Leo Jaime e o maestro Leonardo Cunha, da Orquestra Opus, fizeram pose para foto no palco do Cine Theatro Brasil Vallourec, atendendo a pedido de fã  -  (crédito: Júlia Lanari/Divulgação)

Leo Jaime e o maestro Leonardo Cunha, da Orquestra Opus, fizeram pose para foto no palco do Cine Theatro Brasil Vallourec, atendendo a pedido de fã 

crédito: Júlia Lanari/Divulgação

 

Ao longo de 40 anos de carreira, além de grandes sucessos, Leo Jaime tem muita história boa para contar. Por isso a apresentação do cantor ao lado da Orquestra Opus, na última quarta (29/5), no Cine Theatro Brasil, acabou sendo uma aula para os fãs, que voltaram para casa conhecendo um pouco mais sobre o ídolo e a importância dele, por exemplo, para abrir as portas das gravadoras ao rock brasileiro.

 

 

Antes de apresentar um de seus hits, o cantor afirmou que o sucesso de "Rock da cachorra", composição dele gravada por Eduardo Dusek, no início dos anos 1980, fez com que houvesse interesse por parte das gravadoras “em gravar uma porção de gente que estava começando a carreira no rock Brasil e, até aquele momento, não tinha a oportunidade”.


• NADA FÁCIL


Simpático e bem humorado, Leo Jaime não escondeu a emoção de estar em uma casa tão linda e recheada de alegria naquela noite. Afirmou ainda estar feliz por completar 40 anos de carreira, mas ponderou que chegar até aqui foi muito difícil. "Ao longo desses 40 anos, a gente sobe, desce."

 

Aos fãs deixou dicas que considera aprendizados fundamentais que acumulou. "Um: tomar banho todo dia; dois: não mexer nas coisas dos outros; três: andar bem acompanhado", enumerou, ganhando aplausos da plateia. O repertório reuniu 16 canções, todas com arranjos feitos especialmente para a orquestra regida pelo maestro Leonardo Cunha


• MIMO PARA A CENSORA


Talvez a maior surpresa da noite tenha sido quando o cantor lembrou o tenebroso período da censura, período em que além da música, toda a produção audiovisual devia obrigatoriamente passar pelo crivo da censora Solange Hernandez.

 

Temida, ela chefiou a Divisão de Censura de Diversões Públicas do Departamento de Polícia Federal entre o período de 1981 a 1984. O artista contou que "Solange", que não é uma canção de amor, é “homenagem” a ela. A versão nasceu por acaso. Um dia, tocando canções do Police no apartamento que dividia com Leone, perguntou ao amigo que música era aquela da banda inglesa de que ele não se lembrava.

 

 

"Solange?!", respondeu Leone, referindo-se a “So lonely”. Leo Jaime disse que, pouco depois, a censura acabou, e as fitas com a música gravada enviadas para serem submetidas ao julgamento da censora ficaram como mimo para ela.


• ESTILO


Por serem censuradas, as músicas de Leo Jaime não podiam tocar no rádio. O primeiro disco, "Phodas C", tinha duas canções proibidas e, por isso, o LP era vendido lacrado.

 

 

"Era proibido e atrapalhava a carreira", recorda ele, que um dia começou a mandar as canções com pseudônimo, até o que recebeu uma mensagem escrita a lápis. "Leo, não adianta inventar pseudônimo, você tem estilo”. “O lado positivo: tenho estilo", disse, provocando gargalhadas na plateia.


• ENTRE AMIGOS


Pelas tantas, o público se sentia em casa e no direito de pedir músicas – "Toca Sônia"! – e fotos com Leo Jaime. O pedido da música não rolou, mas, com relação a fotos, não perdeu o rebolado – fez pose com o maestro e os músicos, no palco, posando para a fã que fez o pedido. Na conversa com a plateia, o cantor considerou um “orgulho danado” o fato de trabalhar com a música. "Viva a música brasileira!", grita alguém na plateia. "Viva o músico brasileiro!", emendou Leo, aplaudido pelo público.