A condenação a oito meses de cadeia e proibição de frequentar estádios de futebol por dois anos, imposta pela justiça espanhola, a três racistas que praticaram tais atos contra Vinícius Júnior, no jogo em Valência, é apenas a vitória de uma batalha de uma guerra que está longe de acabar. A Real Federação Espanhola tomou a medida que deveria tomar e, pela primeira vez na história de um país tão racista quanto a Espanha, alguém é punido. Isso não apaga a dor e o sofrimento de quem sofre com esse preconceito, que pra mim é um dos crimes mais hediondos do planeta, mas já é o começo para acabar de vez com esse medonho preconceito. A Fifa, Uefa e Conmebol deveriam tomar medidas mais enérgicas. Na Libertadores, os crimes de racismo só crescem e ninguém é punido. Adorei a frase de Vini Júnior: “eu não sou vítima do racismo, sou algoz dos racistas”. Um algoz que tem o nosso apoio incondicional.

 



 

Brasil e Estados Unidos têm uma dívida muito grande com os negros. Na época da escravatura, foram os países que mais cometeram esse crime. O mundo anda doente e as pessoas parecem que estão afastadas de Deus. Ter preconceito por causa da cor da pele é desumano. O que vale é a nossa alma, não a cor de nossa pele. Somos todos iguais perante Deus e perante a lei. Pelo menos deveria ser assim, mas a gente sabe que não é. Outro dia, no Rio de Janeiro, uma racista chicoteou um entregador, que era negro. Ela parecia possuída. Ao ser presa, alegou ter problemas mentais. Virou moda no Brasil esse tipo de alegação. Problema mental nada, ela é ruim, má, asquerosa e racista, e deveria ter sido punida com os rigores da lei de um crime inafiançável.

 

Não faz muito tempo, num jogo em Moscou, um racista russo jogou uma banana para Daniel Alves, que atuava pelo Barcelona. O hoje condenado por estupro na Espanha, lateral-direito, abriu a banana e a comeu, mostrando que aquilo não o afetava. Cenas de gente imitando macacos, xingando jogadores na Europa e na América do Sul viraram recorrentes. Cenas degradantes, que nos envergonham e nos tornam seres desprezíveis. Converso muito com meu amigo Paulo César Vasconcelos, que foi editor do Jornal do Brasil e hoje trabalha no SportTV. Ele me disse: “Jaeci, por mais que tenhamos apoio dos brancos, só quem é negro pode sentir a dor do preconceito, do racismo”. Ele tem razão. Mas nós, que somos do bem, precisamos nos engajar nessa causa, que para mim é de todos nós. Não só o preconceito racial, mas o de sexo, de gênero, enfim. Nenhum tipo de preconceito deve ser admitido. A sociedade anda doente, parece estar cega, com um ódio inimaginável.

 

 

A frase de Vini Júnior deve ser a referência para todos nós. Assim como havia os algozes dos nojentos e asquerosos nazistas, temos que ter hoje mais algozes dos racistas. Chega de tolerar esse preconceito tão mesquinho, tão degradante, tão cruel. No meu programa, JaeciCarvalhoEsportes, no meu canal de YouTube, de segunda à sexta, às 7 da noite, abordei o tema e uma jovem mandou mensagem, dizendo que sofre o preconceito todos os dias. Não há como não nos emocionar com isso. Cheguei a chorar. Ela e os bilhões de negros do planeta são seres humanos e, como tais, merecem o respeito, o carinho, o amor. Cadeia aos racistas. Oito meses é pouco, mas já é um começo, uma luz no fim do túnel. Lamento que alguns jogadores brasileiros e negros, como Neymar, não entrem forte nessa causa, ao lado de Vini Júnior. Seriam mais vozes importantes no combate ao racismo e aos racistas. E estou com Vini Júnior e com todo o “povo preto”, como gosta de dizer meu amigo Paulo César Vasconcelos. E você, de que lado está?

 

 

Entrevista à CNN


Foi espetacular e exclusiva a entrevista de Pedro Lourenço ao apresentador do CNN Esportes, meu amigo João Vítor Xavier, jornalista com J maiúsculo, vice-presidente da Itatiaia. Pedrinho foi simples, como é, esclarecedor e mostrou o que pretende no Cruzeiro: títulos e taças, que é a história do clube azul. Era com o que sonhavam os 14 milhões de cruzeirenses, espalhados pelo mundo. Parte da entrevista está no meu canal de Youtube, numa cessão da CNN Brasil e João Vítor, a quem agradeço.

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