O atacante Gabigol é um dos ídolos da torcida do Flamengo -  (crédito: Mauro Pimentel/AFP - 17/09/2023)

O atacante Gabigol é um dos ídolos da torcida do Flamengo

crédito: Mauro Pimentel/AFP - 17/09/2023

A temporada 2024 do futebol brasileiro começou com os falidos, retrógrados e ultrapassados campeonatos estaduais. Eles só existem porque também há as federações, que servem apenas para eleger o presidente da CBF. Coisas de Brasil. No mundo inteiro há os campeonatos nacionais e as Taças e Copas. Somente no Brasil ainda mantemos os estaduais.


O Flamengo, por exemplo, em busca de dinheiro, estreou em Manaus, diante de quase 45 mil pagantes e uma renda de mais de R$ 6 milhões. Fosse no Maracanã, o prejuízo seria líquido e certo. Não sei até quando teremos ainda esse tipo de competição, mas que é um retrocesso, não há dúvida.

 


Deveríamos adequar o nosso calendário ao europeu, com férias em julho. Sim, já que a grande maioria dos jogadores curte férias no exterior. Haveria mais datas para os jogos, Brasileirão somente nos fins de semana e as Copas no meio de semana. Menos contusões, gramados melhores e, consequentemente, o nível técnico cresceria.


Conforme escrevi na coluna de ontem, é inadmissível ter, atuando no futebol brasileiro, uma geração fracassada e que protagonizou o maior vexame da história da camisa amarela, naqueles 7 a 1 aplicados pela Alemanha.


Se o brasileiro tem memória curta, a minha está muito boa, obrigado. Daquela turma que nos envergonhou no Mineirão, ainda estão em atividade no país David Luiz, Marcelo, Fernandinho, Luiz Gustavo, Hulk, Paulinho e Bernard. Apenas o último ainda atua no exterior, mas está prestes a voltar ao Galo.

 


E o que é pior: alguns deles ainda conseguem jogar bem, pois no combalido futebol brasileiro há espaço. Para a Europa, não servem mais. Esses caras vão desfilar na temporada, pelos gramados brasileiros, e serão aplaudidos como se fossem heróis, ganhando salários astronômicos. Por isso, os clubes estão quebrados, de pires na mão, pois as gestões são irresponsáveis.


A minha geração viveu a melhor fase do nosso futebol, por isso sou mesmo um saudosista nato. Vi dois craques por posição nos grandes times e, mais que isso, vi Flamengo, São Paulo, Atlético Mineiro, Cruzeiro e outras grandes equipes formarem grandes gênios da bola, mantendo-os por uma década.
Naquele tempo, o jogador só saía para o exterior aos 28 anos. Foi assim com Zico, Cerezo, Falcão e outras feras. Hoje, os poucos talentos saem jovens, menores de idade, como Endrick e Vini Júnior, do Real Madrid.


A geração, que chamo de “Nutella” se conforma com tudo. Bate palma para os desmandos de Neymar, puxa o saco de Gabigol e outros jogadores que se deram mal no exterior. Como acham que Messi e CR7, que realmente são geniais, “inventaram o futebol”, não se interessam em saber quem foi Reinaldo, um dos maiores atacantes do mundo em todos os tempos, Zico, Rivelino e outras feras.


A mediocridade impera de Norte a Sul do país, e se você posta um comentário nas redes sociais mostrando os velhos tempos é massacrado. Ainda bem que Umberto Eco, poeta e escritor italiano, escreveu: “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”. Portanto, é não se importar com o que os “imbecis” pensam.


Vamos completar 24 anos sem ver a cor da taça do Mundial, que é o que importa de verdade. Em 2026, na Copa dos Estados Unidos, México e Canadá, igualaremos o período de jejum de 1970 a 1994, uma triste marca.


Com a prerrogativa de quem acompanha a Seleção Brasileira pelo mundo há 45 anos, não acredito em título tão cedo, embora tenhamos Vini Júnior, Rodrygo, Endrick e Vítor Roque, uma safra inspiradora e competente. Os dois primeiros, já consagrados na Europa. Os dois últimos, chegando agora, mas com boas chances.


Há ainda Paquetá, que vai bem na Inglaterra. Não temos um bom goleiro, laterais e zagueiros de qualidade. Confio no trabalho de Dorival Júnior, mas a safra não é das melhores. Se compararmos com as seleções de 2002 e 2006, estamos bem aquém do que desejamos. É preciso achar essas peças e aposentar Alisson, Marquinhos, Casemiro e outros que não têm mais condições de vestir a camisa amarela.


Espero mesmo que Dorival não se torne refém de Neymar, como fizeram Tite, em seis anos, e Fernando Diniz, em seis jogos. O novo comandante da Seleção Brasileira já declarou que o “Brasil precisa encontrar um caminho para jogar sem depender de Neymar”. E ele está certo.


Neymar foi um fiasco em três Copas do Mundo, com futebol pobre e o famoso “cai-cai” no Mundial da Rússia, quando virou chacota mundial. Neste momento, o vejo como um ex-jogador em atividade, mas confesso que gostaria de vê-lo como protagonista em 2026, aliado à geração que citei mais acima.


Um time com ele no meio, Vini Júnior e Rodrygo nas extremas e Endrik de centroavante poderia sonhar com algo melhor. Infelizmente, tenho um palpite de que França e Inglaterra farão a final de 2026. Acertei, quatro anos antes, que Alemanha e Argentina fariam a final da Copa de 2014, assim como França e Argentina fariam a final de 2022. Espero errar dessa vez, mas os franceses têm uma geração fortíssima, e os ingleses, um belo time, e um treinador espetacular.


Vou torcer pelo meu amigo Júnior, para que ele tenha sucesso no comando do time canarinho. Competente, educado, polido e transparente, e que não aceita convocação feita por “empresários”, acho que encontramos o técnico certo para esse momento tão delicado.


Quanto aos estaduais, fiquem com eles e façam bom proveito. É o tipo de competição que não me atrai e que não tem o menor apelo. Mas existem para os presidentes de federações elegerem o presidente da CBF. Um dia, com certeza, esse vício vai acabar e nos tornaremos um país mais decente no futebol.