Daniela Mercury com o filho Gabriel no Sesc Palladium -  (crédito: Eduardo Galetto/Divulgação)

Daniela Mercury com o filho Gabriel no Sesc Palladium

crédito: Eduardo Galetto/Divulgação

 

Num tempo não muito distante, Daniela Mercury era presença frequente em shows em Belo Horizonte. O axé estava em alta e a cantora baiana reinava absoluta como dona da festa. As gerações cresceram, vieram outros ritmos, mas o amor e a paixão por uma das maiores intérpretes da música não passa.

 

Na última quarta-feira (8/5), fãs lotaram o Sesc Palladium para apresentação da cantora, acompanhada pelo filho Gabriel. "Muito feliz de estar aqui, matando essa saudade de vocês, nesse show tão íntimo, perto do Dia das Mães", disse ela, dedicando a apresentação daquela noite às mães que não tiveram filhos, mas que criam filhos. "Todas as mulheres acabam sendo mães de alguma maneira."


Música para mãe

Gabriel é um dos cinco filhos de Daniela Mercury, canta desde pequeno, mas, em um momento da vida, seguiu para o hipismo, onde conquistou muitas medalhas, até que, aos 14 anos, trocou os cavalos por um violão. Pouco tempo depois, Daniela foi surpreendida quando o filho homenageou a mãe com a canção "Tentativa de separação". "Uma canção para essa mãe que vivia viajando e ainda vive, mas agora eu levo ele junto", disse Daniela, orgulhosa com a homenagem. O show teve momentos de grandes emoções. A abertura com "Onde Deus possa me ouvir", de Vander Lee, interpretada por Gabriel, e "Força estranha", de Caetano Veloso, que Daniela dedicou a Gal Costa, foram destaques.


Marmita

No Sesc Palladium, a noite foi animada ao longo de quase duas horas e meia, entre canções e histórias. Em determinado momento, a cantora lembrou que já havia composto músicas com o filho, quando, um dia, ele começou a compor sozinho. Foi quando, segundo ela, ele fez uma música muito esquisita.

 

"Imagino que tenha sido a mesma sensação quando Dona Canô ouviu Caetano falar margarina, piscina, coisas que ele fazia na época do Tropicalismo. Mas Gabriel passou de qualquer limite. E a gente sabe que, quando as mães largam os filhos, acontecem essas coisas", brincou, divertindo a plateia.

 

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"Ele resolveu falar de marmita, mas desde quando marmita é algo poético?", questionou, explicando que, na Bahia, quando se tem um paquera, chama-se de marmita. Com humor ela saiu do palco dizendo não ter a menor condição para ver a cena. O público se divertiu e gostou do que ouviu. Daniela, como mãe coruja, voltou para aplaudir o filho.


Casada com mulher

A mãe de Gabriel é boa de papo e sabe entreter a plateia. Depois de "Marmita", ela lembrou que muitos sambas brasileiros têm esse tipo de brincadeira. "Brasileiro é muito bem humorado. ‘Praça Clóvis’, de Paulo Vanzolini, é um clássico", citou, cantarolando "na praça Clóvis, minha carteira foi batida,Tinha vinte e cinco cruzeiros, E o teu retrato/Vinte e cinco, Francamente, achei barato, Pra me livrar, Do meu atraso de vida.." Eu também queria que ele roubasse um tanto de foto lá de casa. Tenho uma coleção. A gente esconde quando chega o novo. E agora que eu casei com mulher, ferrou tudo. O negócio é complicado". A plateia gargalhou.


Madonna

Daniela Mercury chegou a Belo Horizonte ainda sob a emoção de ter sido homenageada por Madonna, no show de Copacabana, no sábado (4/5). A cantora baiana disse que foi um reconhecimento inesperado da maior artista pop do mundo, "uma mulher comprometida com todas as causas que eu defendo ao longo da minha vida".

 

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Para Daniela, Madonna é uma mulher muito interessante, libertadora, corajosa, politizada, "que lutou conosco pela democracia brasileira, que vem se posicionando pela democracia dos Estados Unidos, que é importantíssimo no impacto da democracia para o resto do planeta".


Estética

Madonna é admirada por Daniela por ser uma artista que dança, canta, que é revolucionária em muitos aspectos estéticos de seu trabalho.

 

"Não dá para pensar em música pop no mundo, não dá para pensar em espetáculos, sem conhecer o que Madonna fez ao longo da vida. E ela se supera, investe demais em tudo, ela muda as linguagens, o vocabulário de coreografias, de dança", elogia Daniela, que viu o show bem de perto, a convite da equipe de Madonna, no PIT, espaço que reuniu fãs do mundo inteiro, bem no centro do palco. "Para mim, como artista, estar entre os ativistas homenageados em um show histórico, de comemoração de 40 anos da carreira dela, no maior show do showbiz brasileiro, foi um prêmio espetacular."