Caminhonete dos anos 1960 é um dos destaques no eixo

Caminhonete dos anos 1960 é um dos destaques no eixo "Vida privada", na coleção memorialística de Arlindo Porto

crédito: Arquivo pessoal

 

Durante a entrevista, por telefone, Arlindo Porto, ex-senador da República, ex-ministro do governo FHC, vice no governo Aureliano Chaves e ex-prefeito de Patos de Minas, citou várias vezes, e com muito carinho, o nome da mulher, Maria Coeli. Falou com razão e reconhecendo nela a principal responsável pelo memorial aberto na semana passada, em sua terra natal, Patos de Minas.

 

 

"Ela foi muito cuidadosa com todo o material", observa o político, ao contabilizar exatos 1.064 itens que estão em exposição no espaço de 500 metros quadrados, localizado na Avenida Fátima Porto, Região Central do município. Placas, troféus, diplomas e fotografias ficaram embaladas por anos na fazenda de Arlindo Porto. Com o passar do tempo e com o incentivo dos filhos, Luis Fernando e Regina, ele decidiu organizar tudo e montar o memorial.

 

DE PREFEITO A SENADOR

Arlindo, filho de José Alves Porto e Joana de Paula Porto, o mais velho de seis irmãos, nasceu na Zona Rural de Patos de Minas, onde viveu até a adolescência, antes de se mudar para a cidade. O primeiro cargo político foi como prefeito, exercendo mandato de 1983 a 1985.

 

 

"Não imaginava que voltaria à política, até ser convidado para vice na chapa de Hélio Garcia", lembra ele, que sempre acreditava que cada mandato seria sua última participação na política. Mas, até a aposentadoria, atuou como ministro no governo Fernando Henrique Cardoso e cumpriu mandato no Senado, no período de 1995 a 2003. O memorial guarda momentos de 20 anos da história política do país.

 

RELÍQUIA SOBRE RODAS

Ainda adolescente, Arlindo começou a trabalhar como leiteiro, vendendo o leite em uma caminhonete, que ele não preservou. No entanto, o veículo é um dos itens de que ele tem mais orgulho no memorial. Foi presente do filho, Luis Fernando, que encontrou em Maceió um exemplar do mesmo modelo e cor usado pelo pai. Antes da política, Arlindo também foi contador.

 

 

Graças a Maria Coeli, a mesa, a cadeira, as máquinas de escrever e de somar e até o telefone preto, modelo clássico em muitas casas entre os anos 1970 e 1980, estão preservados e são itens originais.

 

O QUE VER

As várias citações de Arlindo reconhecendo a importância de Maria Coeli não são à toa. Além de guardar e preservar os objetos em caixas na fazenda, ela também foi responsável pela seleção e catalogação de tudo. "E ela não é exímia datilógrafa, foi catando letras", brinca, para mostrar ainda mais a dedicação da mulher ao memorial. "Luís Fernando e eu nos emocionamos com o amor incondicional dela por ele.

 

 

Incrível", observa a filha Regina. Arlindo diz ainda que o Memorial é também uma forma de prestação de contas pelos 20 anos de vida pública. Os itens são divididos em “Vida privada”, com destaque para a caminhonete, e “Vida pública”, em que todas as honrarias estão expostas em vitrines. Destaque para medalha entregue pelo papa João Paulo II, em reconhecimento a projeto de agricultura familiar aplicado por ele, como ministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso. No total, são 186 placas, 225 troféus, 117 medalhas e 459 diplomas. Antes da abertura do Memorial, Arlindo reuniu a sua "grande família", com mais ou menos 80 pessoas, entre irmãos, sobrinhos, os três netos, os dois filhos e a mulher.

 

ENTRE PATOS E BH

Aposentado da política, Arlindo divide-se entre Belo Horizonte, onde passa 20 dias por mês, e Patos de Minas, onde tem fazenda de café. O Memorial já está aberto a visitação. E o movimento, nas duas semanas, surpreendeu o próprio Arlindo, que considerou grande a demanda, que ultrapassou 1.200 visitantes, até a última quinta-feira (1/8). O espaço funciona de segunda a sexta, das 13h às 18h.