Maior ganhador dos títulos estaduais em Minas Gerais, o Galo começa hoje sua caminhada rumo ao pentacampeonato da competição, feito conseguido pela última vez na década de 1980, com aquele fantástico time comandado pelo eterno presidente Elias Kalil. Um time que tinha Cerezo, Reinaldo e Éder, entre outros craques. Tempos maravilhosos, de uma equipe espetacular, que batia de frente com o Flamengo, de Zico, Júnior e Adílio. Uma pena que no meio do caminho havia um árbitro covarde e desqualificado, José Roberto Wright, que tirou a chance de o Atlético avançar na Libertadores de 1981 e, quem sabe, ser campeão mundial. Vale lembrar que os jogadores rubro-negros não tiveram culpa de nada. A lambança e a péssima arbitragem, para a maioria dos atleticanos, venal, foi única e exclusiva do tal Wright. Galo e Urubu eram a base da Seleção Brasileira de 1982, de Telê Santana, que é apontada como uma das cinco melhores de todos os tempos, mesmo não ganhando a taça.


O Galo atual está muito organizado. Uma casa própria de primeiro mundo, um time forte, em condições de brigar por todas as taças que vai disputar. Se vai ganhar ou não é outra história, mas tem o melhor time do estado e um dos melhores do país. A contratação de Gustavo Scarpa, na minha visão, foi a melhor entre os clubes brasileiros. Vejam bem: Scarpa é muito bom para o futebol do nosso país e vai formar um trio maravilhoso com Hulk e Paulinho. Para a Inglaterra e Grécia, ele não serviu. Assim como Paulinho não serviu na Alemanha. Por isso digo sempre que o nosso futebol, tecnicamente, está na lama, em relação ao europeu. Mas isso é assunto para outra coluna. Hoje eu quero falar que acho difícil alguém tirar o mineiro deste ano do Atlético. A realidade em relação ao maior rival, Cruzeiro, é que neste momento o alvinegro tem mais time, mais banco, mais grupo, mais diretoria, mais tudo. Contra fatos não há argumentos.


A estreia será esta noite, em Patrocínio, contra o Patrocinense. No interior, há sempre uma dificuldade maior, e em estreia há um certo nervosismo. Mas, com a bola nos pés, o Galo é infinitamente superior e não deverá encontrar dificuldades para conseguir os três primeiros pontos. Não vejo o América em condições de derrubar o alvinegro, assim como o Cruzeiro, embora no Brasileirão passado as duas equipes praticamente tiraram a chance de título do alvinegro. No futebol nada é impossível, pois existe o imponderável. É sabido que eu não aceito os campeonatos estaduais. Dizer que o Mineiro, o carioca, o Baiano, o Paulista são competições fortes é querer chamar o torcedor de idiota. Nas décadas anteriores a 1990, os estaduais valiam mais do que o Brasileirão. O mundo mudou e a realidade também é outra. Os estaduais só existem porquê há as federações. Em nenhum outro lugar do Planeta Bola tem essas associações. São os presidentes das federações que elegem o presidente da CBF, com peso de voto 3. Os clubes da Série A tem voto com peso 2, e os da série B, peso 1. Vale lembrar também que a CBF dá uma “mesada” mensal aos presidentes das federações. O ideal seria o fim de tais instituições e a CBF cuidando apenas da Seleção Brasileira. Os clubes precisam se organizar, parar de picuinha mesquinha e formar a Liga. Eles têm que cuidar dos seus próprios destinos. Um Brasileirão de agosto a junho, com jogos só nos fins de semana e as Copas no meio de semana. A qualidade técnica iria subir, os jogadores sofreriam menos contusões, e os treinadores teriam mais tempo para ajustar suas equipes. Sim, o calendário tem que se igualar ao europeu, já que os jogadores brasileiros tiram férias em dezembro e vão para o exterior. Poderiam fazer isso em julho e aproveitar o verão europeu ou dos Estados Unidos.


O Cruzeiro também estreia hoje, contra o Villa Nova. O time está sendo reformulado, o técnico é uma incógnita, mas vejo torcedores esperançosos. Tem uma garotada boa na base. O time sub-20 chegou a final da Copinha para encarar o Corinthians, amanhã. Confesso que não sei nada do atual treinador e vejo o Cruzeiro atrás de muitas equipes no quesito contratações. Reconheço a dificuldade financeira, mas esse gigante, o time que tem mais taças nacionais e internacionais nas Minas Gerais, deve ser tratado como tal. O torcedor não vai aceitar apenas figurar nas competições. Ano passado, nem entre os quatro do Mineiro a equipe ficou e brigou até a penúltima rodada do Brasileirão, para não cair. O que se espera de Ronaldo, dono majoritário, é que ele aporte dinheiro no clube, pois, até aqui, não pôs uma quantia significativa. Não há o que fazer. Já que o que temos é o retrógrado, falido e ultrapassado Campeonato Mineiro, vamos acompanhar. Qualquer coisa diferente de Galo campeão, será zebra.

 

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