O clássico entre Cruzeiro e Atlético, sábado, no horário indecente, pela falta de estrutura das grandes capitais, sem metrô, sem segurança e sem transporte público de qualidade, mostrou o que há de pior no futebol brasileiro. Duas equipes com medo de perder e, como diz o maior vencedor do Brasileirão, com cinco taças, Vanderlei Luxemburgo, “o medo de perder tira a vontade de ganhar”. Foi o que demonstraram Raposa e Galo, num jogo de uma intermediária à outra, sem inspiração, exceto por um ou outro lance. Alguns apontaram Cássio como o nome do jogo, mas eu não vi dessa forma. Ele fez as defesas que tinha que fazer, assim como Everson salvou seu clube da derrota naquele chute de Arthur Gomes, cuja bola ainda bateu na trave. O Cruzeiro vinha praticando futebol de primeiríssima linha, mas caiu nos dois últimos jogos, mesmo sendo franco favorito. Com mais time, mais técnico, mais grupo e mais bem posicionado na tabela, não havia dúvida de que tinha todas as chances de vitória, mas, para isso, era preciso arriscar mais.

Entendo que Matheus Pereira é um excelente jogador, mas ele se acha o “Zidane”, em determinados jogos, e se desliga. Precisa correr mais, pensar mais o jogo e municiar melhor os seus companheiros de ataque. Desiste das jogadas com muita facilidade, como se não fosse obrigação, no futebol moderno, pelo menos, fechar os espaços. Muita gente anda reclamando de Kaio Jorge. Realmente ele não está bem, mas é preciso dar tempo a determinados jogadores. Eu avisei, lá atrás, que nem todos estarão no ritmo desejado. Qualidade ele tinha na época do Santos, resta saber se voltará a ter aquele futebol. Ficou 16 meses parado, por uma grave contusão no joelho, mas a medicina evoluiu muito e esse não deve ser o problema, já que estava atuando na Itália. Vejo o Cruzeiro como via há alguns dias: um time sólido, consistente e muito bem treinado. Perdeu 3 pontos para o Fortaleza, que assim como ele, disputa a taça, e para o Galo, que é um rival, e, mesmo não praticando um bom futebol, no momento, é sempre difícil de ser batido. O time azul continua disputando o troféu, pois todas as equipes ainda vão tropeçar, e muito.

Já o Atlético, sem Hulk, perde muito em seu ataque. Me arrisco a dizer que ele é meio time. Posso ser contestado por muitos, mas não acho o Atlético uma grande equipe. Tem jogadores bem medianos. Destacam-se Hulk, Paulinho, Arana e Everson. No mais, não vejo tanta qualidade. Me apontem qual jogador atleticano seria titular no Flamengo, por exemplo, que para mim é mal treinado e não é referência. A saída de Rodrigo Caetano foi um desastre, pois era um dos poucos que entendia de futebol e que tinha jogadores do mundo todo mapeados e com trânsito internacional. Victor é ídolo da torcida, mas ainda tem muito o que aprender nesse novo ofício. As contratações feitas mostram que ele não acertou e que levou para a Cidade do Galo, jogadores apenas medianos. Como está na Copa do Brasil e Libertadores, que são competições mata-matas, o Galo tem chance de avançar, mas no Brasileirão, para ganhar a taça, esqueçam.

Minha pergunta ao torcedor é a seguinte: até quando você vai pagar ingresso para ver jogos ruins, fracos e sem a menor qualidade técnica, como vimos no sábado? Vale a pena largar sua família em casa, gastar um dinheiro que vai fazer falta no orçamento doméstico, correr risco de morrer num país e num horário indecente para ver aquilo que vimos no clássico? Esse fenômeno de estádios cheios com jogos ruins é explicado pela carência do torcedor, que não tem mais craques, times referências ou coisa parecida. Os jogos são sofríveis, sem qualidade técnica, sem tabelas, dribles e gols. Enquanto isso, a CBF enche seu cofre de dinheiro, se lixa para o povo e para os seus filiados. E os dirigentes, que se acham donos dos clubes que não são SAF, são um câncer no nosso futebol. Muitos, segundo denúncias, estão ricos e os clubes falidos. Pense bem, torcedor, no país da mentira, corrupção, insegurança, sem saúde e investimento no esporte, guarde seu dinheiro para o teatro ou outro divertimento. O que praticamos no Brasil, atualmente, é tudo, menos futebol. Basta que você assista a um jogo da Europa, numa tarde, e depois, à noite, veja uma partida do futebol brasileiro. Você perceberá o abismo entre um e outro!

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