“A vida é um sopro”. São muitas versões para a autoria dessa frase. Tão forte, direta e que nos faz refletir sobre como é necessário aproveitar incondicionalmente quaisquer momentos felizes, sob o risco de o tempo não ser mais generoso em repeti-lo e, assim, “deixar a vida passar”.

Tantos também são os momentos em que nós, da Nação Azul, no Mineirão, em jogos felizes, triste ou mesmo traumáticos do Cruzeiro, paramos em frente ao muro da esplanada onde a mesma frase (“a vida é um sopro”) está grafitada em um painel com o rosto do arquiteto Oscar Niemeyer, localizado próximo aos bares do setor amarelo.

 

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Quando aconteceu a tragédia de 2019, foi sentado no chão, encostado nesse mesmo painel, que vi passar, pela última vez, a maior torcedora do mundo, Maria Salomé, após a derrota para o Palmeiras. Estávamos despedaçados por dentro, enquanto bombas explodiam por todas as partes. Dois dias depois, Salomé morreu, “assassinada” pelo desgosto de ver o que a organização criminosa da gestão Wagner Nonato Machado Pires Machado de Sá havia feito com o amor de sua vida, o Cruzeiro.

Já em 2022, antes de entrar para a peleja contra o CSA, escutei um chamado para o registro de uma foto. Ao me posicionar, olhei para trás e, ao fundo, a frase junto ao rosto de Niemeyer. Entramos para o Mineirão e poucas horas depois, estávamos em êxtase, de volta à Série A. “A vida é um sopro.”

Talvez tenha sido essa também uma frase a pairar sobre as cabeças dos conselheiros presentes à reunião na sede do Barro Preto, no dia 7 de outubro de 1942. Naquele dia, para evitar a morte da Sociedade Esportiva Palestra Mineiro (nome adotado para “abrasileirar” a Società Sportiva Palestra Italia), ameaçada pela ditadura de Getúlio Vargas, trocou-se o nome do clube dos operários e imigrantes italianos para Cruzeiro Esporte Clube, tendo as cinco estrelas brancas a serem costuradas no manto azul celeste.

 



 

Mesmo longe da complexidade desses outros tempos, mas com o mesmo sentimento de poesia dramática, essa parada da Data Fifa também está proporcionando ao Cruzeiro uma releitura da frase grafitada nos muros do Mineirão: “a vida é um sopro.”

Como a direção técnica e o elenco de jogadores irão aproveitar esse sopro proporcionado por esses dias sem confrontos pelo Brasileirão e pela Copa Sul-americana, em um momento tão conturbado, e de pouca “vida” para o Cruzeiro, em termos de resultados desportivos? A resposta pode definir qual será realmente “a vida” que o Cruzeiro viverá em 2025.

Há dois meses, qualquer boleiro ou cronista esportivo colocava o Time do Povo Mineiro entre os prováveis classificados para a próxima edição da Copa Libertadores. Alguns até apostavam no Cabuloso como forte candidato a disputar o título do Brasileirão.

Hoje, vivendo um jejum de vitórias e uma instabilidade emocional, a realidade é outra. Bem menos empolgante. Próxima de “deixar a vida passar”.

 

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É normal que todo time tenha uma sequência negativa durante uma competição tão longa, no sistema de pontos corridos e com 38 rodadas, como é o Brasileirão. Mas essa ventania de tempestade sobre o Cruzeiro já está se alongando demais. Correndo o risco de se chegar a uma situação de “não retorno”. Quando, ao se perceber que “a vida é um sopro”, talvez, já seja tarde demais para transformar o sonho em realidade.

No primeiro confronto após a Data Fifa, no dia 18 deste mês, teremos pela frente o Bahia. Uma peleja com gostinho duplo. O primeiro, de revanche, afinal, tomamos uma sonora goleada dos baianos na Fonte Nova.

 

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O outro é de gana por um jogo que valerá seis pontos, pois o Bahia é o primeiro adversário à nossa frente na tabela de classificação. Se vencermos, subiremos o degrau inicial para uma necessária arrancada final, onde nos restam apenas nove rodadas.

Que nessa parada da Data Fifa, nosso comandante, Fernando Diniz, leve nosso escrete para uma caminhada na esplanada do Mineirão. Que eles parem em frente ao rosto grafitado de Niemeyer e reflitam muito ao lerem: “a vida é um sopro.”

 
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