Comecemos por uma correção (necessária para chegarmos ao recado a ser dado ao elenco do Cruzeiro). Ao contrário do noticiado, transmitido e visto pelo continente inteiro, o Atlético de Lourdes NÃO jogou com um a mais contra o Botafogo, na maior pipocada da história do futebol mundial.

 

A informação correta é de que a peleja da final da Libertadores 2024 foi “10 contra 10”, mesmo com a expulsão aos 30 segundos de jogo. Isso porque o décimo primeiro jogador da Turma do Sapatênis era (como sempre) a SOBERBA. Deu no que deu.

 

 

Tadinhos, nem o Verón apareceu para enxugar as lágrimas de vergonha. Quando terminou a partida, no sábado, da minha janela, em Mariana, o que se ouvia era um completo silêncio. Um silêncio ensurdecedor também se recaiu sobre Belo Horizonte. Bem ao contrário da “festa” regada a ódio feita pela Turma do Sapatênis quando o Cruzeiro perdeu a mesma Libertadores em 2009.

 

 

Quis o destino que a derrota humilhante e educativa viesse exatamente contra o Botafogo, um clube onde seus torcedores, por décadas, foram vítimas de atitudes soberbas dos seus rivais cariocas. Time esse que, após viver uma temporada no Rio de Janeiro, passei a admirar pela gentileza, humildade e alegria de sua torcida.

 



 

Por isso, ao contrário de me importar com os atleticanos, resolvi pegar o telefone para dar os parabéns para grandes botafoguenses. Meu amigo William Coelho me respondeu com uma foto dele e de seus dois pequenos “campeões da América”, Guilherme e Leonardo, com um sorriso do tamanho do Monumental.

 

O sempre boa praça Thiago, ex-companheiro das aulas de Memória Social na Unirio, ainda na arquibancada, me respondeu emocionado: “Tô aqui em Buenos Aires, feliz da vida! Valeu, meu querido! Por pouco vocês não ganharam também!”.

 

Na sequência recebi um texto sem assinatura (sonho em encontrar o autor para lhe fazer justiça, dando-lhe os créditos) que resumiu bem a lição dada aos representantes da soberba mineira:

 

“Quem perdeu foi a arrogância, a covardia e a deselegância. Hoje, a derrota foi de novo de quem ontem não soube perder. Venceu quem sabe vencer. Quem perdeu outrora aumentou o som mas agora está em silêncio. Venceu quem não falou, venceu quem jogou.

 

Quem perdeu foi quem não sabe receber visitas, não tem educação e nem portas no banheiro. Venceu o bom anfitrião, quem merecia mesmo ser campeão. Quem perdeu não tinha o controle do volume do som, não tinha a chave da casa.

 

 

Quem perdeu não estava em casa. Venceu quem não usa de hostilidade, quem tem apenas uma estrela, quem mereceu de verdade. Quem perdeu, queria tudo, falou tudo e, no fim, fez nada, gritou eu acredito, mas na verdade nem acreditava…”.

 

Se para a Turma do Sapatênis o dia 30 de novembro de 2024 vai durar décadas, para nós, cruzeirenses, torcedores do Time do Povo Mineiro, é hora de virar a página. Voltar à nossa realidade.

 

Só nós sabemos o quão é quase inacreditável, depois de 2019/2020/2021/2022, fecharmos 2024 tendo disputado uma final continental e ainda estar brigando por uma vaga na Libertadores do próximo ano.

 

 

Portanto, que jogadores, comissão técnica e diretoria da SAF Cruzeiro tenham noção da responsabilidade que carregam. Estejam preparados para uma entrega total na partida de amanhã, contra o Palmeiras.

 

É vencer ou vencer! Jogar com as forças e a dignidade que nos restam para afastar qualquer possibilidade de atleticanizar.

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