O presidente Lula, em visita e BH, declarou que “o ex-campo do Galo é que era bom, pois no novo, o de hoje, pobre não entra mais, é tão chique”. Ele não mentiu, pois o povão, o pobre, o torcedor de verdade, não tem espaço na nova Arena, que está recheada de torcedores “modinha”, que vivem nos camarotes, com bebidas caras e pouco conhecimento de futebol. Já escrevi sobre isso. Não custava abrir um espaço de 5 mil lugares para privilegiar o torcedor de verdade, com ingressos a preços populares. Ter um estádio é o sonho de todo grande clube, mas é preciso entender a necessidade do verdadeiro torcedor, aquele que ganha salário-mínimo e não tem condições de pagar R$ 500 por um ingresso. O Flamengo, que vai construir um estádio para 80 mil espectadores, já fala em ter, pelo menos, 10 mil lugares para o torcedor raiz, o povão, o pobre mesmo. Não se deve desprezar aqueles que fizeram a história do clube, como o Atlético.

Sabemos que fazer futebol é caro, mas estourar no lombo do povo humilde e pobre e privá-lo de assistir aos jogos do seu time do coração é uma covardia extrema. O que custa aos donos do Atlético abrirem 5 mil lugares, com preços populares, para essa gente? Talvez pela falta do torcedor de verdade, a Arena do Atlético tenha um silêncio sepulcral, como me revelou um dono de um camarote, atleticano roxo, que não perde um jogo: “Jaeci, perdemos a nossa verdadeira torcida. Aquela que fazia um barulho infernal, que não perdia um jogo e que incentivava os jogadores. Hoje, temos um belo estádio, frequentado por ricos e por quem nunca torceu de verdade. Me arrependi de ter comprado camarote lá”. Ele prefere não ter seu nome revelado, mas falou uma grande verdade.

No mundo de celebridades e sub-celebridades, onde uns querem aparecer mais que os outros, realmente não há mais espaço para o povão. Uma triste realidade. Quem empurrou o Galo para os títulos mais importantes de sua história foi a massa, aquele cara dos bairros periféricos e não os milionários de Lourdes. No Mineirão ou no Independência, transformava os jogos num inferno para os adversários. Lembro-me da campanha da Libertadores, toda no Independência, quando o Galo virou placares “impossíveis” e chegou à final da Libertadores, que só foi disputada no Mineirão porque a Conmebol não permitiu no alçapão. Ali, sim, tinha o gosto, o cheiro, o grito do verdadeiro torcedor. Eu tenho elogiado a nova casa do Galo, por entender ser uma das mais modernas do mundo, mas os homens que comandam o clube deveriam ter pensado no pobre, no humilde, dando a eles um espaço. Não custa privilegiar quem sempre esteve ao lado do time, nos bons e maus momentos. O Atlético ficou 50 anos sem ganhar o Brasileirão, ficou até 2013 sem ganhar nenhum título de expressão, mas o verdadeiro torcedor jamais o abandonou. Não me lembro dos ricaços frequentando o Mineirão ou o Independência quando não havia camarotes.

Façam uma pesquisa entre os mais humildes, torcedores de verdade, e verão a carência deles em não poder assistir, in loco, ao time do coração jogar. Esse atual presidente da república não tem nenhuma credibilidade e está afundando o país, mas, ao lembrar que o pobre não pode mais ir aos jogos do Galo, falou uma grande verdade. Não custa nada os donos reverem um espaço no estádio, para abrigar essa gente humilde, que entende de futebol e que realmente faz a diferença. Talvez, com uns 5 mil lugares populares, a gente possa ouvir o grito dos alvinegros, que sempre foram temidos e elogiados. Perguntem aos adversários o que eles pensam da torcida alvinegra. A grande maioria vai dizer que ela é maravilhosa e que faz a diferença. Não essa torcida que tem frequentado a Arena nova, mas sim o torcedor de verdade. Que chora nas derrotas e sorri nas vitórias. Que não abandona o clube, e que deu um show ao cantar o hino do clube, no momento mais triste da sua história, no ano do rebaixamento. O Galo caindo e o torcedor, de verdade, chorando, mas cantando, com orgulho, o hino. Pensem nessa gente e abram espaço, com ingressos a preços populares, o pobre vai agradecer e fazer um barulho infernal, numa arena que parece viver um silêncio sepulcral.

 

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