A CBF deu como data limite o dia 27 para os clubes decidirem pela paralisação do Brasileirão, em solidariedade aos nossos irmãos do Rio Grande do Sul, que vivem a maior tragédia, causada pelas fortes chuvas, que deixaram quase todo o estado sob as águas. O presidente da CBF está na Tailândia, onde vai participar do congresso da Fifa, que deverá definir o Brasil como sede da Copa do Mundo feminina. É uma de suas atribuições, mas, sinceramente, esperava que ele tomasse uma medida forte e anunciasse a paralisação da competição, pelo menos por 30 dias, assim como acontece com Grêmio, Inter e Juventude, por questões óbvias. O vice-presidente do Grêmio, assim como eu, ficou indignado em ter que esperar 14 dias para uma decisão.
A Liga Forte Futebol já sinalizou com 11 clubes querendo a paralisação imediata. Há vários clubes a favor da paralisação, e outros não. Tem gente oferecendo CTs para os clubes gaúchos treinarem. Como se fosse um passe de mágica para as pessoas esquecerem a tragédia. Há funcionários humildes, em cada clube, que perderam suas casas, seus parentes, uma vida. Há jogadores que têm parentes que perderam tudo. Não se vira uma chave do dia para a noite. É a maior tragédia do Estado do Rio Grande do Sul e as pessoas deveriam ter mais sensibilidade e coração, e não fechar os olhos.
Como são egoístas alguns dirigentes. O Clube Atlético Mineiro, nas figuras de seus donos, Rubens e Rafael Menin, e Ricardo Guimarães, fez um treino para seu torcedor e arrecadou R$ 660 mil e alimentos para doação aos gaúchos. Isso sim, um exemplo a ser copiado. Nessas horas é uma questão humanitária. “O futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida” (Arrigo Sachi). O Rio Grande do Sul continua com as águas subindo, cidades alagadas, gente desaparecida, outras que ficaram sem casa, carro, eletrodomésticos, não têm água potável. Talvez alguns pensem em levar vantagem técnica para dispararem na competição. Uma vergonha! São aqueles que acham que “ter é mais importante que ser”. O Flamengo, dos péssimos Landim, Bráz e Spindel, é uma das equipes que não querem parar. Que tristeza. A cada dia estou mais distante do meu time do coração, por tantos desmandos. Gente que quer levar vantagem a qualquer preço.
Os dirigentes se apossam dos cargos e se acham donos deles. Não percebem que estão presidentes e que em algum momento vão sair, alguns, pela porta dos fundos. Se paramos durante a pandemia, por que não parar, pelo menos 30 dias, até as coisas começaram a melhorar no Sul? Sei que a vida tem que seguir, independentemente da situação, mas não custa ter uma atitude digna, de solidariedade ao próximo. O futebol brasileiro está ficando nojento, com tantos dirigentes egoístas e mal preparados. Estamos na lama, tecnicamente, na arbitragem, nos estádios e, agora, com dirigentes desalmados! Não se esqueçam que tudo o que vai, volta. É a lei do universo. O mal que você faz a alguém hoje será cobrado lá na frente. Ninguém passa impune por essa vida.
Somos um povo apaixonado pelo futebol, mas precisamos entender as prioridades da vida. Neste momento, o que menos importa é o esporte bretão. Salvar vidas e reconstruir o Rio Grande do Sul é a meta. E que Deus ponha a mão sobre o Estado e faça com que as chuvas parem. Além disso, o frio intenso, que está chegando, maltrata os desabrigados e aqueles que estão em abrigos improvisados. Bebês, adolescentes, terceira idade, enfim, um sofrimento geral. O ser humano não deu certo, infelizmente. Sentimentos de egoísmo, egocentrismo, falta de humanidade. Felizmente há as pessoas do bem, que tem Deus no coração e que sabem muito bem o que significa uma tragédia dessas. Vamos continuar fazendo doações, em dinheiro, alimentos, águas, roupas, colchões, cobertores, roupas. Tudo será muito bem-vindo para o povo gaúcho. Que os clubes pensem melhor e resolvam anunciar esta semana que vão parar o Brasileirão. É o mínimo que se espera num momento tão grave quanto esse!