A música, em virtude do rádio, era uma das poucas opções de entretenimento nos anos cinquenta. Não satisfeita, se misturou com as artes plásticas nos anos sessenta e setenta. Já nos anos oitenta e noventa, se apaixonou pelo vídeo, pela MTV e seus derivados. Este namoro se tornou um casamento e todo sucesso musical passou a ter um videoclipe.

Com a chegada das redes sociais, na metade dos anos 2000, tudo mudou novamente. Voltou o namoro da música com o Lifestyle. Aquilo que se veste, come ou escuta virou imagem. Foi criado o termo "instagramável" e o conceito de "dancinha no Tiktok". Mas onde está a música, com tantas mudanças?



Ela se tornou o meio e, consequentemente, a fonte de renda para representantes sociais ou influenciadores. Escolher o meio musical como ferramenta foi fácil. É um segmento onde as regras são bem definidas, não tem preconceito e já existe um ecossistema lucrativo seja no modo on-line (streaming ) ou off-line (shows).

As canções se tornaram um mecanismo para posicionamento social ou estilo de vida, no qual as letras e as batidas são predominantes, deixando as melodias de lado. Ao voltar o namoro com o lifestyle, vieram as marcas conectadas a cada estilo musical e, juntamente com elas, as corporações que se interessam em saber quais os valores de cada geração, para criar novos produtos. A moda no mercado é produzir centenas de músicas por mês, será que precisamos de quantidade ou qualidade?

O mais importante é que o bom som sempre vence. Não interessa se está associado a um movimento social ou conectado com uma geração específica. Pode ter pouco mais de dois minutos e começar pelo refrão, ou durar uma eternidade de cinco minutos.

A música é maleável, adaptável e indestrutível. Tente viver sem música. Tente viver sem cantarolar uma boa melodia. Tente viver sem uma bela letra. A sensação de escutar algo que tenha um significado para sua vida é emocionante. Praticamente como uma tatuagem no seu corpo. Podem tentar fazer de tudo com a música, mas no final ela vence. "Já chorei ouvindo música e vendo fotos. Já liguei só para escutar uma voz. Já me apaixonei por um sorriso”. Charlie Chaplin resume bem a força sutil e vigorosa, ao mesmo tempo, do que vem das cordas vocais.

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