A geração “Nutella” insiste em encher estádios, mostrando a carência por diversão no país da mentira, do faz de conta, do pão e do circo, onde um trabalhador recebe um salário-mínimo de fome, que mal dá para a cesta básica. Mesmo assim, alguns milhões de irresponsáveis tiram o pão e o leite de casa para comprar ingresso de futebol e ver seu time jogar. No domingo, tivemos mais uma comprovação do fracasso do futebol brasileiro, com a eliminação do Brasil no Pré-Olímpico, em derrota para a Argentina. Não estaremos em Paris, assim como não estivemos em Atenas. Ganhamos dois ouros seguidos.
Na Olimpíada do Rio de Janeiro, quando empatamos com Iraque e fizemos uma campanha pífia, batendo a Alemanha D, nas penalidades, comemoramos o ouro inédito como se fosse a Copa do Mundo. E ganhamos em Tóquio, na Olimpíada da pandemia, sempre com três jogadores com idade acima de 23 anos – inclusive, Daniel Alves, que, muito provavelmente, será condenado por estupro, em Barcelona, e deverá pegar pena bem alta. Ou seja, ganhamos dois ouros sem termos um futebol brilhante.
No Pré-Olímpico disputado na Venezuela perdemos para o Paraguai e Venezuela, na primeira fase, vencemos os venezuelanos no quadrangular e perdemos para a Argentina e Paraguai. Três míseros pontos que nos alijaram de Paris. O futebol brasileiro está carente, dá um vexame atrás do outro e não nos aponta um caminho de recuperação.
Estamos sucateados em todas as divisões e só nos falta não irmos a Copa do Mundo. Porém, com o aumento no número de vagas no torneio, seis seleções se classificam diretamente. Uma ainda pode chegar lá pela repescagem. Hoje estamos na sexta posição, atrás, inclusive, da Venezuela, onde o esporte número 1 é o beisebol, o segundo é o boxe, o terceiro o ciclismo e o quarto o futebol. Viramos saco de pancadas de quem quiser nos enfrentar.
Felipão tem responsabilidade enorme nisso, pois depois dos 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo, no Mineirão, o povo perdeu o amor pela Seleção, e nosso futebol decaiu a cada ano. Mano Menezes também tem culpa por ter deixado terra arrasada nos dois anos em que comandou nosso escrete, e Tite pôs a pá de cal, ao ficar seis anos viajando em primeira classe, se hospedando em hotéis 6 estrelas, tomando bons vinhos e deixando nosso time fraco e vulnerável. Sem esquema de jogo, com duas eliminações nas quartas de final para seleções de segunda linha do futebol mundial, Bélgica e Croácia.
Coincidência ou não, Felipão, Tite e Mano Menezes são gaúchos, daquela escola do “pega, mata a jogada”, sem nenhum esquema de jogo de qualidade ou variações táticas inteligentes, como fazem os técnicos europeus. O futebol gaúcho sempre foi de força e pouca técnica. E ainda tivemos Dunga, anteriormente, para completar o pacote desses técnicos.
Felipão ainda teve o mérito de ganhar o penta. Mas, com Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e companhia, acho que nem de técnico precisava.
Achei que tínhamos chegado ao fundo do poço nos 7 a 1, mas percebi que o fundo do poço ainda é mais profundo. Dez anos depois daquele vexame histórico, a maior vergonha do esporte mundial e da nossa Seleção, nosso futebol repatria “ex-jogadores em atividade, paga fortunas, a bola rola 45 minutos em 90, uma falta atrás da outra, com média de 40 por jogo, técnicos preguiçosos e sem esquema tático moderno e dirigentes amadores.
Por tudo isso, estamos na lama. O Flamengo, tido e havido como o grande time do país, tem um esquema de jogo pífio, e, mesmo com tantos jogadores badalados, mostra futebol pobre sob a batuta do péssimo Tite. Sim, no futebol brasileiro os péssimos treinadores “caem pra cima”. Fracassam em clubes ou seleção, e são contratados por outro, ganhando até mais do que ganhavam onde fracassaram.
Ramon, Endrick e companhia verão a Olimpíada de Paris pela TV. O futebol deveria ser extinto dos Jogos Olímpicos, com a entrada do futsal, pois o esporte bretão já tem a Copa do Mundo. Mas, independentemente disso, é uma vergonha o Brasil não ir aos Jogos.
Torço muito por Ednaldo Rodrigues, Dorival Júnior e sua equipe, mas o estrago feito pelos antecessores foi grande, e não consigo vislumbrar evolução a curto prazo. Pobre futebol brasileiro, tão maltratado nas quatro linhas, comandado por muita gente milionária, que nunca deu um chute na bola e nem sabe que o cara em campo, que não toca nela, é o árbitro.
Quem viu, viu, quem não viu, nunca mais verá o campeoníssimo e badalado futebol brasileiro que tinha, num passado não muito distante, pelo menos dois craques por posição. Hoje, não temos nenhum grande jogador no país da mentira, do faz de conta e da corrupção.