Segunda-feira, dia 26, me coloco diante da TV para assistir ao jogo entre Vasco e Athletico. Lá pelos 25 minutos, falta para o time carioca, na intermediária do adversário. O francês Payet se encarrega da cobrança e eu imagino que vai lançar a bola na área, onde havia, pelo menos, seis jogadores do seu time. Ao contrário disso, ele cobra a falta para o lateral-esquerdo, que também não alça a bola na área e prefere recuar para um zagueiro, no meio-campo, e daí ele recua para o goleiro vascaíno. Onde iremos chegar com esse futebol praticado no Brasil. O objetivo do esporte bretão é o gol, a vitória, a arte, o drible, o toque, mas os jogadores atuais preferem tocar a bola para trás. Isso tem sido recorrente em todos os jogos dos nossos campeonatos, ou seja, ser jogador de futebol hoje é a coisa mais fácil do mundo, pois basta ficar recuando bola, deixando o tempo passar, e ir ao banco engordar a conta bancária a cada mês.

 

Confesso a vocês que militando no esporte há 45 anos nunca vi tanta mediocridade de técnicos e jogadores, que “tem medo de perder e perdem a vontade de ganhar”. O futebol dos grandes jogadores sempre foi pra frente, em busca do gol. E tem um detalhe: quanto mais você recua a bola para o goleiro, mais o adversário estará perto do seu gol, e com possibilidade de marcar. Você está atraindo seu rival para a sua área. O Fluminense se gabou de ter trocado dezenas de passes em sua área, contra o City, na final do Mundial.

 



 

Enquanto isso, o time inglês, enfiou 4 no balaio do tricolor e ganhou a taça. Fernando Diniz, então técnico do clube, disse: “estou orgulhoso de termos tocado a bola e termos ficado com a posse maior que o City”. “Bobinho ele”, pois o time comandado por Guardiola jogou em ritmo de treino e não enfiou 8 por que não quis humilhar o oponente. Não concordo com essa filosofia de posse de bola. Não adianta ficar com a bola 87% do tempo de jogo, e o adversário ir lá e enfiar um ou dois gols. Futebol é bola na rede, qualquer coisa fora disso é balela de treinador, que acha que inventou o esporte bretão, e Diniz, é um desses. O zagueiro está apertado na saída de bola, dá um chutão pra frente, que seu gol não estará ameaçado. Ao recuar para o goleiro, só vai se complicar e correr riscos desnecessários. Lembram-se da frase, “bola pro mato que o jogo é de campeonato”? Pois é exatamente isso que os técnicos deveriam passar aos seus atletas.

 

Outra coisa que está nojenta no futebol é quando um jogador toca a mão no peito do adversário, e este põe a mão no rosto, simulando uma agressão, para tentar tirar vantagem e pedir ao árbitro que expulse o “agressor”. Ora, meus amigos e minhas amigas, temos, hoje, 30 câmeras nos estádios, que flagram tudo. Esse tipo de simulação deveria ser punido com o cartão amarelo, pois além de ter um caráter antidesportivo, joga a torcida contra os árbitros. Não entendo o motivo de a maioria aceitar passivamente tal atitude. Em todos os jogos isso têm acontecido. Simulações desse tipo são recorrentes no futebol brasileiro. Peguem jogos das décadas de 1980, 1990, e começos do ano 2000, e veremos que essas situações não existiam, pois no passado tínhamos jogadores de verdade, alguns craques, comprometidos com a arte, o toque, o drible, o gol. Hoje, temos uma safra muito ruim, viciada em simulações, em atitudes que não condizem com o único futebol pentacampeão do Planeta Bola.

 

Por mais técnicos competentes, de qualidade e que entendam que o gol é o objetivo maior do futebol. Por mais jogadores comprometidos com a decência, honradez e respeito aos companheiros de profissão. Chega de simulações, de bolas voltadas para trás. Queremos ver tabelas, dribles e gols. Parece que driblar no futebol de hoje é proibido. Chega, queremos ver a bola rolar, pelo menos, 90% dos 90 minutos. No Brasil a média está abaixo dos 45 minutos, o que é uma grande vergonha. O fundo do poço já está aí para quem quiser enxergar. Mais um empurrãozinho e o nosso futebol estará acabado.

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