Viajar para o Chile envolve conhecer vinícolas e vivenciar experiências em meio às uvas, aos processos de produção de vinhos e claro, às diversas possibilidades de harmonização. Os sabores surpreendem, tanto em grandes vinícolas, como em vinícolas menores e familiares.
No final de novembro estive no Chile e decidi que queria fazer valer algo que inclusive comentei recentemente por aqui quando destaquei pousadas mineiras focadas em gastronomia de qualidade, para que os hóspedes não precisem sair de lá.
Na minha busca, lembrei do Vik Chile, hotel-vinícola que eu conheci alguns anos atrás, enquanto folheava, acredite, uma revista de arquitetura. O local é referência em arquitetura, tanto pelo padrão futurístico da construção, quanto pelos aspectos do design, da arte e da sustentabilidade.
Para você ter uma ideia, o teto é de titânio e simula as montanhas e vales que estão no entorno da propriedade que tem ao todo 4.500 hectares. A estrutura é aberta e a natureza é o centro, então está em destaque em todos os ambientes e cômodos, ela nunca está tampada.
Decidi viver aquela experiência que constava na minha lista e para a minha surpresa, encontrei por lá muito mais que vinhos, não que eles sejam pouca coisa.
O Vik Chile está localizado no Valle de Millahue, região que fica a aproximadamente duas horas de Santiago. A palavra Millahue, na tradução para o português representa “lugar de ouro”, e o Vik visa traduzir todo esse “ouro” por meio de suas experiências e do seu vinho, com um terroir característico, que mistura terra, clima e alta tecnologia na produção.
Não é à toa que a vinícola, inaugurada no ano de 2006, antes da decisão da construção do hotel, que só aconteceu no ano de 2014, já conta com vinhos premiados e está na 8ª posição na lista de melhores vinícolas do mundo de acordo com o World’s Best Vineyards 2021.
No passeio conhecemos todo o processo de produção dos vinhos, da colheita até o envase, que como mencionei anteriormente, envolve muito conhecimento dos enólogos e o uso de alta tecnologia.
Inclusive, a título de curiosidade, o design da adega foi pensado com um teto transparente de tecido extensível, o que possibilita a entrada de luz natural, garantido que toda a operação seja realizada sem o uso de luz artificial. E mais: lá você encontra a única vinícola do Chile que produz a própria barrica e o processo também é apresentado ao longo da visita.
Mas o verdadeiro ouro está escondido na Sala de Degustação, que conta com um altar de vinho, onde podemos provar os blends que estão escondidos em garrafas repletas de sabor e de arte.
O vinho mais famoso e premiado da vinícola é o Vik. Ele é desenvolvido a partir de um blend de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Carmenère e Merlot, e é extremamente complexo e elegante.
Além do Vik, a vinícola produz o Milla Calla, um vinho sutil e equilibrado, com cor rubi-vermelho, um brilho profundo e aromas de frutas maduras e vermelhas, incrivelmente vibrantes, e o La Piu Belle, fresco, puro, com um aroma agradável e um equilíbrio perfeito de amoras e ameixas. O rótulo também impressiona: uma obra de arte que representa a deusa de Millhahue.
Outros blends são vendidos apenas em produções pequenas e limitadas, ou servidos em degustações e harmonizações nos restaurantes. E falando em restaurantes, chegamos no segundo ponto dessa conversa: a gastronomia!
No passeio da vinícola, que pode ser realizado em um dia, você pode incluir na sua experiência um almoço no restaurante Pavilion, que tem a proposta de uma cozinha da horta para a mesa. Lá o Chef Pablo Cáceres retira os ingredientes da horta todos os dias, e serve na companhia de carnes de qualidade e de produção local.
Outra opção é o Milla Milla, que fica localizado dentro do Hotel Vik Chile, e trabalha com um menu degustação preparado pelo chef, que cria sequências com o objetivo de surpreender os hóspedes do hotel e os clientes em geral. O menu muda diariamente e a intenção é que você não escolha, apenas viva.
Não vou descrever o menu do meu almoço e do meu jantar, afinal, eles foram desenvolvidos exclusivamente para aquela noite, mas posso afirmar que cada garfada envolveu uma explosão de sabores e texturas. Impossível não conferir destaque, contudo, ao tomate cozido por 12 horas em fogo baixo, servido com um pistache.
Eu tive a oportunidade de conhecer o Pablo e conversar com ele sobre o trabalho realizado por lá. Ele disse algo marcante: “eu não trabalho em uma cozinha de hotel, eu sou um chef de mais de um restaurante”. E eu tive que concordar!
Nem sempre reconhecemos a qualidade das cozinhas dos hoteis, mas para Pablo, que está à frente dos restaurantes e também da horta da Vik, a cozinha é arte e no hotel o desafio é ainda maior: “é preciso servir de forma esplêndida do café da manhã ao jantar, e mostrar que em todas as ocasiões o sentar à mesa é levado a sério”.
A intenção dele ao servir é fazer com que os clientes descubram ingredientes produzidos no Chile, mas elaborados com técnicas, conhecimentos e inspirações mundiais. Para ele, que já trabalhou em cozinhas de restaurantes estrelados na Europa, a graça de trabalhar com gastronomia é combinar experiências, vivências e histórias, sem se limitar às barreiras geográficas.
A verdade é que se você optar por fazer um passeio até o Hotel Vik e se hospedar por lá uma ou duas noites, você pode vivenciar tudo isso e um pouco mais. Eles oferecem piqueniques, visitas à horta, spa de vinhos e muito mais.
Chamou minha atenção o fato de que tudo é pensado para casais ou para famílias com crianças. Inclusive, existe uma degustação de sucos de uva, preparados exclusivamente para os pequenos.
Com 22 quartos, cada um com uma designer diferente, e experiências que já colocaram o hotel entre os melhores hoteis do mundo em região de vinícolas, posso considerar a opção de visitar o lugar, pelo menos, 22 vezes. Concorda?
E inclusive, para não dizer que por lá você só come, faça também passeios a cavalo ou de bicicleta. Com o visual do local, certamente será inesquecível.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Isabela Lapa | O melhor de Minas Gerais (@coisasdemineiro)
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