Discursos inflamados, provocações e até violência de líderes transformando debates políticos em espetáculos midiáticos rechearam recentemente páginas de jornais, sites e redes sociais.


Em meio a todo esse barulho e exageros, e pensando no lado corporativo, me veio à cabeça um tipo de liderança mais reservada, que valoriza a colaboração: a liderança silenciosa. Ela vai na contramão daquele estilo tradicional de líder absolutista, autoritário, que lidera pela imposição, algo que, na minha opinião, dá muitas margens para gerar erros.

 



 


Prefiro os gestores que ouvem, aprendem e abrem espaço para o diálogo, o que não reflete exatamente a realidade. Líderes tóxicos foram citados como um dos grandes desafios na gestão de pessoas, em uma pesquisa publicada pela Exame.


Recentemente, um artigo da Bloomberg falou sobre a morte prematura de Susan Wojcicki, aos 56 anos. Susan foi executiva do YouTube por quase 10 anos e cofundadora do Google.

 


Ela teve uma carreira notória, desenhou o que hoje são essas gigantes. E como cita o artigo, é lembrada por sua liderança silenciosa. Com perfil discreto, ela tinha o poder de “prosperar no caos, sendo a voz da razão” e privilegiava tomar decisões por consenso.


Sobre Susan, o youtuber Hank Green escreveu: “As pessoas sentem que a estrutura do mundo é inevitável, mas ela é construída por pessoas e o que vocês construíram sob a liderança silenciosa de Susan em um ambiente ridiculamente complexo é extremamente especial e muito acima do que outros criaram”(Bloomberg).

 


Outra liderança que também nos deixou há pouco tempo, Charlie Munger, “um visionário silencioso”, como descreveu a Forbes, é uma liderança de personalidade reservada, assim como Warren Buffett, seu parceiro. Eles moldaram o mercado financeiro com suas ideias e opiniões, sem aquele tom agressivo.
Por fim, não dá para deixar de falar de Bill Gates, que sempre demonstra muita tranquilidade, racionalidade e uma grande dose de inteligência estratégica.


Do meu ponto de vista, a figura da liderança silenciosa reflete mais que um perfil discreto, ela se concentra em ideias e ações que influenciam e tem o poder de conduzir, sem ter a necessidade de ordenar.

 


Afinal, como afirma o filósofo sul-coreano, Byung-Chul Han: “Quanto mais poderoso for o poder, mais silenciosamente ele atuará. Onde ele precisar mostrar sua força, é porque já está enfraquecido”.

 
compartilhe