A Seleção Brasileira já não impõe respeito como já foi no passado e fica cada vez mais distante da torcida -  (crédito: CBF/Divulgação)

A Seleção Brasileira já não impõe respeito como já foi no passado e fica cada vez mais distante da torcida

crédito: CBF/Divulgação

 

Há tempos a Seleção Brasileira não protagoniza mais nada. Para ser mais exato, nossa última participação em Copa do Mundo com uma seleção de craques foi em 2006, na Alemanha, quando ainda tínhamos Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, Kaká, Cafu e Roberto Carlos. Mesmo assim, caímos nas quartas de final para a França, com aquele gol de Henry, em falta cobrada por Zidane.

Em 2010, sucumbimos para a Holanda. Em 2014, o maior vexame do esporte mundial, os 7 a 1 impostos pela Alemanha, em pleno Mineirão, na semifinal. Em 2018, eliminados pela Bélgica, e, em 2022, pela Croácia, ambas as seleções de segunda linha do futebol mundial.

Coincidência ou não, os técnicos de 2007 para cá foram todos gaúchos. Dunga, Mano Menezes, Felipão, Dunga (outra vez) e Tite. Talvez esteja aí a explicação para o nosso futebol ter sido jogado na lama. Não vai aqui nenhuma xenofobia contra os gaúchos, mas apenas uma constatação de um futebol de força, de pegada, de marcação, de porrada. A técnica para eles fica em segundo plano, exceto quando se tem talentos como em 2002, quando ganhamos o Mundial na Ásia e Felipão era o treinador.

Quando vejo que sete jogadores que envergonharam o povo brasileiro nos 7 a 1 ainda estão em atividade no nosso futebol, percebo o quanto estamos atrasados e inertes. Davi Luiz (Flamengo), Marcelo (Fluminense), Fernandinho (Athletico), Paulinho (Corinthians), Luiz Gustavo (São Paulo), Bernard e Hulk (Atlético Mineiro) sujaram a gloriosa história da camisa amarela, mas continuam ganhando milhões e sendo ídolo dos torcedores.

Aliás, de uma geração “nuttela” que não sabe o que é futebol de verdade, pois nasceu no meio do caos em que se transformou o nosso futebol. Quem assistiu a Eurocopa percebeu que as seleções medianas da Europa têm organização tática impecável, e o quanto nossos treinadores estão atrasados.

Quando tínhamos dois craques por posição, superávamos os europeus na técnica. Como não temos nem um craque atuando no nosso futebol, e apenas Vini Júnior, na Espanha, a gente percebe que qualquer adversário organizado nos derruba com facilidade. Nossa participação na Copa América foi pífia, com três empates, um deles contra a inexpressiva Costa Rica, e apenas uma vitória sobre o péssimo Paraguai.

Estamos agonizando faz tempo, com futebol pobre, abaixo de qualquer crítica, e nenhuma equipe referência que possa nos encher os olhos, nas competições nacionais e internacionais. O Flamengo, clube mais rico do país, não é um time confiável, haja vista os tropeços que sofre no Brasileirão, contra equipes fracas. Pode até ser campeão pelos valores que têm, mas não pratica aquele futebol que gostaríamos.

O Palmeiras é bem mais organizado, pois tem um treinador europeu, que conhece do riscado. Há muito tempo estamos “barrados no baile” e não protagonizamos mais nada. Somos apenas participantes nas competições e a distância do torcedor para o time canarinho é abissal. De cada mil mensagens que recebo, 999 dão conta de que os torcedores não querem mais saber da Seleção Brasileira, tamanha a decepção das últimas décadas.

Vamos completar o mesmo período do último jejum sem ver o caneco: 24 anos. Ficamos de 1970 à 1994 sem ganhar nada. E, em 2026, igualaremos esse tempo, com um pequeno detalhe: não iremos ganhar a Copa do Mundo. Não temos técnico, time e grupo para isso. Temos uma entidade péssima, cujo presidente é mantido no cargo por uma liminar dada pelo ministro Gilmar Mendes, que, segundo denúncias, tem o escritório de seu filho prestando serviços para a CBF. Uma vergonha.

Não vejo luz no fim do túnel, a não ser que voltemos a investir nas divisões de base, pondo lá gente qualificada para peneirar os garotos, lapidá-los e mandar para os times profissionais os melhores, como era no passado. Hoje, vivemos de repatriar ex-jogadores em atividade na Europa, que dão certo no Brasil.

Hulk, por exemplo, teve 49 jogos oficiais pela Seleção Brasileira e não conseguiu marcar um gol sequer. Tem 11 gols em amistosos. Esse é o nosso nível, mas para o futebol que agoniza, eles servem e são ídolos. Realmente, estamos na contramão da história.

Quando a Europa manda um jogador embora, é porque já chupou todo o caldo da laranja e mandou pra nós o bagaço. Dura e triste realidade, que só não enxerga quem não quer. Estamos barrados em todos os bailes, somos apenas coadjuvantes, numa engrenagem podre, cheia de denúncias e falcatruas, onde o que menos importa é a arte, o toque, o drible, o gol. Na festa do futebol atual, o único país pentacampeão do mundo, está barrado.