Em meio a uma semana de fiascos desportivos e o cair da máscara de uma diretoria da SAF Cruzeiro soberba, omissa, incompetente e sem qualquer identificação com o clube que se dispôs a gerir, começou o Brasileirão 2024. Não houve tempo sequer para respirarmos com menos revolta após os dois vexames seguidos contra Atlético de Lourdes e Alianza. Lá fomos nós para a estreia contra o Botafogo, neste domingo.
A resenha sobre a vitória suada contra o time carioca por 3 a 2, como preza o mandamento do boleiro, vem carregada de muita filosofia de botequim. Então, a esse início de prosa, já servi uma porção de máximas populares: “o brasileiro tem memória curta” e “quem chega primeiro, bebe água limpa.”
Abrir o Brasileirão sem tropeçar em casa, sem dúvidas, foi um suspiro para o instante de completa descrença da Nação Azul em relação à patota de corintianos e playboys cariocas de sapatênis que conduzem a diretoria da SAF Cruzeiro. Desse ponto de vista, restabelecer uma conexão de confiança das arquibancadas com o gramado, muitas vezes, na urgência do curtíssimo prazo, vale muito mais do que os simples três pontos conquistados. Porém, quando se pensa em um torneio que se arrastará por 38 rodadas e oito meses, o feito precisa ser analisado de forma ampla e sob várias perspectivas.
Isso se dá pelo fato de estarmos vivendo um instante onde, dos 20 clubes, 19 estão dividindo suas atenções entre o Brasileirão e outra competição de extrema importância. Na Libertadores, são sete. Só na Sul-Americana, mais três. Simultaneamente na disputa das copas Sul-americana e do Brasil, outros quatro. Somente na Copa do Brasil, mais cinco. Ou seja, apenas o Vitória entrou para a rodada inaugural estando 100% focado no Campeonato Brasileiro.
Daí o destaque pelo Cruzeiro ter começado vencendo. Mais do que isso, a importância gigante de manter esse apetite por vitórias bem afiado nesses primeiros meses de disputa. “Quem chega primeiro bebe água limpa.” O momento é de foco total em conseguir dar boas goladas de pontos conquistados, pois, à medida que os times forem sendo eliminados da Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil, a tendência é que clubes com plantéis menores e de qualidade técnica questionável, como, infelizmente, é o Cruzeiro, passem a ter muito mais dificuldades para vencer.
A essa análise, podemos incorporar o segundo dito popular: “O brasileiro tem memória curta.” Dificilmente, as pessoas aprendem com os erros do passado, seja ele distante ou próximo. A estratégia de quem se beneficia disso é sempre manter o gado na zona do esquecimento ou do apagamento.
Com relação ao desempenho do Cruzeiro no Brasileirão, não podemos deixar a tragédia de 2019 se apagar da nossa memória. Assim como também devemos impedir que a vitória contra o Botafogo, chorada e só porque tínhamos um jogador a mais, sirva de cortina de fumaça para encobrir a quase tragédia de 2023.
No ano passado, por exemplo, o Cruzeiro iniciou o Brasileirão conquistando muitos pontos nas primeiras rodadas. Chegou até a disputar a ponta da tabela, para surpresa geral.
Mas a ilusão durou pouco. Os times mais poderosos financeiramente começaram a ser eliminados da Libertadores, da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Aí, a incompetência de planejamento de médio e longo prazos, inerente à patota de corintianos e playboys de sapatênis da SAF Cruzeiro, se escancarou. O plantel fraquíssimo montado por eles não conseguiu manter os bons resultados. Não fosse a pressão dos torcedores após o vexame contra o Coritiba, na capital paranaense, certamente, hoje, pela soberba e omissão, estaríamos novamente na divisão de acesso.
Amanhã teremos uma pedreira pela frente, o Fortaleza, fora de casa. O time cearense também aproveitou a primeira rodada para “beber água limpa”. Que o técnico Fernando Seabra e o nosso escrete não se contaminem pela falta de identidade da diretoria da SAF Cruzeiro com o tamanho gigante do nosso clube. A nossa torcida é para que entrem para vencer novamente. A hora é agora!