A Pinacoteca Contemporânea está entre os vencedores da 26ª edição da premiação do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp), na categoria restauro, retrofit e requalificação. O prêmio foi para o coletivo mineiro Arquitetos Associados, integrado por Alexandre Brasil, André Luiz Prado, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel, Paula Zasnicoff, Carolina Miguez, Marcos Vinicius Lourenço e Rafael Gil Santos, que trabalharam com Silvio Oksman, responsável pelo projeto da “Pina”.
• COMPLEXIDADE
A “Pina” Contemporânea, como é carinhosamente chamada, é a terceira unidade do conjunto de edifícios da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o maior museu público brasileiro. Entre obra e projeto, foram cinco anos de trabalho após seleção realizada por chamada pública aberta.
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“A ‘Pina’ Contemporânea se insere no conjunto de trabalhos que já realizamos para museus brasileiros. Eles formam uma certa sequência, começando com obras realizadas em Inhotim, como o Centro Educativo Burle Marx e as galerias Miguel Rio Branco, Cláudia Andujar e Cosmococas; passando pelo Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, dedicado à arte popular brasileira; e culminando nesta obra, que talvez seja aquela de maior complexidade que fizemos até hoje, por sua inserção urbana e por intervir no conjunto histórico muito importante para São Paulo”, diz Paula Zasnicoff.
• PRAÇA ABERTA
Diferentemente dos outros prédios do museu paulista, com sisudos edifícios ecléticos de tijolo do final do século 19, a nova Pinacoteca traz a experiência da arte contemporânea mais integrada à cidade. Em seu principal espaço, a praça pública e aberta que integra a rua e o Parque da Luz (a mais antiga área verde da capital paulista), qualquer pessoa pode entrar. O encontro com a arte e a educação acontece livremente.
Carlos Alberto Maciel, um dos autores do projeto e professor do curso de arquitetura da UFMG, esclarece: “Pensar o museu como oásis, uma espécie de plataforma aberta à liberdade, foi o ponto de partida que orientou a procura por construir o mínimo e abrir ao máximo, integrando o museu à cidade e criando sua praça como continuidade natural do parque.”
• ANTIGA ESCOLA
O júri destacou que a obra “proporciona um espaço de acolhimento a partir da configuração de uma praça coberta, em meio ao Jardim da Luz, que constitui um gesto de amplo significado simbólico capaz de potencializar as interlocuções entre o museu e a vida pública cotidiana”.
O lugar onde fica a Pinacoteca Contemporânea, uma antiga escola que em 2015 ganhou nova sede, permitiu aos arquitetos conciliar antigas construções, algumas do final do século 19 e outras dos anos 1950, com a intervenção contemporânea cuidadosa, que instalou no subsolo uma grande sala de exposições, criou a praça ao nível térreo, redefinindo o antigo pátio da escola como lugar público, introduziu andar elevado como um mirante, abrigando café e salão de eventos. A cobertura iluminada promove o acolhimento dos visitantes e, ao mesmo tempo, recria a identidade do lugar.
• MADEIRA LAMINADA
O conjunto de espaços é completado pela biblioteca dedicada à arte brasileira e o centro de documentação da instituição, agora instalados em um dos edifícios históricos abertos à praça coberta. “A cobertura iluminada, executada com estrutura em madeira laminada colada, de alta tecnologia e alto desempenho ambiental, reforça o sentido público do museu e procura sinalizar um caminho possível para a construção sustentável. Foi a primeira obra pública com esse tipo de estrutura no Brasil”, informa Alexandre Brasil.
• DOIS PRÊMIOS
A obra ganhou dois prêmios no mesmo evento: o primeiro, de Melhor Restauro e Intervenção, reconhece a urgência de preservar a memória e atualizar edificações que em algum momento podem estar subutilizadas ou abandonadas. O segundo, o Selo de Acessibilidade, assegura uma arquitetura sem barreiras, aberta à população.
Inaugurada em março de 2023, a “Pina” Contemporânea oferece programação intensa, com exposições de arte nas duas salas principais e na praça, além de shows, performances e cinema. Boa parte da agenda tem entrada franca.