O ciclo de Dorival Júnior na Seleção Brasileira já começou e a primeira convocação aconteceu na sexta-feira, na sede da CBF. Ele esteve na Europa, recentemente, visitando clubes, jogadores e conhecendo a estrutura de cada um. Gostei da sua primeira lista e vou torcer muito para tudo dar certo e o Brasil resgatar o amor do torcedor pela camisa amarela, tão banalizada ultimamente. Convocou alguns jogadores que atuam no futebol brasileiro, inclusive o goleiro Rafael, do São Paulo. Não gostei de Danilo, Casemiro e Marquinhos, fracassados em seleção. Mas, como ele mesmo disse, “não pode jogar tudo no lixo e só chamar jogadores que nunca foram convocados. Eu chamaria Vítor Roque para o lugar de Richarlyson.
Dorival Júnior é um cara extremamente ético, correto e competente. Em 7 meses, conseguiu transformar o Flamengo, que não tinha comando, num supertime, ganhando a Libertadores e a Copa do Brasil de 2022. Foi covardemente demitido e nem assim falou mal da atual gestão do clube, que conta com Landim, Marcos Braz e Spindel, três caras que fazem mal ao futebol. Foi para o São Paulo, onde conquistou, novamente, a Copa do Brasil, em cima do Flamengo. Vejam o que é o destino. Com esse trabalho maravilhoso nos últimos dois anos, chegou à Seleção para conduzir nosso time ao hexa. Converso com ele quase todos os dias, por mensagem ou por telefone, e, sempre solícito, está disposto a ouvir as sugestões. Claro que não me meto em convocações ou coisa parecida. Não posso ser invasivo e respeito muito o trabalho dele. Mas, como estou atento a tudo, outro dia mandei uma mensagem dizendo que o técnico da Seleção da Itália proibiu o vídeo game na concentração na Eurocopa, que será disputada na Alemanha. Ele achou a ideia ótima. Também sugeri que se acabe com as dancinhas e os cabelinhos pintados. Isso pode sim acontecer, depois de ganharmos o Mundial, jamais antes. Dorival não vai entrar na onda de Tite, que “dançou o pombo” e foi eliminado da Copa do Catar, enquanto Messi, que não dançou nada, levantou a taça.
É preciso dar um basta nessa geração “nutella”, que acha que pode tudo. Os caras são uma “máscara” só e se acham acima do bem e do mal. Entendemos a juventude e sabemos que as coisas mudaram muito, mas é preciso mais comprometimento, pois com a camisa amarela o atleta está representando o povo brasileiro e o país. Não cabem danças em momentos inoportunos, fones de ouvido, para não atenderem a imprensa e cabelinhos pintados a cada jogo. Não é concurso de beleza, é Copa do Mundo. Se o cara não puder se comportar e se disciplinar em um mês de competição é melhor nem estar lá. Vivemos um mundo diferente, onde muito jovens, os atletas ficam milionários, mas, é preciso comprometimento quando o assunto é Seleção. Há direitos e deveres, mas essa geração aí só pensa nos direitos. Dorival Júnior vai dar um basta nisso. Ele é um paizão, mas sabe ser duro quando necessário. Não é um cara rancoroso, pois se fosse, não convocaria Neymar, e vai chamá-lo tão logo seja possível. Ele sabe que Neymar em forma é craque e que pode fazer a diferença sim. Ninguém contesta isso e sim o péssimo comportamento do nosso único fora de série. Será convocado depois de agosto, quando se recuperar da cirurgia no joelho, mas terá que seguir à risca a cartilha determinada por Dorival. Não terá privilégios e sim muitas obrigações, como os demais.
Vejo um novo ciclo começando, com o cara certo, no lugar certo. Dorival Júnior é o melhor técnico do futebol brasileiro e consegue equilibrar os setores de uma equipe, de forma isônoma. Não temos bons laterais e zagueiros. Precisamos encontrar essas peças. Do meio para a frente temos muitas opções, mas é preciso que todos façam na seleção o que fazem em seus clubes. Dorival não vai querer nada diferente disso, mas o comprometimento terá que ser alto. “Paizão” não significa que ele não vai exigir. Vai exigir e muito. Ele disse em sua apresentação que a “seleção não é do Dorival e sim do povo brasileiro”. Ele está certo. Não há como não torcer para um cara desses. Excepcional caráter, técnico competentíssimo e de muito diálogo. Vou apoiá-lo em tudo o que precisar, pois acredito no trabalho dele. Me garantiu que o Brasil estará na final, em Nova Jersey, em 2026, e eu quero acreditar nisso. Se as peças encaixarem, Neymar se dispuser e ser protagonista, Vini Júnior e Rodrygo continuarem a jogar o que estão jogando, as chances aumentam. Meu caro Dorival, minha torcida por você é imensa. Nossa amizade é de décadas, o que é muito raro no futebol, pois as pessoas só querem elogios e bajuladores. Meu elogio e críticas serão no mesmo tom, como faço em toda a minha carreira. Mas, é claro, terei um carinho especial sempre que falar de você. Gosto de gente que olha no olho, que é transparente e competente. Nesse quesito, você é nota 10.
“Natal rubro-negro”
Hoje é aniversário de um dos maiores jogadores de todos os tempos, Arthur Antunes Coimbra, nosso Zico, ídolo de uma geração que considera que o torcedor do Flamengo tem “dois Natais”. O 25 de dezembro e o 3 de março, dia do aniversário do Galinho de Quintino. Tive o prazer de ver o começo da carreira dele quando ia ao Maracanã e assistia as preliminares dos juvenis e juniores, e ele já nos encantava com seus dribles e gols. E de cobrir grande parte da sua carreira, na Seleção Brasileira, no próprio Flamengo, e como técnico e dirigente. Sempre solícito, Zico se tornou um grande amigo e jamais me negou uma entrevista. Um cara ético, transparente e competente, um ídolo mundial. Que Deus continue te abençoando com muita saúde, junto a sua linda família, e que você tenha muitos e muitos anos de vida. Obrigado pela amizade e por tudo o que fez e faz pelo futebol brasileiro e mundial.