O setor do turismo vive em um eterno paradoxo. Os municípios brasileiros pouco investem no desenvolvimento do setor, mas todos eles (ou quase) acham que estão prontos para serem visitados pelas suas maravilhas locais e seu povo hospitaleiro. E a verdade pode ser dura, mas precisa ser dita: turismo não é para todas as cidades!
O Brasil possui diversas atividades econômicas, e a nossa riqueza está dividida entre commodities, como falamos na última coluna, mas também em comércio e serviços. Essas últimas onde se concentram grande parte das atividades ligadas ao turismo. Entretanto, é preciso entender o turismo como um mercado, só assim ele receberá investimentos e a ele será dado o merecido valor. Neste sentido, é preciso entender que quando um município se aventura em se transformar em um destino turístico, em primeiro lugar ele está competindo com todos os outros do mundo! Sim, porque um turista tem um mapa-múndi em suas mãos. Essas são as suas opções e aos poucos ele vai decidindo, baseado em critérios próprios.
E o que o turista leva em consideração para decidir? Tempo e dinheiro são os itens mais clássicos e a partir daí muitos serão os critérios, sejam eles práticos ou mais subjetivos. Alguns deles são: a disposição de ir mais longe ou preferir ficar por perto de sua residência, as preferências pelo que chamamos de segmentos –natureza, cultural, religioso, etc – as limitações físicas, a companhia – se está sozinho, em família, com amigos ou em casal –se é possível chegar de carro, de trem ou de avião e tantos outros.
Porém, uma coisa é fato, destinos mais organizados tendem a chamar mais atenção de quem decide por um ou outro destino. Afinal, se sentir seguro ao viajar é um dos critérios dos viajantes. E estar seguro não está ligado apenas à integridade física, mas considera-se toda a facilidade em acessar os locais escolhidos, realizar reserva se ser bem recebido e atendido. Isso além de claro, de motivos suficientes para garantir lazer e diversão.
E é nessa operação que muitas vezes os destinos brasileiros falham, eles confundem o potencial de se tornar um destino turístico em um real destino turístico. O potencial é aquela fagulha capaz de se transformar em fogo, mas que uma simples brisa é capaz de apagar. Pelo nosso bairrismo e paixão pelo local onde nascemos, temos a tendência de achar que “assim já está bom” e assim vamos parando na fagulha quando podemos ser fogueira! Em época de eleições municipais vale muito refletir sobre o turismo, afinal por mais que se promovam países e estados, o turista vai de fato é para o município. Prefeitos que falam em turismo, mas não investem em recuperação de patrimônio, sustentabilidade ambiental, políticas públicas para o setor, envolvimento do trade e o pior, criam uma secretaria municipal de turismo com 2 servidores não merecem o seu voto.
Claro que é preciso pensar em saúde, educação e segurança, essas serão sempre as prioridades. Mas isso é o básico! Quando se fala em investimento em turismo, estamos falando de desenvolvimento econômico e social, e em possibilitar um futuro sustentável menos dependente dos commodities, tal qual fazem os países desenvolvidos. É preciso equilíbrio e esse equilíbrio precisa ser proposto e executado pelo município que vive o dia a dia com sua população.
Por isso, não há problema em não investir em turismo. Afinal, nem todos os mais de 5.000 municípios brasileiros possuem potencial ou querem ou conseguem investir nesse potencial turístico. Porém, caso haja uma decisão em investir nesse setor, que seja feito com profissionalismo e entendendo o poder de geração de emprego, renda, qualidade de vida e desenvolvimento para uma cidade.
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