Foi um corre para encontrar carro de aplicativo ou táxi para ir ao Mineirão no último sábado (7/9) para o show da turnê “Caetano e Bethânia”. Mas a volta para casa das 54 mil pessoas que foram ao estádio foi bem mais desafiadora, como demonstram os testemunhos a seguir dados à coluna.
• LINHAS SOBRECARREGADAS
Hemanuel Carvalho saiu de casa com a certeza de que fãs de Bethânia e Caetano como ele viveriam uma experiência apoteótica. Mas não foi exatamente o que ele pensou. Em determinado momento, afirma, tornou-se desanimadora. "Não pela performance dos irmãos, que foi, de longe, um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Mas pela estrutura de transporte ineficaz", diz.
"Aqueles que tentaram se arriscar no transporte público encontraram linhas sobrecarregadas (houve quem quase caísse do ônibus ao tentar entrar com o veículo em movimento com as portas abertas). E os que buscaram por carros de aplicativo encontraram valores exorbitantes e motoristas que tentavam negociar a viagem sem seguir o preço sugerido pelas plataformas", conta.
Tentativas de encontrar motoristas que aceitassem corridas superaram duas horas de espera, causando uma frustração coletiva. "A catarse emocional proporcionada por Maria Bethânia e Caetano ao longo do show foi substituída por um angustiante desejo de voltar para casa."
• QUESTÃO DE SORTE
Felipe de Oliveira conta que chegou exatamente às 19h30 ao estacionamento. O ingresso dele era para pista normal. Aí começou a peleja. "Do estacionamento para a Esplanada havia apenas uma escada de acesso, com uma fila enorme para chegar até ela, pois havia uma profissional da equipe do Mineirão na base dessa escada, verificando os ingressos e os documentos de meia entrada antes de permitir o acesso à Esplanada. Demorou uma hora para chegar a nossa vez", lembra.
Quando finalmente subiu a Esplanada, foi informado que a entrada para a pista não seria possível a partir dali. "Eu teria que sair para a rua e pegar fila novamente para entrar por um acesso específico para a pista. Foi o que fiz, mas foi ansiogênico ver que essa nova fila estava enorme e, nessa altura, faltavam apenas 15 minutos para a hora marcada do show. Ou seja, a primeira fila que peguei era totalmente despropositada, inútil e perversa, sobretudo para quem iria para a pista", afirma.
"E não havia sequer uma placa ou sinalização, tampouco os profissionais souberam nos explicar", queixa-se, lembrando ainda que o mapa divulgado pelos organizadores também não era completo ou claro. "Minha sorte foi encontrar o amigo com quem havia combinado de ir ao show. Do contrário, dificilmente eu teria conseguido entrar a tempo de ouvir as primeiras músicas, mesmo com o atraso dos cantores para entrar no palco. Eu, que cheguei com 1h30 de antecedência, só consegui entrar no gramado do Mineirão às 20h55, e unicamente porque ainda tive sorte."
• ESTACIONAMENTO A R$ 100
Leitor que prefere não revelar o nome reclamou do estacionamento. Criticou a "zona" para entrar, o tempo de espera de 90 minutos para sair e o que considerou um "assalto" – o valor do estacionamento, R$ 100, pagos adiantados.
• SAÍDA ANTECIPADA
Quem vai a shows no Mineirão sabe que parte dos problemas pode ser evitada deixando o show antes do fim. Solução que jamais será a ideal. Usei a estratégia. Mas, lá fora, os táxis disponíveis próximo a Portaria C, quase na esquina da Catalão, estavam à espera de clientes agendados.
Motoristas de aplicativos ofereciam corridas com destino à Savassi por, pasmem, R$ 100. Para se ter uma ideia, a ida custou R$ 70, levando-se em consideração a lentidão do trânsito e e duas voltas que o motorista deu ao redor do Mineirão, pela falta de indicação do portão.
A salvação surgiu em forma de Move Linha 67, que tinha ponto providencial na Avenida Coronel Oscar Paschoal, 510. Embarcados, cansados e sem acreditar como uma cidade como Belo Horizonte ainda não está apta para oferecer mobilidade no vai e vem dos grandes eventos. O consolo ficou com a emoção e a beleza de ver e ouvir Caetano e Bethânia.