É o próprio artista Fred Selva quem começa a conversa, lembrando quanto tempo passou desde o nosso último contato e como sua rotina mudou. “A vida no circo tem sido muito louca! De hotel em hotel, de país em país. Já nos apresentamos em São Paulo, Rio, Santiago do Chile, Bogotá, Buenos Aires”, disse ele que no final de 2022, quando estreou no Cirque du Soleil. “Depois começou outra turnê em cidades pequenas dos Estados Unidos – Oaks (Filadélfia), San Antonio (Texas) e Charlotte (Carolina do Norte). Fizemos algo em torno de 380 shows”, contabiliza ele, que segue na banda responsável pela trilha sonora ao vivo de “Bazzar”. Fred pôde conhecer Montreal e Nova York, um sonho antigo desde quando começou a estudar vibrafone e jazz.

“O ARPÃO DO IRREAL”

Fred está com as malas prontas para o que define como “pequenas férias”, antes de retomar a turnê do Cirque em fevereiro. Ele virá a Belo Horizonte fazer o pré-lançamento de seu disco “O arpão do irreal”, parceria com o poeta, compositor e cantor argentino Tristan Barbosa. Este projeto começou em 2018, quando Fred morava em Buenos Aires, inspirado pelo sentimento distópico que a eleição de Jair Bolsonaro gerou. “Mandei música para Tristan botar letra, depois ele me deu letra para musicar. Gravamos umas coisas, mas em 2019 voltei para BH e o projeto ficou engavetado. Aí veio a pandemia, refrescando as ideias apocalípticas, e retomamos a produção.”

SEM DESCULPAS

É muito difícil lançar alguma coisa quando não se tem prazo, admite o artista. “Produzi tudo sozinho, no meu computador. Poderia ficar anos e anos aperfeiçoando as músicas.” Em uma das pausas na turnê do Cirque du Soleil, ele foi a Tandil, na Argentina, onde Tristan mora, e os dois terminaram de gravar todas as vozes. “Não havia mais desculpas para continuar enrolando. E aí a Argentina resolveu experimentar a distopia de um governo fascista maluco. Sempre tem alguém flertando com o fim do mundo”, critica.

ESPANHOL E PORTUGUÊS

O disco está nas mãos do Marcelinho Guerra para finalização. As faixas em espanhol e português contam com participações especiais de Joana Queiroz, Frederico Heliodoro, Gabriel Bruce, Felipe Continentino e dos argentinos Tiki Cantero, Pablo Passini, Camila Nebbia e Gabriel Stern. Há também o coro formado por Jasmin Godoy, Bruna Bizzotto, Laura Souza, Max Cabral, Lucas De Moro e
Paz Villahoz.

ESTREIA NO MICROFONE

Fred Selva anuncia que BH assistirá à sua estreia cantando. “Tô longe de ser cantor, mas compus canções. Fazer o quê, né? Também será a primeira vez que farei show solo. Apenas eu, os instrumentos e as máquinas.” Porém, ele adianta que para não ficar “tão circo do eu sozinho”, convidou Jasmin Godoy para fazer algumas músicas com ele. “Ela é uma cantora holandesa montes-clarense que está morando em BH. Recentemente, lançou o primeiro disco e é uma das melhores aquisições que Belo Horizonte já fez. Vê-la cantar e tocar é de cair o queixo”, elogia. O show está marcado para 26 de janeiro, às 21h, no Clube de Jazz do Café com Letras. Ingressos estão disponíveis no site da casa. Informações: @clubedejazzdocafe.

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