Fernando Diniz trucou e ganhou
Se Diniz tinha o zap ou se blefou ao trucar sobre os boatos em relação à sua demissão, não sabemos, mas ganhou o tento porque não recebeu de volta um "seis"
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SIGA NOOs resultados de Fernando Diniz no Cruzeiro, em 2024, foram bem ruins. Fato. Mas seria covardia colocar a responsabilidade apenas no seu colo. É preciso uma análise menos rasa também sobre as falhas da diretoria da SAF Cruzeiro. Omitir isso seria cometer o pecado capital da gula frente a um banquete onde o menu é a soberba.
A confirmação da permanência de Diniz para a temporada 2025, mesmo perdendo a vaga para a Libertadores, veio na sequência de uma entrevista fortíssima do treinador após a partida contra o Juventude, no domingo. Sua fala foi estratégica e surpreendente ao chamar de “desrespeito” a forma como a diretoria deixou que as especulações da “aldeia”* sobre a sua eminente demissão ficassem sem resposta imediata.
Se Diniz tinha o zap ou se blefou ao trucar sobre os boatos em relação à sua demissão, não sabemos, mas ganhou o tento porque não recebeu de volta um “seis” na orelha.
O treinador começará 2025 com uma rejeição recorde por parte da torcida. A Nação Azul tem total direito de assim se posicionar porque o que a move é a passionalidade. Mas, internamente, dentro da estrutura do clube, ele mostrou que não ficará à mercê de rompantes, loucuras ou influências externas. Como ele mesmo disse: se não existia certeza sobre o seu método de trabalho, que não tivessem lhe contratado.
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Desde a lambança da fracassada (ainda bem!) contratação de Dudu, uma série de fatos apontam para como essas loucuras, rompantes e influências externas influenciaram nos resultados negativos dentro de campo. Como explicar a contratação mais cara da temporada ser de um jogador (Wallace) que joga exatamente na mesma posição do capitão do time (Lucas Romero) e, até então, sendo o melhor em campo em quase todas as pelejas?
Até hoje também está no ar, sem uma resposta firme, o contexto do suposto áudio vazado onde o dono da SAF Cruzeiro teria exigido a escalação da baciada de contratações milionárias. Fake News? Lenda urbana? Fato: o rendimento do time caiu significativamente a partir dali.
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Como explicar o amadorismo de cair na pilha de criticar o ataque do time, inclusive anunciando a intenção de contratar outros jogadores, exatamente no momento em que Kaio Jorge se recuperava e iniciava uma sequência de gols em todas as partidas?
Também foi muito triste a passividade da diretoria ao assistir o Cruzeiro sendo utilizado no marketing vingativo de Gabigol contra a diretoria do Flamengo. E isso exatamente na véspera da final da Copa Sul-americana.
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Quando Pedrinho do SuperPovão BH assumiu a SAF, em abril deste ano, escrevi: “Pedrinho [...] tem de blindar RADICALMENTE a gestão do clube […] Respeitar a torcida não é sinônimo de abrir o clube para regalias. Ouvir a imprensa não significa praticar o jogo dos jabás e patrocínios para canais de youtubers/influencers. Contratar jogadores de qualidade não pode estar atrelado a deixar o clube refém de empresários e muito menos, das loucuras de diretores de futebol. Que Pedrinho realmente coloque em prática uma relação democrática com a Nação Azul, mas seja irredutível do ponto de vista de garantir que sua empresa não seja carcomida por dentro”.
Fica a lição. Mas lições só servem quando mudamos a partir delas. Agora, com tempo para pensar as contratações (e para elas virem com o aval do treinador, e não como imposição de loucuras e rompantes) e treinar o elenco, fica a esperança para um 2025 de títulos. Que seja com Fernando Diniz.
ATÉ BREVE! Com as férias do futebol, esse rabiscador também se ausentará. Volto em 7 de janeiro de 2025. Desejo a todos, um restinho de ano e um ano novo todo azul!
(*) “Aldeia” é o apelido dado à grande maioria da imprensa esportiva mineira que, pela origem elitista de seus proprietários, sempre teve preferência pelo Atlético de Lourdes ou pelo América de Belo Horizonte.