O futebol brasileiro agoniza com jogos sofríveis, desorganização, dirigentes amadores, nível técnico na lama, arbitragem abaixo da lama e jogadores medíocres. Sim, se alguém disser o contrário é porque não conhece a nossa história, que nos tornou pentacampeões do mundo. Até 2006, ainda tínhamos craques identificados com a torcida brasileira, mesmo atuando no exterior. De lá para cá, a safra esgotou. Culpa de dirigentes que não investem em divisões de base, dos construtores, que tomaram os campos de peladas de rua para a construção de arranha-céus, e dos treinadores, que não dão o fundamento aos atletas de hoje. Temos visto alguns deles dominando a bola na canela. Os caras têm vergonha de se aprimorar no cabeceio, no domínio de bola, no passe, na tabela.
Não “conhecemos” o campeão na última rodada, o que para muitos é emocionante. Na verdade, o campeão é o Palmeiras, pois imaginar que Atlético e Flamengo possam tirar uma diferença de 8 e 16 gols para o Porco, respectivamente, é brincar com a verdade. E, cá pra nós, o Cruzeiro não tem time para enfiar um 4 a 0 no time paulista, e nem o Galo para meter 5 no Bahia, que luta desesperadamente para não cair. Sei que o torcedor cruzeirense até torceria por derrota do seu time para evitar um título alvinegro, mas os jogadores jamais. Gostei da declaração de Juninho, do América, na vitória do rebaixado Coelho sobre o Bahia, no domingo. “Aqui não aceitamos dinheiro para vencer jogos. Somos profissionais, temos filhos, esposa, família. Somos homens e nossa obrigação, independentemente da situação, é jogar sempre para vencer”. Dignidade não faltou aos jogadores do América. E, já escrevi sobre isso: não sei como o América caiu fazendo tantos jogos bons. Algo inexplicável, assim como a perda do título pelo Botafogo.
Nem mesmo a chegada das SAFs tem nos dado um rumo certo. Imaginei que elas moralizariam nosso futebol, mas o que temos visto mostra o contrário. As SAFs de Cruzeiro e Vasco são péssimas. A do Botafogo ainda engatinha, assim como a do Bahia. O Cruzeiro montou um time vergonhoso, se nível B, na elite, e sofreu até a penúltima rodada. Escapou da queda muito mais pela ruindade dos concorrentes, do que pelos seus méritos. Vasco, Bahia e Santos disputam a manutenção na elite, nesta última rodada. Apenas o Santos, Flamengo e São Paulo jamais caíram. O Vasco, se cair, vai pedir música dupla no “Fantástico”, pois será seu quinto rebaixamento.
O artilheiro da competição, aliás, o excelente Paulinho, com 19 gols, tem média de meio gol por jogo, o que é muito baixo. Para vocês terem uma ideia, Reinaldo, o grande Rei do Galo, em 1977 marcou 28 gols em 18 jogos, média de um gol e meio por jogo, média dos jogadores que atuam nos grandes clubes da Europa. Isso comprova tudo que tenho escrito ao longo desse ano. Temos um futebol pobre, onde tabelas, dribles e gols andam sumidos. Treinadores brasileiros desmoralizados, haja vista que tivemos 13 técnicos estrangeiros nesse Brasileirão. Só mesmo a geração “Nutella”, que tem menos de 30 anos, para se contentar com essa mediocridade, lotando estádios. A carência de diversão, no país do faz de conta, da corrupção, da “rachadinha”, da violência, do feminicídio, faz com que os torcedores se contentem com essa mediocridade. É aquele ditado: “como fazer a mosca entender que um ponte de mel é melhor que um pote de merda”. Só mesmo quem viveu a época de ouro do nosso futebol pode entender o que estou escrevendo. Parabéns, Palmeiras, legítimo bicampeão, sua presidente, Leila Pereira, honra o nome do clube com gestão austera, transparente e, acima de tudo, competente. Que ela sirva de exemplo para os seus pares. O Flamengo ficou só no "cheirinho". O Atlético no "eu acredito" e a torcida do Palmeiras na certeza!