Falei na semana passada sobre o evento produzido pela AsBEA-MG (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, seção Minas Gerais) tratando de Regeneração Urbana.

 

O tema central foi "O Centro como oportunidade de desenvolvimento da Cidade", quando foram ouvidos, dentre várias ótimas cabeças, Rafael Quick (da Cervejaria Viela e Forno da Saudade) e Santiago Uribe, colombiano e um dos agentes por trás do salto civilizatório e urbano que Medellín experimentou nos últimos 30 anos.

 

Acredito que a AsBEA disponibilize, no devido tempo, o conteúdo integral de todas essas palestras. Posso garantir que valerá a pena assistir a cada uma - e todas - as palestras.

 



 

Em comum nas experiências de Rafael Quick e Santiago Uribe, projetos e realizações concretas, tangíveis, a partir de pessoas e da comunidade, numa construção sempre coletiva, cidadã no melhor entendimento do termo (sem vinculação política, partidária ou identitária). Cidadãos se reunindo, e realizando.

 

O melhor de uma sociedade, criando a partir de muito pouco, ocupando as lacunas, preenchendo os espaços, criando vida, irradiando animação e coisas boas, contaminando positivamente quem se aproxima.

 

Sobre as realizações de Rafael, basta andar pela cidade nas zonas mais "lado B" para perceber a potência de uma boa ideia, sobretudo quando aplicada num tecido esgarçado e desprestigiado, provando a capacidade de reinvenção da cidade.

 

 

 

Já a experiência de Santiago em Medellín mostra, numa situação completamente diferente, a capacidade de reinvenção das pessoas, de desapego, engajamento e de construção da cidadania num nível capaz de causar vergonha pela quantidade de dificuldades colocadas por nós, pelo tempo e pelas oportunidades perdidas para elevar o nível de cidadania e atuar em nossas cidades a partir do que já temos, e realizar pouco a pouco.

 

Talvez, por alguma distorção cultural, política ou social, acreditar num "Brasil Grande" nos fez pensar que apenas soluções grandes e definitivas valham a pena. Medellín e Santiago Uribe são a prova viva de que há outros caminhos, difíceis mas possíveis.

 

 

Foi o que Anthony Ling, Editor do Caos Planejado, muitíssimo bem acompanhado por uma turma de Arquitetos, Urbanistas, Gestores Públicos, Advogados e outros interessados, todos integrantes do Caos Planejado, viram a poucas semanas em Medellín, e suas visitas estão disponíveis nos canais do Caos.


Talvez, esse seja o "admirável mundo novo" possível, de reinvenções, regenerações e revitalizações de tecidos esgarçados, com muita construção coletiva (não estou falando de "coletivismo", mas de colaboração, de "remar juntos para o mesmo lugar").

 

Talvez, esse seja o futuro das cidades, de resgate da cidadania, de reparação do vínculo entre as pessoas, da esperança.

 

Talvez.

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