre-se que o fato, ocorrido no sábado passado, corresponde à 19ª vez consecutiva em que chegamos à finalíssima do Campeonato Mineiro, a sexta seguida em que levantamos a taça. Conosco ninguém podosco!

Registre-se que poderíamos ter vencido de forma invicta, como em 1976, conforme denuncia um velho boné que ganhei quando eu era menino, comprado pela minha avó na rodoviária de Araxá. “Campeão invicto 1976”, lê-se. Ao lado, um autógrafo de Toninho Cerezo colhido na Savassi em 1978, logo depois da tragédia que definiu o campeão de 1977 – em que fomos vice, invictos.

 

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Acontece que no sábado entregamos a paçoca e saímos derrotados embora campeões. Foi a chamada água no chope, que particularmente me pareceu bem-vinda. Cansei de comprar fichas de chope e de água, e acordar no outro dia com o bolso cheio de fichas obsoletas, adivinhe quais. No domingo, a água veio inclusa no chope.

Depois do hexa, só nos resta perseguir o deca. O único deca, conforme explicou o presidente do América, é o América. Mas, por essa época, José tava na boa trabalhando na marcenaria, ocasião em que se apaixonou por Maria – entre todas a mais bela de toda a sua Galileia. Depois da Idade da Pedra, o Galo Deca seria inédito. É como disse o Afif Domingos (realmente tô ficando velho), juntos chegaremos lá.

Registre-se que, em razão da selecinha, estamos sem Galo desde o Galo campeão. Convocaram o Arana e o Neymar está machucado. Razão pela qual decidi assistir ao arranca-toco de quinta passada, a vitória sobre a Colômbia. Como liderança do Movimento Corrente Pra Trás, contra a CBF sempre, exerci a minha já tradicional torcida contra, sem abdicar do fervoroso apoio a Guilherme Arana.

 

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Deu errado, registre-se. O Brasil ganhou e o Arana perdeu um gol feito, além de esborrachar-se, na sequência, contra a trave. Há o pé-torto, mas também o cabeça-torta, caso de Arana naquele lance. Mas que importa mesmo ao atleticano é saber se tudo bem com as costelas depois do abalroamento. Arana, tenha dó, não vá me entrar em nenhuma dividida contra a Argentina, o mais prudente é tirar o pé. Foco no que importa: a estreia no Brasileirão, sábado que vem.

Registre-se que, depois de duas semanas sem Galo, e nem férias são, a crise de abstinência torna-se potencialmente perigosa. Há notícias de uma mãe que teve de amarrar seu filho ao pé da cama, de modo a evitar que saísse às ruas atrás de jogo do Galo. “Mais uma dose, é claro que eu tô afim”, disse um atleticano ao saber da possibilidade de torcer pro Galo no sorteio da Sulamericana. “Por que a gente é assim?”

A propósito, findo o sorteio, o presidente da Conmebol achou que era boa ocasião para mostrar ao mundo o saco de bosta que vem a ser a sua pessoa e a entidade que comanda. Libertadores sem Brasil, disse ele, seria como “Tarzan sem Chita”. Um paraguaio racista. Tipo aquele skinhead negro preso com objetos de propaganda nazista no Capão Redondo. O racista da Conmebol será preso se ingressar no Brasil?

É possível que a fala de Alejandro Domínguez tenha sido uma resposta ao fato de a presidenta do Palmeiras, Leila Pereira, ter se recusado a participar do sorteio em razão da complacência da Conmebol com o Cerro Porteño no caso Luighi. Agora, Leila quer fazer do episódio um motivo para a união entre as duas ligas do futebol brasileiro, de modo a criar uma estrutura realmente forte, capaz de bater de frente com essa raça de arianos puros que comandam o futebol sul-americano.

 

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Registre-se: Leila Pereira é, de longe, a melhor dirigente do futebol brasileiro. Que inveja. Foi dela a costura para a assinatura de carta conjunta das ligas e clubes brasileiros pedindo providências à FIFA com relação ao racismo. Registre-se para a história: o único clube a não assinar a carta foi o Flamengo. O Flamengo, de Vini Júnior.

Sem o Galo, o nosso Rivotril Litrão, vou ali dar uma suicidada e já volto. Fogo nos racistas e até o sábado que vem!

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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