Os Estados Unidos são um dos países mais visitados do mundo, figurando em 3º lugar de acordo com a Organização Mundial do Turismo e espera, em 2024, receber mais de 77 milhões de turistas estrangeiros, de acordo com o National Travel and Tourism Office – NTTO. Mas você já pensou por que temos tanta vontade de conhecer o país?

 

 

Em primeiro lugar é importante entender o que leva uma pessoa a decidir conhecer um lugar. E uma palavra é suficiente para isso: motivo! Sim, tudo que uma pessoa precisa para decidir conhecer um local é um ou vários motivos. Dinheiro e tempo já fazem parte da viabilização deste desejo. A grande sacada dos Estados Unidos e que a grande maioria dos destinos ainda não tive, é que o país é mestre em criar motivos.

 

Enquanto a maioria dos destinos, tanto no Brasil quanto no exterior, concentram seus esforços em entender o que possui de atratividade e como fazer disso um ativo turístico, o país norte-americano usa de diversas possibilidades interdisciplinares para atrair turistas. E um dos grandes motivos que faz com que as pessoas queiram conhecer o país que é tão extenso é o cinema.

 



 

Em 1895, os irmãos Lumière apresentaram ao mundo o Cinematógrafo, um aparelho capaz de projetar curtas-metragens em locais públicos. Esse momento emblemático marcou o início oficial da sétima arte, e as primeiras projeções públicas rapidamente conquistaram a imaginação do público. E desde então essa arte encanta a humanidade, seja na sala de cinema ou nos atuais streamings os filmes acontecem em lugares e esses cenários começam a fazer parte do nosso imaginário.

 

 

Você pode nunca ter ido em Nova York ou São Francisco, mas certamente quando pisar na Times Square ou andar no bondinho de São Francisco (o famoso Cable Car) terá a nítida sensação de já ter estado por ali. E na verdade você já esteve, através dos inúmeros filmes que se passaram nestes locais. E assim acontece país afora! Quem não quer ir a Las Vegas “deixar em Vegas o que acontece em Vegas”? Ou visitar Utah para reviver os faroestes americanos ou o recente “Yellowstone”? Que inclusive entrou em refrão de sertanejo universitário brasileiro.

 

Entendendo a importância do cinema para o turismo, e por sua vez, do turismo para o desenvolvimento local, os destinos americanos conseguem trabalhar no longo prazo para criarem histórias memoráveis junto à indústria do cinema. É o caso da Utah Film Commission, que foi formada em 1974 e faz parte do Gabinete de Oportunidades Econômicas do Governo de Utah e do Gabinete de Turismo de Utah.

 

 

A missão da instituição é promover todo o estado para a produção cinematográfica, televisiva e comercial e promover o desenvolvimento de talentos, equipes e indústria locais. Ou seja, além de promover a geração de empregos e renda durante as produções cinematográficas, os filmes funcionam como verdadeiras ações promocionais destes destinos. E vamos combinar que assistir a um filme em um lugar bacana é bem mais interessante do que assistir a um programa de turismo que só mostra os lugares, não é? O filme nos envolve, pois tem enredo, personagens, fotografia e claro, as locações, que em breve entrarão nos nossos planos de viagem.

 

Não à toa Universal e Warner Bros são estúdios que já se transformaram em verdadeiros parques temáticos. Filmes são transformados em cidades e brinquedos, como é o caso de Harry Potter, onde você pode tomar a cerveja amanteigada e andar na montanha-russa do bruxo. Ver os personagens que nos envolvemos assistindo aos filmes passeando pelos parques da Universal é emocionante, acredite. Você pode achar que não, mas vai querer sim tirar fotos com o Holmer Simpson ou o Shrek na hora que pisar no parque.

 

 

E o país ainda foi além ao criar motivos para as nossas viagens. Os jogos do passado e do presente também se tornaram grandes motivações. A geração PlayStation se encontra com a geração Super Nintendo no Super Mário Bros. O bigodudo encanador italiano existe desde a década de 80, e recentemente teve sua última versão lançada, o Super Mário Bros Wonder. Junto a isso, veio o filme e claro, uma área temática na Universal Los Angeles totalmente dedicada ao jogo. Ou seja, adultos na casa dos 30-40 anos e crianças e adolescentes desta geração (ou seja, seus filhos) conseguem ter um motivo em comum para visitar o parque e assim agradar a todos nas viagens em família. O país transita pelos motivos dos grandes parques e grandes destinos, até locais pitorescos que estão no imaginário dos turistas, como a escada de incêndio do prédio de Vivian, de “Uma Linda Mulher”, em Los Angeles e a fachada do prédio do seriado Friends, em Nova York, todos pontos de visitação.

 

Além disso, o país arremata com uma bela promoção de seus destinos com iniciativas promocionais e publicitárias em grande escala, como foi o caso da IPW, a maior feira de destinos americanos do país, que este ano aconteceu em maio, em Los Angeles. O evento reuniu destinos e empresas de turismo americanos que se apresentaram para o trade e para a imprensa mundial, através de coletivas, reuniões individuais e estandes promocionais. Só a delegação brasileira ultrapassou 70 veículos de imprensa e produtores de conteúdo. Se isso não é estratégia inteligente, o que mais seria?

 

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