A minha análise sobre a chegada de Fernando Diniz é direta e sem “poréns”. Gostei muito da escolha por ele para ser o nosso novo comandante. Não tenho motivos para esconder a expectativa positiva para ver o Dinizismo implementado junto ao escrete cruzeirense.
Não havia mais clima para a continuidade da sequência “morde e assopra” dos resultados alcançados pelo time sob a batuta de Fernando Seabra. Da mesma forma como também não tínhamos tempo para negociações longas ou para a aposta em novas promessas de treinadores brasileiros ou estrangeiros.
Muitos gostariam de ver técnicos que deixaram saudade recente no futebol brasileiro, como o português Luís Castro, que treinou o avassalador Botafogo do primeiro turno do Brasileirão de 2023 ou medalhões da escola sul-americana, como o argentino Marcelo Gallardo, atualmente de volta ao comando do River Plate.
Ambas seriam negociações caríssimas, difíceis e, principalmente, longas demais. Estamos no início de uma semana decisiva para o nosso futuro; para a sequência da retomada iniciada em 2022, que merece, como coroamento, a volta do Cruzeiro ao cenário do futebol mundial.
Ao mesmo tempo, caminhando para o terço final das 38 rodadas do Brasileirão, onde não podemos deixar a vaga de retorno à Copa Libertadores escorrer pelos dedos, como vinha acontecendo.
Nesse caso, tempo não era dinheiro, mas sim, pontos na tabela e classificações nos mata-matas. Fernando Diniz era a solução mais indicada, mais rápida e com menos chances de dar errado.
Além do “timing”, gosto de Fernando Diniz por ele me remeter a uma escola de futebol que o próprio Cruzeiro Esporte Clube implantou e fez dela, a sua marca a partir da segunda metade da década de 1960: a do futebol arte.
Obviamente (antes das pedradas me acertarem), não há qualquer correlação entre o esquema tático de Airton Moreira e a genialidade do escrete campeão da Taça Brasil com o estilo inovador de Fernando Diniz criado em 2016, no pequeno Audax/SP.
Mas há uma semelhança entre a Academia Celeste de 1966 e o treinador que precisa ser exaltada: o apreço pelo toque de bola. Por ter as bolas nos pés. No movimentar solidário que abrem caminhos e atalhos sejam abertos no campo de ataque, como tão bem faziam o maioral Tostão e Evaldo, “que não era de brincadeira”.
O próprio demitido Seabra é um estudioso e admirador do estilo de Diniz. “É importante a gente reconhecer como é difícil se produzir algo autêntico. Ninguém fez. O Diniz conseguiu, na trajetória dele, uma proposta singular”, comentou em recente entrevista ao Charla Podcast.
Inclusive, antes da chegada dos reforços, o Cruzeiro de Fernando Seabra (que enchia os nossos olhos e a tabela de pontos) jogava com disciplina tática em uma clara tentativa de aperfeiçoamento do esquema criado por Fernando Diniz. Fazia o revolucionário jogo de triangulações rápidas da defesa até a última linha de ataque, mas não repetia exatamente o que ele analisava como “uma falha” do seu criador: o excessivo jogo concentrado nas laterais baixas do campo.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Seabra falhou (ou falharam para derrubá-lo), mas é preciso reconhecer que existe uma segunda geração promissora de treinadores brasileiros, que muito se inspira exatamente nas teorias e práticas de Fernando Diniz. Se uma das grandes queixas em relação futebol brasileiro é a mesmice, aqui está um ponto fora da curva a ser considerado, respeitado e reconhecido.
Sai o Fernando súdito (boa sorte na próxima caminhada porque você merece). Entra o Fernando criador. Assim, seguimos em frente, pois, quinta-feira, já temos uma decisão continental a nos esperar no Mineirão. Estou com a Academia Celeste do Diniz!