Ednaldo Rodrigues é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e responsável pela gestão da Seleção Brasileira -  (crédito: MAURO PIMENTEL/AFP - 10/5/24)

Ednaldo Rodrigues é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e responsável pela gestão da Seleção Brasileira

crédito: MAURO PIMENTEL/AFP - 10/5/24

 

Vou escrever sobre um assunto polêmico, sobre o qual cada um tem a sua opinião, mas muito verdadeiro. Dos cinco títulos mundiais que o Brasil tem, todos foram conquistados por João Havelange (58-62-70) e outros dois pelo genro dele, Ricardo Teixeira (94-2002), quando foram presidentes da CBF. Hoje a entidade está abandonada, sem comando, sem representatividade. Havelange e Teixeira tiveram problemas com a Justiça, isso manchou suas histórias, mas, analisando como força na Fifa e com as confederações coirmãs, ambos eram imbatíveis.

 

 

Havelange dirigiu a Fifa por 24 anos. Pegou a entidade quebrada e a deixou com US$ 3 bilhões em caixa, mostrando competência e gestão. Ricardo Teixeira também pegou a CBF na lama e sem credibilidade; a deixou com bilhões em caixa. Não vou entrar no mérito das condenações ou banimentos do futebol. Estou abordando a questão técnica do nosso futebol com os dois.

 

No passado, tínhamos também jogadores com vergonha na cara, que encaravam os argentinos, saíam na porrada e ganhavam também na bola. Hoje temos um bando de “mimimi”. Quando perdemos a Copa América para a Argentina, em 2021, no Maracanã, logo após a derrota Neymar sentou-se ao lado de Messi, ficou rindo com ele e puxando o saco. Zico sempre foi amigo de Maradona, mas não teria essa atitude após a perda de um título.

 

Eu gostava era de Ronaldo Fenômeno, Romário, Ronaldinho Gaúcho e outros que faziam gols, ganhavam taças e iam pra gandaia. Perdi as contas de quantas noites estive com esses monstros sagrados do futebol na gandaia. Para voltar um pouco mais no tempo, Éder, Reinaldo e Mário Sérgio também eram geniais e jogavam demais. Gostavam da noite e correspondiam em campo. O torcedor brasileiro gosta é desses caras, não dessa geração Nutella.

 

Viramos chacota mundial com o “cai, cai” de Neymar na Copa da Rússia, com os penteados extravagantes que usava para chamar a atenção. Temos visto várias charges de jornais estrangeiros mostrando nossos jogadores com secador no cabelo, pintando-os, secando-os no vestiário. Tem um vídeo rodando na internet que mostra os campeões do mundo pelo Brasil, no ônibus, tocando samba, numa alegria incontida. E mostra também os atuais, secando os cabelinhos no vestiário.

 

Geração fraca de cabeça, fraca de futebol, que não representa o povo brasileiro jamais. Temos até jogador denunciado na Inglaterra, que corre o risco de ser banido do futebol, por suposta atuação para levar cartão amarelo e favorecer amigos em casas de apostas. Lucas Paquetá deveria ter sido cortado da lista para a Copa América ou nem ser convocado. Além, disso, não joga nada. Depender de Paquetá para ter criatividade é realmente esperar que o Sargento Garcia prenda o Zorro.

 

Tenho que assistir aos jogos da Seleção, pois faz parte do meu trabalho, mas, confesso que não tenho muito interesse. Não fui a Orlando, que fica a três horas de carro aqui de casa, nem à Califórnia ou a Las Vegas, para ver os jogos do Brasil. Essa seleção e essa gente que está lá não me representam.

 

Lamento por Dorival Júnior, íntegro, sério e competente, mas que está mantendo os fantasmas de Tite. Alisson, Danilo e Marquinhos. Danilo, como capitão, foi discutir com um torcedor após o vexame contra a Costa Rica, e o presidente da CBF nem se manifestou. Está tudo errado.

 

Salvam-se Vini Júnior, Endrick e Rodrygo, jogadores talentosos, que nos lembram os ídolos do passado. Há outros bons jogadores, menos votados que também merecem estar na Seleção. Porém, a maioria é medíocre e ruim. A realidade é uma só: o povo brasileiro prefere os baladeiros, gandaieiros e ganhadores de taças. Quem viu, viu, quem não viu, acabou.

 

O Brasil não ganhará uma Copa do Mundo tão cedo. Podem anotar aí. Estamos na lama na política, na economia, educação, segurança, saúde e por fim no futebol, que nos orgulhava. Nesta segunda-feira, completaremos 10 anos do nosso maior vexame, os 7 a 1, impostos pela Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo do Brasil. Vou abordar o tema. Enquanto escrevo mais uma linha, “gol da Alemanha”.