As SAFs chegaram ao futebol brasileiro e eram a esperança de dias melhores, de administração perfeita e de muita qualidade. Porém, o que estamos vendo são os mesmos erros, repetidos ano após ano. Não há como negar que os modelos de SAFs de Cruzeiro, Botafogo e Vasco são as piores. Os novos donos, além de terem pago uma bagatela, o Cruzeiro custou R$ 400 milhões, o Vasco e o Botafogo R$ 700 milhões, instituições gigantescas que passaram por períodos de pré-falência e que foram adquiridas a preço de banana, não estão fazendo um grande trabalho.
Pedrinho, presidente do Vasco, clube que ainda detém 30% da SAF, diz que “não é consultado para nada e virou apenas presidente do clube social”. No Cruzeiro não é diferente, já que Ronaldo tem 70% da SAF, e ainda não pôs os R$ 400 milhões, prometidos na compra. Poderá fazê-lo em 6 anos, segundo consta no contrato. Por enquanto, administra o clube com os próprios recursos que entram no caixa.
Já o Botafogo é administrado pelo bilionário John Textor, que de bola nada entende, mas que adora “inventar” calúnias contra clubes sérios, como Palmeiras e São Paulo. Inconformado por ter perdido o Brasileirão na temporada passada, joga lama no ventilador, tentando agredir todo mundo. Deveria ser banido do futebol.
Não gosto da turma que comanda o Flamengo, mas, outro dia, o presidente Rodolfo Landim foi taxativo: “se o Flamengo se transformar em empresa, o que não é necessário, já que o clube é superavitário e não deve nada, o clube ficará com 70% e o investidor com apenas 30%. O comando do futebol será sempre do Flamengo”. Ele está certíssimo. Mesmo com os compradores tendo mantido os nomes dos clubes, a gente sabe que quem manda no futebol são as SAFs que têm mais de 51% dos clubes.
É o caso do Atlético. Os donos são Rubens e Rafael Menin, além de Ricardo Guimarães. Pelo menos é uma SAF de três apaixonados pelo clube, que são bilionários, e fazem tudo para ver o time campeão. Eles não trabalham para ter lucros e sim para conquistar taças. Com isso, trouxeram o torcedor para perto, deram casa própria ao Atlético, e sua equipe é sempre cotada a conquistar títulos importantes.
Sempre acreditei que as SAFs seriam a solução para o futebol brasileiro, mas percebo que algumas delas têm sido fracassos. CEOs que de bola nada entendem, divisões de base continuam sucateadas, vaidade acima de tudo. Na SAF do Bahia quem manda é o grupo de Abu-Dhabi, um fundo de investimento “trilhardário”, que comanda o Manchester City.
Na Inglaterra o dinheiro funciona e o City já ganhou cinco Premier League e uma Champions League. No Bahia, por enquanto, não está funcionando, pois o campeão baiano é o Vitória. Ter dinheiro nem sempre é sinal de bom investimento. É preciso conhecer a matéria prima, entender de futebol e ter as pessoas certas, nos cargos certos.
Não adianta um cara ter dinheiro, comprar um clube e por gente incapaz e inexperiente para comandar o futebol. O no Brasil ainda há um problema gravíssimo: quem manda no futebol, demite e admite técnico são as chamadas torcidas organizadas. Não adianta o clube ter um documento que indica um contrato de dois anos com o treinador. Se ele for mal em cinco jogos, a demissão é iminente.
A torcida do Cruzeiro, pelo menos 99% dela, sonha com a aquisição do clube por Pedro Lourenço, dono dos Supermercados BH, que não deixou o clube fechar as portas no momento mais crítico da história. Até alimentação na mesa de comissão técnica e jogadores ele pôs, pagou salários e deu patrocínio. Esse sim, um cruzeirense de verdade, que ama o clube, e tem o reconhecimento da China Azul. Não sei se ele teria interesse em comprar os outros 70%, pois suas empresas vão muito bem, obrigado, e ele trabalha muito.
Além de bilionário, Pedrinho é muito humilde e tem dado uma força incrível a Ronaldo. Eu gostaria muito de ver Ronaldo dando certo como gestor e até pedi crédito para ele, quando a torcida, revoltada pela péssima campanha, ano passado, pediu sua saída do clube. Porém, acho que ele se cerca de diretores sem a menor identidade com o Cruzeiro, que não conhecem a história desse gigante do futebol mundial. Se Ronaldo levar para a Toca dois ex-jogadores, ídolos, identificados com a torcida, não tenho dúvida de que o sucesso virá. Temos vários ídolos, como Sorín, Nonato, Alex, Roberto Gaúcho, todos cruzeirenses natos e competentes ao extremo. Garanto que o torcedor abraçaria essa ideia.
Seabra foi um acerto
A contratação de Fernando Seabra, ex-técnico da base cruzeirense, foi um acerto por parte da direção, que desistiu de contratar mais um argentino, o técnico da LDU. Seabra conhece a garotada e a estrutura do clube. Tem mais chance de dar certo do que qualquer “forasteiro”. Falei, no meu canal do Youtube, o nome de Jair Ventura, técnico do Atlético-Go, que faz grandes trabalhos por onde passa. É preciso valorizar a nova geração de técnicos e dar tempo para eles trabalharem. Se isso não acontecer, vamos viver de técnicos do passado e de estrangeiros nem sempre qualificados.