Sobre esperança e renovação
Às vezes melhora pela inércia, às vezes pelo empreendedorismo ou pela tecnologia. Em 2025, o principal driver de melhoria pode ser o medo (de piorar ainda mais)
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O ano de 2024 vai chegando ao fim, e uma voz em minha mente me diz que preciso trazer uma mensagem de otimismo e renovação nesse último texto. Otimismo e renovação para as cidades, e para a vida nas cidades.
De vez em quando, manifestamos otimismo e expressamos renovação por meio de conquistas e realizações. Outras vezes, a mensagem de otimismo surge mais pela lembrança de que o abismo está logo ali, mas que pode ser evitado quando o perigo é bem sinalizado.
Como a primeira opção anda meio difícil, meio árida, vou pelo segundo caminho, sinalizando o abismo por ser evitado com faixas de alerta, sirenes e giroscópios luminosos.
As nossas cidades podem melhorar em 2025 por que:
• O que acontece em Camboriú, fica - apenas - em Camboriú, e nenhuma outra cidade, assistindo à epidemia de prédios tão feios quanto desproporcionalmente gigantes, terá coragem de estragar daquela forma um outro litoral brasileiro (embora seja uma tentação sempre latente na cidade de São Paulo).
• Em breve, as incorporadoras que trocam arquitetura por assinaturas internacionais se darão conta de que, para além de aumentar a verba de projetos, só terão um pouco mais de curvas brancas sinuosas (a modinha do momento) e um tanto a mais de LED nas fachadas (um evidente deslumbre, que só demonstra baixo capital cultural e uma certa mentalidade de colonizado).
• Como não adianta lutar contra os fatos, já concordamos todos que mandar a população de baixa renda para bolsões de pobreza remotos a 2 horas dos empregos não é bom (e, se você acha que não há como piorar, é porque nunca visitou um conjunto Minha Casa Minha Vida esterilizando a periferia de empregos, comércio e serviços).
• O tema da densidade urbana entrou na pauta, e até os “especialistas” do Instagram já se renderam à lógica (e às evidências).
• Na mesma linha, as fachadas ativas e os “olhos da rua” caíram em domínio público (após 60 anos em domínio público no primeiro mundo, que nunca deixou de praticar e de melhorar o conceito).
• A intelligentsia de Pindorama finalmente concordou que pedestre é bom, bicicleta é bom, viadutos estragam a cidade, carros demais é ruim, e ônibus não é a mesma coisa que metrô (se conseguirmos passar das declarações às ações, no atual ritmo, estaremos salvos em mais uns 60 anos).
• As principais capitais já se mobilizaram pela regeneração de seus Centros, estimulando o retrofit e a construção de unidades residenciais, com aumento da densidade nesses setores (se tiverem o sucesso que o Rio já vem apresentando, teremos motivos para sorrir).
- Regeneração Urbana: o Centro como oportunidade de desenvolvimento da cidade
- Olhar para o Centro, juntos
• Algumas prefeituras entenderam que o seu papel é mais orientar e direcionar investimentos públicos e privados na mesma direção, ao invés de hiper regular e estrangular o empreendedorismo privado.
• Arquitetos-copiadora perdem espaço, projetos e clientes para Arquitetos-arquitetos. Arquitetos-especializados-em-aprovação perdem importância para Arquitetos-arquitetos.
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Sim, as cidades poderão terminar 2025 melhores do que terminam 2024, se os alertas funcionarem.
Oxalá funcionem.