Gosto de dirigentes que dão a “cara a tapa”, principalmente nos momentos mais difíceis do clube. Aqueles que só aparecem nas horas das conquistas são oportunistas e aproveitadores. Nesse quesito, conheci alguns que admiro e por quem tenho profundo respeito. Entre eles, o eterno presidente Elias Kalil e seu filho, o mais vencedor da história do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil.
Gosto de citar os títulos mais importantes: Libertadores'2013, quando o Galo virou placares “impossíveis”; Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil de 2014. Depois de 40 anos sem pôr uma taça em sua galeria, o Atlético colocou um montão. Detalhe mais importante: com pouco dinheiro, gestão austera, onde não se comprava um sabonete sem o comandante assinar. Com ele, colaboradores maravilhosos, como Rodolfo Gropen, Daniel Nepomuceno, Lásaro Cunha e Adriana Branco, fieis e leais, além de extremamente competentes.
O futebol brasileiro está carente de grandes dirigentes. Aliás, o Brasil está carente de tudo. Não há ídolos na política, na música – exceto o “rei” Roberto Carlos –, no automobilismo, no futebol, na arbitragem e, ontem, perdemos o maior comunicador da história da TV mundial: Sílvio Santos. Quem não cresceu vendo Sílvio aos domingos, comandando o “Qual é a música” e tantos outros quadros maravilhosos, que marcaram época?
Kalil deu uma bela entrevista ao Estado de Minas. Disse: “Fui campeão sem ajuda de mecenas e baguncei a sala de troféus do Atlético, pois ali não entrava uma taça havia 40 anos. Ganhei três Mineiros, uma Libertadores, Copa do Brasil e Recopa, além de outros títulos”.
Está certíssimo. Contratou a cereja do bolo, o gênio, Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores jogadores que o planeta bola já viu, e tornou aquele Atlético inesquecível. Até Bernard e Jô jogaram bola, comandados pelos geniais R10 e Diego Tardelli – os craques da equipe.
Kalil é o tipo do cara ame ou odeie, pois as pessoas não gostam de quem é verdadeiro, não “passa pano” e põe a cara a tapa, seja em que situação for. Fez bem maravilhoso aos torcedores do clube e aos jogadores. Nem precisava assinar papel. O que ele tratava, cumpria à risca, aquele negócio de “fio do bigode”, que esta geração parece desconhecer.
Kalil disse que não voltaria ao futebol, pois “dirigente também envelhece”. Discordo veementemente. Kalil poderia ser o presidente da CBF, pois o futebol brasileiro precisa de alguém como ele. A idade é apenas um número, pois a cabeça dele é bem jovem e, como os grandes gênios, pensa 20 segundos na frente dos seus pares, como fazia o genial Reinaldo, um dos maiores que vi jogar.
Gosto de dirigentes que olham nos olhos, debatem, ficam putos da vida com a gente, mas reconhecem críticas e sabem que isso os ajuda a construir. Assim como Francisco Horta, Márcio Braga e Elias Kalil, você, Alexandre, é um dos meus ídolos. Podem não gostar de você, mas sua história e de seu pai no Clube Atlético Mineiro ninguém vai apagar. É como diz a juventude, “atura ou surta”.
Meu caro, me ouça. Sei que o governo de Minas lhe espera, mas pense com carinho sobre a possibilidade de assumir a CBF. Estamos sem representatividade lá. Você, com seu carisma, história e competência, faria um bem danado ao combalido, quebrado e péssimo futebol brasileiro. Precisamos resgatar o que já tivemos de melhor, e seu saudoso pai montou o maior time da história do Galo, você e a torcida sabem disso. Apoio Alexandre Kalil como presidente da CBF, e você?
Sílvio Santos
Eu o conheci, pessoalmente, na Copa da Alemanha, em 2006, no hotel em que estávamos hospedados, em Munique. Nunca fui tímido, mas diante daquele homem fiquei reticente. Um gênio, o maior apresentador da TV mundial. Ele estava tomando café da manhã com a esposa. Eu me apresentei, ele se levantou, me deu um abraço e trocamos meia dúzia de palavras. Foi o suficiente para passar um filme na minha cabeça e lembrar de quantos domingos, ao lado da minha mãe, eu assisti àquela lenda. Obrigado por tudo, Sílvio Santos. Você é insubstituível, amado pelo Brasil e deixa um legado gigantesco. Descanse em paz e que Deus conforte o coração da família.