Nunca vi empresário bem-sucedido sem que sinta amor pelo seu negócio ou mesmo por ver seus clientes satisfeitos com a qualidade dos produtos ou serviços ofertados.
Deu a lógica. A vontade da maioria esmagadora da torcida cruzeirense foi feita. Agora, a SAF está com alguém que tem paixão e respeito pela história do Palestra/Cruzeiro. Um empreendedor que já deu sinais ao mercado que fará de tudo para oferecer e manter um produto (um escrete) no nível de excelência que a marca “Cruzeiro Esporte Clube” exige.
Resumindo, na linguagem dessa desgraça irreversível chamada "futebol moderno e mercantilista", agora, ao menos, temos um dono da SAF apaixonado por sua "empresa" e humilde para reconhecer que a base do sucesso do seu negócio é o respeito absoluto aos seus clientes, ou seja, a nós, os 10 milhões de apaixonados pelo Cruzeiro.
Não precisamos ir longe para ver o quanto, até aqui, a identificação dos gestores com as respectivas torcidas é ponto convergente para o sucesso dos grandes clubes. Basta analisar os times que recorrentemente têm brigado pelos títulos nos últimos anos. Dois deles são sustentados financeiramente por Bilionários do Brasil Miséria (o que, para o Cruzeiro, por sua origem operária, seria uma vergonha), mas que possuem algo positivo e vital: são torcedores alucinados dos seus respectivos “negócios”.
No caso do Cruzeiro, de um lado, é preciso sempre estar atento para que o passado das diretorias cheias de interesses pessoais e familiares (e algumas, até corruptas) não volte nunca mais. Porém, por outro, também nunca mais se repita uma SAF gerida por profissionais que não sentem um pingo de amor pelo clube; que desrespeitam o povão da arquibancada e que se fecham na redoma de vidro formada pelos mordidos pela mosca da vaidade e da proximidade com o status.
O grande desafio para esse novo momento histórico da SAF Cruzeiro, sob o comando de Pedro Lourenço, o Pedrinho, será atingir o equilíbrio perfeito entre a gestão profissional – inerente ao futebol moderno – e a paixão inegociável pelo time celeste, por sua história e pela Nação Azul.
Pedrinho precisa limpar a mancha de soberba e omissão deixada no clube pela Patota dos Corintianos e Playboys Cariocas de Sapatênis, mas, muito mais importante do que isso, tem de blindar RADICALMENTE a gestão do clube para não se contaminar com os vícios do passado pré-Ronaldo.
Respeitar a torcida não é sinônimo de abrir o clube para regalias. Ouvir a imprensa não significa praticar o jogo dos jabás e patrocínios para canais de youtubers/influencers. Contratar jogadores de qualidade não pode estar atrelado a deixar o clube refém de empresários e muito menos, das loucuras de diretores de futebol.
Que Pedrinho realmente coloque em prática uma relação democrática com a Nação Azul, mas seja irredutível do ponto de vista de garantir que sua empresa não seja carcomida por dentro.
Quanto à torcida palestrina e cruzeirense, que a euforia não nos deixe cegos novamente. Mesmo com Pedrinho, é fundamental que a Nação Azul mantenha a sua principal característica: apoiar incondicionalmente com alegria e cantando, mas sem nunca deixar de cobrar jogadores e diretoria quando sentir que os resultados administrativos e desportivos não estão vindo por falta de empenho ou incompetência.
Que não sejamos acéfalos ao ponto de engolir lorotas recentes, como a infantilidade de culpar a imprensa, quando sabemos não ser ela a responsável pela montagem de um elenco medíocre.
Que a SAF Cruzeiro seja menos camarotes e patotinhas; nunca mais nos iluda com playboys de sapatênis e para sempre esteja a serviço de proporcionar alegria e títulos para o Povão Azul.
Boa sorte e muita responsabilidade para com o nosso Cruzeiro, Pedrinho, pois sabemos... Existe um grande clube na cidade que mora dentro do seu coração.