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Gustavo Nolasco
Gustavo Nolasco
DA ARQUIBANCADA

Gabigol e o amor não correspondido do atleticano pelo Cruzeiro

Quando fizeram a contratação psicanalítica de Hulk, o Super-herói do chororô, nem de longe o tema foi assunto dentro da Nação Azul

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Quantas vezes a sua felicidade de cruzeirense foi tema dominante de comentários depreciativos (irônicos, invejosos ou odiosos) de algum torcedor do Atlético de Lourdes?

A alegria azul e branca sempre incomodou a cinzenta Turma do Sapatênis e continua a alimentar essa eterna “paixão não correspondida” deles pelo Cruzeiro.

“O Gabigol vai quebrar seu time”, é a mais recente ladainha. Na barraca da praia. Na mesa de carteado. Na viagem de táxi. Nas redes sociais. O atleticano não consegue controlar o seu vício em ser obsessivo pelo time das cinco estrelas.

 

 

Quando fizeram a contratação psicanalítica de Hulk, o Super-herói do chororô, uma espécie de alter ego lourdiano, nem de longe o tema foi assunto dentro da Nação Azul.

Na chegada de Ronaldinho Gaúcho, os cruzeirenses, indiferentes, seguiram suas vidas e olhares para as questões afeitas à Toca da Raposa. Cumprindo a função de cronista, à época apenas escrevi: “Tanto Ronaldinho Gaúcho quanto o Atlético de Lourdes terão a última chance de suas vidas”. Para sorte deles, eu estava correto.

Para não pagarmos de santo, um adendo. Quando eles contrataram o francês Anelka, o tema dominou as resenhas cruzeirenses. Ou melhor, as nossas risadas.

 

 

Por essa diferença de comportamento, chega a ser patética a forma como a felicidade da torcida e dos jogadores do Cruzeiro em pré-temporada nos Estados Unidos tem entortado o estômago da Turma do Sapatênis.

Sendo assim, contra a inveja, o pecado capital nato do atleticano, pitadas de história.

 

 

A tradição de atrair ídolos de outros clubes para o Time do Povo Mineiro não começa agora. Vem dos tempos da Società Sportiva Palestra Italia, o time criado em Belo Horizonte por sua torcida de operários e imigrantes.

Na virada de 1927 e 1928, uma bomba na crônica paulista. Cinco badalados jogadores trocaram o rico Palestra Italia de São Paulo pelo primo pobre mineiro. Entre eles, o espanhol Fernando Carazo, o “Perigo Loiro”, como bem detalhou o autor do livro “O Palestra e os palestrinos”, Alexandre Horta.

Em 1939, quando o primeiro ídolo de nossa história, Niginho Fantoni, já era reconhecido como um dos maiores atacantes do futebol nacional, ele deixa o Vasco e retornar para o seu Palestra/Cruzeiro. Na sua chegada à estação ferroviária de Belo Horizonte, é carregado nos braços por uma multidão.

Em 1947, o Cruzeiro faz a então maior contratação do futebol mineiro. Paga 45 mil cruzeiros ao Villa Nova para contar com o meia Ceci, como narra Henrique Ribeiro na sua obra “Almanaque do Cruzeiro”.

Jairzinho, o “Furacão da Copa”. Em janeiro de 1976, a mais bombástica contratação da história do futebol mineiro. O atacante que encantou o mundo chegava para substituir Dirceu Lopes, machucado.

Mesmo durante a sua quase falência, na década de 1980, o Cruzeiro não deixou de mostrar a força de sua camisa para atrair grandes craques nacionais. Cláudio Adão, ídolo de todos os times cariocas, chegava para ser o nosso “camisa 9” na disputa da Copa União de 1987.

 

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Palhinha, campeão mundial pelo São Paulo. Renato Gaúcho, ídolo de Grêmio e do Flamengo. Dois nomes da enxurrada de craques que escolheram defender o Cruzeiro na década de 1990. Entre eles, Luizinho, que precisou vestir o Manto Sagrado para conquistar títulos, já que no Atlético de Lourdes era impossível.

Virada de século e mais ídolos de outras torcidas escolhem o Cruzeiro. Do River Plate, Sorín. Do Corinthians, Edílson “Capetinha” e Cássio. Do Palmeiras, Alex. Do São Paulo, Aristizabal, Dagoberto e Júlio Baptista.

Se Gabigol um dia vai quebrar o Cruzeiro, só a história dirá. Mesmo assim terá feito o que o Atlético de Lourdes e sua elite de privilégios financeiros e políticos não conseguiram fazer dentro de campo durante 123 anos. Tamanha a incompetência dessa gentinha invejosa.

Mas se a história seguir o seu rumo natural, ao final, como sempre, o amor cruzeirense vencerá o ódio atleticano. Quem sabe, com um gol do Gabigol.

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