Retrofit é uma palavra que significa atualizar uma edificação existente. Pode ser uma atualização das instalações, novos banheiros, elevadores novos, recuperação das esquadrias, enfim, atualização mediante reforma.

 

Gosto mais, pessoalmente, do termo em português, regeneração, porque regeneração vai além e evoca algo como uma nova existência, vida nova ou um tipo de renascimento, seja para um prédio, seja para o Centro da cidade.

 

 

A ideia não é nova, e o Centro de Belo Horizonte vem assistindo a prédios passando por retrofit há algum tempo, e o fato de a maioria de nós sequer dar notícia reforça o entendimento de que o termo possa estar já meio gasto, evocando intervenções muito pobres, sem qualquer inspiração e que, não por acaso, não geraram até hoje qualquer impacto positivo no quarteirão, nem na região.

 

A maioria dessas intervenções dos últimos anos pode ser qualificada como um mero “tapa”, com um balcão de granito na portaria pobremente “decorada”, na reforma que acaba na demão de tinta nos apartamentos, e nas novas lâmpadas de LED nos corredores.

 

 

Não empolga, claro, e nem poderia. Um apartamento pobre e sem graça num prédio mal reformado não deixa de ser um apartamento sem graça num prédio mal reformado só por conta da publicidade e do desejo que quem se engaja nesse tipo de negócio. A realidade é uma bigorna, e um muquifo continua sendo um muquifo mesmo depois de limpo e pintado; torna-se apenas um muquifo mais caro um pouco.

 

 

Parte da explicação é bastante racional e fácil de entender: intervenções pobres, desinteressantes, sem personalidade e superficiais não empolgam, não mobilizam e atraem um público que não terá vínculo com o prédio, nem com os vizinhos, e nem com o Centro, porque não há percepção de valor, apenas de preço. Coisa de incorporador que só tem olhos para a “última linha”, o lucro.

 

O Centro não é oportunidade para fazer porcaria, apenas porque anda meio “caído” mas, ao contrário, é oportunidade para viabilizar negócios importantes onde o proprietário do prédio, o incorporador e a Prefeitura se unem e conseguem, cada parte no seu papel, viabilizar intervenções de alto nível, com valor agregado e percebido, e margens sadias e justas.

 



 

O Centro agradece, assim como todos nós, porque as cidades onde os centros pulsam são sempre melhores, mais seguras, mais interessantes e mais afeitas à criatividade e à inovação. São as cidades para as quais os jovens querem se mudar e criar raízes.

 

A Prefeitura de Belo Horizonte mirou no que viu, mas vai acertar no que viu e em muito mais, se a cidade for capaz de mobilizar bons incorporadores e seus melhores Arquitetos (não os “arquitetos-copiadora", mas aqueles que projetam prédios com alma, atemporais).

 

 

Proponho, então, ir logo mudando o apelido da lei para “Lei da Regeneração", evocando ousadia, beleza, arquitetura, design, qualidade, pertencimento, orgulho, e senso de comunidade.

 

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Conheço muito bem uma dessas incorporadoras que já está olhando para o Centro com muito carinho, e montando um portfólio de empreendimentos que vão, todos, ao encontro da visão da Prefeitura, contribuindo para que o Centro de Belo Horizonte resgate, muito rapidamente, a beleza, a densidade e a importância perdidas.

 

Junto dessa, certamente virão outras, quiçá engajadas na Lei da Regeneração, e não na Lei de Retrofit.

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