O Flamengo, considerado o time mais rico do Brasil e da América do Sul, sem dívidas e faturando R$ 1,6 bilhão por ano, tem, teoricamente, dois excelentes jogadores por posição e folha salarial na casa dos R$ 500 milhões anuais. Com isso, contrata quem quer e quem não quer, deixando seus pares na rabeira. Méritos para o Flamengo, que conseguiu sair de uma dívida gigantesca, se equilibrar e hoje tem receitas fabulosas.

 

O torcedor tem que agradecer ao ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo, que em seis anos saneou o clube e ganhou apenas a Copa do Brasil de 2013. A diretoria atual colhe os frutos com a conquista de taças. O Flamengo tem as maiores receitas em publicidade e já pensa em construir seu próprio estádio, no terreno do Gasômetro, para 100 mil torcedores. Particularmente, acho uma bobagem, já que o Maracanã atende muito bem com seus mais de 65 mil lugares. Caixa Econômica, dona do terreno, Flamengo e Prefeitura do Rio, negociam.

 



 

Até aí tudo bem, tudo certo. O problema é que o futebol brasileiro precisa impor limites, o chamado fair play financeiro, pois, sem ele, a disparidade vai ficar gigantesca, e dificilmente outro clube conseguirá as receitas, as contratações e o sucesso do rubro-negro.

 

 

Na Europa o fair play financeiro é cumprido à risca. O caso mais emblemático é do Barcelona, que foi obrigado a se desfazer do maior ídolo de sua história, Lionel Messi. O Barça havia ultrapassado o permitido, em salários e contratações. Se não se enquadrasse, sofreria sanções, entre elas, a possibilidade de rebaixamento.

 

Na Europa, os clubes são donos das Ligas, eles decidem seus destinos. As cotas de tevê são divididas de forma igualitária para os 20 clubes de cada divisão, e a outra metade do bolo de forma que premie o campeão, vice e por aí vai. Uma forma justa de equilibrar os clubes, embora ainda haja disparidade, pois Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester City, Manchester United e PSG têm mais dinheiro que os demais e formam verdadeiros esquadrões.

 

No Brasil, a maioria dos clubes está de pires na mão, com dívidas gigantescas e impagáveis. O Corinthians é o exemplo mais recente, com dívida na casa dos R$ 2 bilhões e, de forma irresponsável, está contratando. Se houvesse fiscalização rígida, não poderia contratar ninguém enquanto não solucionasse as dívidas. Os salários estão atrasados, os problemas se acumulam.

 

Mesmo os que se transformaram em SAF vivem momentos delicados, quitando dívidas altíssimas, casos de Atlético Mineiro e Cruzeiro, mas que estão se organizando para serem superavitários a médio prazo. A SAF do Vasco implodiu. O Botafogo tem em John Textor seu dono, mas ele não tem amor ao clube e sim aos lucros que poderá obter.

 

Classifico as SAFs de Atlético e Cruzeiro como as melhores do país, pois têm em seu comando, bilionários, apaixonados pelos clubes. Ao contrário dos demais, eles não querem lucros e, sim, troféus. Claro que, quando tornarem seus clubes independentes, financeiramente, terão lucro, mas isso fica em segundo plano diante da paixão deles e da vontade de ganhar taças.

 

O Brasileirão, a Libertadores e a Copa do Brasil, de uns anos para cá, têm se limitado a duas equipes: Flamengo e Palmeiras. O Atlético entrou na parada em 2021, ganhando o Brasileiro e a Copa do Brasil, e o São Paulo, ano passado, ganhou a Copa do Brasil. No mais, os outros times têm sido figurantes.

 

Este ano deveremos ter mais competitividade com o Bahia, que virou SAF e pertence ao grupo City, e o Athletico-PR, sempre bem gerido. É preciso que algum órgão regulador institua o fair play financeiro para que nosso futebol não se limite a dois ou três times a cada temporada, como em Espanha, França, Portugal e outros países menos votados. Que a Liga seja criada, os clubes repartam de forma igualitária a fatia da tevê e que a premiação e pay per view, aí sim, sejam por competência e colocação na tabela e no mercado.

 

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