A declaração do ex-presidente do Vitória, da Bahia, Paulo Carneiro, a um podcast em que disse que “fraudou um exame de urina para proteger o ex-jogador Mathuzalém, que, segundo ele, fumava maconha, e de que teria comprado um desembargador em um julgamento no Rio de Janeiro”, são gravíssimas e passíveis de apuração rigorosa. Eu sempre digo que o futebol brasileiro só é um mundo à parte na questão salarial absurda, pois está inserido no contexto de um país corrupto, violento e sem credibilidade internacional.

 

Se o próprio Paulo Carneiro se entregou e ficou desesperado ao saber que estava ao vivo, quem somos nós para duvidar da palavra dele. Não adianta vir com a desculpa de que isso foi tirado de um contexto ou coisa parecida. Falou, está gravado, na internet e ninguém apaga mais. Olha que ele já foi vereador e deputado estadual na Bahia. Veja nas mãos de quem o povo baiano esteve.

 



 

Como disse um telespectador do meu programa, JaeciCarvalhoEsportes, no meu canal de Youtube, “isso é apenas a ponta de um grande iceberg, que um dia será decifrado”. O presidente da CBF, por exemplo, comanda a entidade baseado numa liminar do ministro Gilmar Mendes. Segundo denúncias, “o escritório dele do filho prestam serviço a CBF”.

 

No mínimo, ele deveria ser impedido de julgar qualquer questão relativa à entidade. Até hoje, o pleno não se reuniu para julgar a questão, que deveria afastar o atual presidente da CBF. As denúncias de corrupção no futebol brasileiro vêm de muito tempo, mas tudo termina em “pizza”. Como disse a séria, transparente e melhor presidente de clubes de futebol do Brasil, Leila Pereira, “não há nenhum presidente de clube preso no Brasil”. É verdade. Tantas falcatruas já foram expostas e ninguém foi posto atrás das grades. Esse é o Brasil, onde quem tem dinheiro posterga prisão ou até mesmo nunca habita uma cela.

 

Por isso, nosso futebol está na lama em todos os níveis. No campo, nos péssimos dirigentes, na violência das chamadas facções organizadas, na arbitragem e na Seleção Brasileira. Tem certas convocações que o povo não aceita e começa e acreditar que empresários “é quem convocam”. Não acredito nisso com Dorival Júnior, mas já houve um treinador demitido, por suspeitas de favorecer um determinado empresário. Peguem a história recente e vocês verão quem é.

 

Várias matérias foram feitas nesse sentido. Há também um novo grupo de CEOs sérios, chegando aos clubes, para expurgar os péssimos dirigentes, amadores. Alguns dizem que dedicam 24 horas do dia ao clube, porque o ama, quando, na verdade, alguns têm interesses escusos e até se aproveitam das instituições, tirando vantagens. Não há mais espaço para esses caras. A hora é de profissionais preparados, transparentes e éticos.

 

Será que as autoridades não vão investigar e prender o ex-presidente do Vitória? Será que os tribunais de justiça do Rio de Janeiro não vão querer saber o nome do desembargador que, segundo Carneiro, teria ganhado “R$ 600 mil para ajudar o Vitória em um julgamento”? Se comprovada a veracidade do que disse Paulo Carneiro, é preciso por na cadeia o tal desembargador e o próprio denunciante. Vivemos dias tenebrosos no futebol brasileiro, que anda com a credibilidade arranhada. Para quem um dia teve o melhor e mais genuíno futebol do mundo, nos envergonha o momento em que estamos vivendo. Pobre futebol brasileiro, com tantos milhões espalhados pelos clubes e tão pobre na transparência, decência e qualidade.

 

Gol contra bizarro ou suspeito?

O gol contra, marcado aos 21 segundos do jogo entre Sport e Novorizontino pelo jogador Alisson Cassiano, do time pernambucano, está gerando suspeita por parte dos torcedores. Eu confesso que, trabalhando no futebol há 45 anos, nunca vi nada igual. O goleiro posicionado na meia-lua da área, sem o menor motivo, e o zagueiro atrasando a bola sem olhar. Para muitos, o gol contra foi “bizarro”, para outros, muito “suspeito”. Tirem suas conclusões!

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