Helvécio Carlos
Helvécio Carlos
Com 30 anos dedicados ao jornalismo, com passagens por emissoras de rádio e assessoria de imprensa, é desde 2001 titular da coluna Hit, do jornal Estado de Minas. Entre 2011 e 2017 foi editor da revista Hit, publicação de lifestyle.
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Trump é apontado como o anticristo por ator e diretor brasileiro

O baiano Antônio Pitanga, que lançou na Mostra de Tiradentes seu longa-metragem de época "Malês", criticou as ações do presidente dos EUA contra imigrantes

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Antônio Pitanga tem uma carreira longa e rica, especialmente no cinema brasileiro. Aos 86 anos – 66 deles dedicados ao teatro e às produções cinematográficas –, o pai de Rocco e de Camila Pitanga fala com paixão sobre o seu ofício.

 

 

"Fernanda Montenegro jamais vai dizer que está realizada. Quero mais é trabalho", afirmou à coluna, durante a Mostra de Cinema de Tiradentes, que terminou no último sábado (1º/2), na cidade histórica do Campo das Vertentes. Bem humorado, lembrou o que o ator Ney Latorraca (1944-2024) disse a ele: "Quando dissermos que estamos realizados, fecha o caixão e vamos embora. Jamais vou dizer que estou realizado".

 

• MUÇULMANOS

Em Tiradentes, Pitanga lançou "Malês", dirigido por ele e inspirado na Revolta dos Malês. O longa ficcional gira em torno de dois jovens muçulmanos sequestrados na África, vendidos como escravos no Brasil e envolvidos na Revolta dos Malês, a maior revolta de escravizados na história do Brasil.

 

No elenco, os filhos dele, Camila e Rocco. Apesar do entusiasmo com a carreira, o ator baiano não sabe exatamente quantos filmes tem no currículo. "São mais de 80. Só aqui, em Tiradentes, serão exibidos quatro", contabilizou.

 


• MESTRES

A estreia foi com "Bahia de todos os Santos" (1960), de Trigueirinho Neto. Pouco tempo depois, fez "Barravento" (1961), o primeiro trabalho de Glauber Rocha, com quem também rodou “Câncer” (1972) e participou de “Terra em transe” (1967). Com Cacá Diegues, fez "Ganga Zumba, rei dos Palmares", (1965), "Quando o carnaval chegar" (1972), “Joana Francesa” (1973) e “Quilombo” (1984). Com Anselmo Duarte, “O pagador de promessas” (1962); com Antunes Filho, "Compasso de espera" (1973); com Neville de Almeida, "Jardim de guerra", (1968/72); e com Rogério Sganzerla, "A mulher de todos" (1969).

 


• MOVIMENTO E LUZ

Quando a pergunta gira em torno do filme que é seu preferido, Pitanga desculpa-se, diz que não está fugindo da resposta – "qual a melhor época, qual o melhor filme" – mas prefere considerar movimentos em sua carreira, "que me trazem texturas, entendimento e um comportamento muito rico na construção na cultura. Seja no teatro na década de 50, seja com o movimento do Cinema Novo, onde éramos jovens liderados pelo Glauber (Rocha) e pelo Roberto Pires".

 


Lembrou que só com Cacá Diegues fez sete filmes. "Tenho noção que sou um cavalo. E o cavalo para o orixá baixar tem que estar ereto, cheio de luz. Esse corpo emana luz." Para o ator, o movimento o rejuvenesce e, para ele, o ontem é hoje.

 

"Estou tão jovem quanto ontem. A juventude me convida, me chama para participar de sua discussão e fazer parte desse processo, desse novo cinema que surge no Brasil. Agora estou sendo mais dirigido por mulheres (um dos filmes é “Dia de Jerusa”, de Viviane Ferreira). Para mim isso é consagrador."


• ANTICRISTO

Pitanga garante ser um homem de esperanças, mas, nos últimos dias, diante das ações do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e nos momentos de silêncio, tem se perguntado se o ser humano deu certo. Lembrou que, em sua juventude, diziam que o anticristo viria. "Será que ele não chegou e o anticristo é o Trump?", questiona.

 

 

"O Trump é destruidor. Como é que o cara expulsa imigrantes? A mão de obra americana é do imigrante. O cara que limpa a merda americana é o imigrante", afirma. "O capitalismo não tem coração. Mas tenho esperança de que vamos dar a volta por cima."

 

 

 

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