Josy.Anne (centro) na caçada das leoas, ponto alto de

Josy.Anne (centro) na caçada das leoas, ponto alto de "O rei leão"

crédito: Caio Galucci/Divulgação

 

Um ano e dois meses depois de voltar ao elenco da segunda produção brasileira do musical “O rei leão”, que ficou em cartaz em São Paulo, a mineira Josy.Anne deu adeus, ontem (28/7), às personagens que, segundo ela, transformaram sua carreira.

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“Estou orgulhosa por ter conseguido realizar essa jornada até o final”, comemora a atriz, que há 11 anos participou da primeira montagem brasileira como Nala, amiga de Simba. Ela conta que, ao aceitar voltar à peça, ultrapassou o limite que havia traçado para si mesma. “Agora sinto forças para realizar outros trabalhos”, diz Josy.Anne. Nesta temporada, ela fez várias personagens. Foi Sarabi, mãe de Simba, Shenzi, uma das hienas vilãs, e atuou como ensemble, elenco de apoio.

 

 


• UAI, SCAR


Josy.Anne conta que “durante a pandemia e o desgoverno que passamos”– refere-se à administração Jair Bolsonaro –, pedia aos guias e orixás para voltar ao trabalho. “Preciso estar no palco, o palco é minha vida”, afirma. O pedido foi atendido e a mineira recebeu convite para atuar no “maior maior musical do mundo com protagonistas pretos”, como gosta de dizer.

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Não há personagem preferido, revela. “Como ensemble, tive oportunidade de cantar todas as músicas do espetáculo. Vesti outros figurinos, passeei pelo backstage e pude entender como a maquinaria funciona. Não via essas coisas quando fazia a Nala”, compara. Sarabi entra no ciclo da vida (momento do nascimento de Simba), o que, segundo a atriz, é muito emocionante. Como Shenzi, Josy.Anne deu sotaque mineiro à hiena, que solta um “Uai, Scar” ao se dirigir ao antagonista.


• NÚMEROS


Da estreia, em 20 de julho de 2023, até ontem, foram 337 sessões. Outros dois mineiros, Elisa Toledo (ensemble e cover de Nala) e Camillo (Swing), fizeram parte do elenco, que reuniu 51 atores, 11 deles estrangeiros. O espetáculo conta com seis línguas africanas originárias: swahili, zulu, xhosa, sotho, tswana e congolês.

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Os números mostram a grandiosidade da montagem: 23 perucas, 223 figurinos, 190 puppets (marionetes, bonecos e máscaras) e 66 elementos de cenário (34 telares de automação, 23 telas de varanda, entre outros).

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“O musical mudou minha perspectiva de entendimento sobre o que é uma grande produção, o que é a minha voz naquela repetição cotidiana. Você tem de ser um bom performer, tem de performar no mesmo nível de excelência todos os dias”, observa a atriz mineira, que se formou em 2011 no Teatro Universitário da UFMG, o TU. Musical não era novidade para Josy.Anne, que trabalhou com Tizumba e João das Neves. “Até nas esquetes do TU eu cantava”, recorda ela, que tem passagens nas áreas de direção musical e direção vocal. Em São Paulo, atuou também em “Mudança de hábito” e “Ghost”.


• "MOZAMBA"


Com o fim da temporada de “O rei leão”, Josy.Anne quer colocar em prática alguns projetos pessoais, entre eles a turnê de “Mozamba”, seu primeiro álbum, que só teve um show de lançamento em São Paulo. “Como não consegui me dedicar à itinerância, não apresentei ainda o show em Belo Horizonte, o que deverá acontecer este ano”, afirma. Ela planeja fazer um disco de remixes. A ideia partiu do DJ Tato, do Recife, ao mixar “Berê Berê”, música composta por Josy.Anne para Nossa Senhora do Rosário.

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A mineira também pretende levar para a estrada o espetáculo “Ourobouros” vencedor do Prêmio Leda Maria Martins, de Belo Horizonte. Mas, por ora, dedica sua emoção à banda do show e do disco “icônico e importantíssimo” de Tizumba, chamado “Afrika 50”. “O Lenis (Rino) pegou as músicas dele e produziu de forma grandiosa, como é a obra do Tizumba para o ecossistema da música brasileira”, elogia. Em 1º de setembro, o show será apresentado no Festival Sensacional, no Parque Municipal, em BH. “Estarei na banda tocando meu tambor, muito feliz. Foi a Julia Tizumba quem me ensinou. Dar o start na carreira musical com este show será um deleite”, diz Josy.Anne.