Domingo, o Mineirão será palco da decisão da Supercopa, reunindo o São Paulo, campeão da Copa do Brasil, e o Palmeiras, campeão brasileiro de 2023. Assisti a um vídeo, esta semana, em que um oficial da Polícia Militar de Minas Gerais se reuniu com integrantes de duas facções das equipes citadas, para definir questões de segurança. Eu acho curioso: Atlético, Cruzeiro e FMF dizem que não podem receber as duas torcidas do estado, mas o nosso maior palco vai abrigar duas das torcidas mais violentas do país, e eles ainda terão segurança, dada pelas autoridades.




Claro que a PM está no seu papel de organizar tudo e evitar qualquer tipo de violência, mas eu acho “curioso” o fato de não termos segurança para a população de bem, torcedores anônimos, que pagam seu ingresso e querem apenas torcer. Mas para os “bandidos, travestidos de torcedores”, toda a proteção é dada, desde a chegada no estado de Minas Gerais até a volta para casa, com escolta e tudo o mais. Na realidade, é o “poste mijando no cachorro”. Torcedores do bem acuados, presos em casa, e essas facções ditando o que querem fazer.


Realmente estamos vivendo um processo de implosão do nosso futebol. Certa vez, um grande comandante da PM me disse: “Jaeci, a gente escolta essas facções para evitar que haja brigas, confrontos e mortes”. Ora, meus amigos e minhas amigas, quem tem que ter proteção é o cidadão de bem, o pagador de impostos e ingressos. É sabido que tais facções vão para “matar ou para morrer”, como elas mesmo entoam em cânticos. Não respeitam ninguém: já vimos crianças e senhoras, acuados, quando há briga no estádio.


Então quer dizer que nossa PM, que eu sempre considerei e considero a melhor do país, vai dar segurança aos torcedores do Palmeiras e do São Paulo que forem ao Mineirão, domingo, mas essa mesma polícia não pode dar proteção aos torcedores de Atlético e Cruzeiro, que deveriam dividir o estádio do Galo, no sábado. Realmente, tentar explicar isso para um gringo seria uma das tarefas mais difíceis da história.


Todos os jornalistas do bem estão indignados com mais um clássico com apenas uma torcida. Isso implica dizer, como escrevi outro dia, que a sociedade de bem perdeu a guerra para os bandidos. Eles invadem campos, estádios, CTs, e nada acontece. Ameaçam jogadores, dirigentes, e não são punidos. Uma dessas facções chegou a invadir um motel e bater o jogador Luan, quando este atuava pelo Corinthians. Pergunte se algum deles foi preso? Um deles foi flagrado com arma de fogo, mas foi como se nada tivesse acontecido. Todo mundo sabe que são as facções organizadas as responsáveis pela desordem, brigas e matanças no futebol brasileiro, mas as autoridades preferem jogar a sujeira para debaixo do tapete, fingindo que nada está acontecendo.


Dirigentes lavam as mãos e preferem mesmo clássico com uma única torcida, ainda mais depois que os bandidos quebraram cadeiras e depredaram a belíssima casa nova do Galo. Tivesse a polícia prendido os depredadores, encaminhando-os à Justiça para a devida punição, garanto que ninguém mais quebraria cadeiras ou destruiria um patrimônio alheio. Porém, como nada acontece, os bandidos vão continuar fazendo arruaça. Vale lembrar que torcida única não é sinal de segurança, pois já vimos várias facções do mesmo clube, brigando entre elas.


O Flamengo jogou contra o Orlando City, lá em Orlando, e houve brigas num lugar com mais de 20 mil flamenguistas. Isso não é comum aqui e as autoridades já soltaram nota, dizendo que “os clubes brasileiros não serão bem-vindos aqui.”


Nos Estados Unidos não se pode brigar, chegar às vias de fato. Os brigões são algemados e presos. Isso nos envergonha, pois morando aqui há 7 anos, e já como cidadão americano, nunca vi uma briga sequer nas arquibancadas em jogos da MLS. Bastou uma equipe brasileira jogar por essas bandas que logo a violência chegou junto. Lamentável! Bom, é isso. Gostaria de entender os motivos de as autoridades de BH darem proteção no clássico São Paulo x Palmeiras, no Mineirão, mas não fazerem o mesmo na Arena do Galo. Com a palavra, as autoridades mineiras.

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