O time azul deixou para as últimas seis rodadas a possibilidade de escapar do rebaixamento, com emoção, sofrimento e terror. Um roteiro parecido com o dos filmes de Alfred Hitchcock, que a torcida preferia não ter que assistir.
Em seis jogos, precisa vencer três para não correr nenhum risco e, analisando a tabela, terá que começar pelo Fortaleza, hoje, no Castelão, passar pelo Vasco, quarta-feira, no Mineirão vazio, por causa da punição preventiva do STJD, proporcionada pelos “bandidos, travestidos de torcedores”, que invadiram o campo da Vila Capanema para brigar – no Brasil o poste mija no cachorro, pois ao invés de identificar e punir os bandidos, eles punem o clube e os torcedores de bem – e ganhar do Goiás, que também briga para não cair.
Vencendo esses três jogos, chegará aos 46 pontos e estará livre de qualquer possibilidade de queda. Aí, é respirar e pedir a Ronaldo para sumir do clube, vender a sua parte, que aliás ele não pagou, e pedir ao eterno Pedro Lourenço que seja o dono do clube. Ele sim, cruzeirense de verdade, que conhece a história, a tradição e as glórias do Cruzeiro.
Há ainda partidas contra Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras. Mas, teoricamente, é mais fácil vencer Fortaleza, Vasco e Goiás do que os outros. Isso na teoria, porque na prática não há jogos fáceis. Todos brigam por alguma coisa na tabela. Eu avisei, lá atrás, que o Cruzeiro deveria resolver sua vida e não esperar as rodadas finais, pois se entrasse no Z4 dificilmente sairia. E não deu outra. Está há apenas duas rodadas no inferno, e tem seis jogos pela frente, enquanto os concorrentes têm quatro. Espero estar enganado, mas acho difícil uma vitória sobre o arrumado Fortaleza, e também contra o “cheio de fome e vontade” Vasco. Sim, o time vascaíno tem gana, “come a grama” e joga sua vida para não cair. Os jogadores do Cruzeiro, ao contrário, parecem estar conformados e desmotivados. Paulo Autuori, que assumiu agora, pode ser o fato novo para dar ânimo, gás e um pouco de qualidade a esse péssimo time. O Cruzeiro, gigante que é, não poderia ter um time de série B disputando na elite. Coisas de quem não sabe gerir um clube de futebol.
Trabalhando com o futebol e fazendo um jornalismo sério há 45 anos, com prêmios conquistados, 73 países visitados e 285 coberturas internacionais, a gente deve ter aprendido um pouco e temos que mostrar a realidade. Vasco e Goiás evoluíram e o Cruzeiro involuiu. Aliás, o Vasco tem das melhores campanhas do returno, ao contrário do time celeste. Vi alguns dos últimos jogos do Goiás. O time cresceu muito. Os jogadores querem escapar da queda, ainda mais com a possibilidade de acesso do Atlético Goianiense. Já o Cruzeiro parece um bicho preguiça, uma tartaruga, que vai na bola sem vontade e numa falta de comprometimento impressionante. Os jogadores parecem não conhecer a história do clube, mas não são culpados e sim quem os contratou. São jogadores para times da Série B e não para o gigante das Minas Gerais. Gostaria de estar otimista, embora eu vá torcer muito para o Cruzeiro vencer esta tarde. Porém, com a vivência que tenho e pelo que vejo do time, acho improvável, mas não impossível.
Se for esperar para decidir a vida nos três jogos finais, aí nada feito, é queda mesmo, pois, pelo jeito a competição será decidida na rodada final, com Botafogo e Palmeiras na briga pela taça. Alguém em sã consciência acredita que o Cruzeiro, com esse time fraco, vai ganhar dos dois postulantes ao título? É vencer os três próximos jogos ou esperar pela degola nas rodadas finais. Não há outro caminho. Se quiser mesmo se manter na elite, os jogadores precisam comer grama. Autuori é um gentleman, faz bem ao futebol, vencedor e ético, mas ele não faz milagres. Ponham Guardiolla para dirigir esse time e ele perderá todo o prestígio que ganhou no futebol. Esse Cruzeiro é dos piores da história, e os jogadores estão envergonhando os 9 milhões de torcedores do bem, da verdadeira China Azul. Como escrevi acima, é vencer Fortaleza, Vasco e Goiás, salvar o ano e exigir a renúncia de Ronaldo. Como jogador ele foi genial, dos melhores da história. Como gestor, apenas mais um, dos tantos cartolas fracos que existem no futebol brasileiro.