Ritchie fez um belo espetáculo, emocionando fãs de todas as idades -  (crédito: Guilherme Leite Fotografia/ Divulgação)

Ritchie fez um belo espetáculo, emocionando fãs de todas as idades

crédito: Guilherme Leite Fotografia/ Divulgação

 

Com a turnê "A vida tem dessas coisas", que marca os 40 anos de estrada, Ritchie emociona plateias, ao celebrar uma trajetória cheia de sucessos, que fizeram a trilha sonora de gerações.


No último sábado (21/4), sete meses depois de sua mais recente apresentação na cidade, com o mesmo show, o cantor inglês radicado no Brasil há 50 anos voltou a lotar o Palácio das Artes com um show alegre, acompanhado por uma banda de primeira, uma performance muito simpática e com histórias para emocionar o público.

 

 

A abertura performática animou o público. Ritchie chega em cena por um portal que se abre no maior dos cinco telões. Nos menores, dispostos nas laterais do palco, ele surge como imagem holográfica, até que ele se materializa em cena. Nos telões são exibidas imagens como a do Rio de Janeiro, ilustrando a performance da música que dá título à turnê.


NA PLATEIA

Na primeira interação com o público, Ritchie quis saber quem estava na plateia e, a seu modo, fez uma enquete, que ganhava palmas. Amigos e familiares não estavam no Palácio das Artes. Os fãs ovacionaram o cantor. Colegas de ofício também estavam lá, em reação mais tímida.

 

Curiosos, simpatizantes e viajantes do tempo também manifestaram seu carinho e admiração ao inglês. "Já sabia que vocês viriam", disse, com sorriso nos lábios, ao definir a apresentação como "um voo que comemora 40 anos de uma carreira solo no Brasil e um pouco mais de 50 anos neste país de anil".


VIVA RITA

É impossível falar de Ritchie sem reverenciar Rita Lee, a roqueira que morreu em maio do ano passado. Na quarta música da noite, "A mulher invisível", do disco “E a vida continua” (1984), enquanto Ritchie canta, imagens de personalidades femininas de vários setores vão ocupando o espaço.

 

Rita Lee é a última a aparecer no telão. Foi talvez o momento mais emocionante da noite, quando o cantor reconheceu que, sem ela, seu destino seria outro. "Certamente não estaria neste palco cantando em português para vocês. Estaria lá na Inglaterra", disse.


PORTUGUÊS COM MUTANTES

Quanto Ritchie viu Rita pela primeira vez, em 1972, ele estava em um estúdio, em Piccadilly, gravando disco da banda Everyone Involved. "Não sabia quem era ela, muito menos os Mutantes". Rita foi ao estúdio a convite de Lucinha Turnbull, que era amiga de um dos rapazes da banda (Mike Klein).

 

"A gente se deu bem", afirmou o cantor, que, segundo a história, ajudou Rita na compra da primeira flauta e ensinou a ela as primeiras posições no instrumento. "Sou grato aos Mutantes por terem me hospedado na casa deles na (Serra da) Cantareira. Não sabia quem era quem, onde eu estava, minhas primeiras palavras em português aprendi com eles."

 

Bem humorado, Ritchie revelou outra curiosidade. Três meses depois de chegar ao Brasil, voltou a Londres, onde conheceu Leda, com quem está casado há 52 anos. "Ela é brasileira, moramos na mesma rua, mas até aquele dia nossos caminhos nunca haviam se cruzado."


MENINA VENENO

O show estava exatamente na décima música, metade da apresentação, quando uma fã mais exaltada gritou por “Menina veneno”, o maior sucesso da carreira do cantor, que só viria no encerramento da apresentação. Até lá, as fãs deram trabalho.

 

Duas invadiram o palco e foram retiradas pelos seguranças. A turma do gargarejo queria de qualquer jeito levar para casa os colares havaianos que ele distribuiu quase no final de "Só para o vento", também do disco “E a vida continua”. Eram poucos para tantas fãs.

 

Ritchie ainda lembrou que sua relação com Minas não é de hoje. Em 1993, quando se uniu com Vinicius Cantuária, Claudio Zolli, Dadi e Mu (de A Cor do som) e Billy Forghieri (tecladista da Blitz) na banda Tigres de Bengala, lançaram um disco para se divertirem, "que não aconteceu".

 

"Exceto aqui em Minas, onde, por incrível que pareça, fizemos shows da pequena turnê. Parabéns pelo bom gosto." Quando tocou “Menina veneno”, o público foi ao delírio, com a certeza de que ainda bem que a vida tem dessas coisas.